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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Samuca conquista nota máxima no humor gráfico

Único pernambucano consagrado pelo HQMIX 2010, com o livro Sem palavras, cartunista do Diario recebe prêmio em evento festivo hoje, em São Paulo
Por André Dib - Diário de Pernambuco
Samuel Rubens de Andrade, o Samuca, é o único pernambucano premiado pelo HQMIX 2010. Seu último livro, Sem palavras, foi considerado a melhor publicação de cartuns do último ano. Ao lado de artistas consagrados como Craig Thompson, Robert Crumb, Angeli, Fernando Gonsales e Marcelo Quintanilha, Samuca recebe o troféu hoje à noite, em evento festivo no Sesc Pompéia (São Paulo), apresentado por Serginho Groisman, padrinho do HQMIX.

Os homenageados são Laerte, que ganha o título de grande mestre e Zetti, que por décadas foi a diretora do Salão Internacional de Humor de Piracicaba e no início do ano foi exonerada do cargo. Pela primeira vez, a cerimônia será transmitida ao vivo pela internet, via Blog dos Quadrinhos.


Organizado pela Associação dos Cartunistas do Brasil -ACB e do Instituto Memorial de Artes Gráficas do Brasil - IMAG, o HQMIX está em sua 22ª edição e é considerado o prêmio máximo dos quadrinhos no Brasil. "A produção de humor e quadrinhos vem crescendo a ponto de hoje haver mais de mil novos títulos por ano. No meio de tantos lançamentos, se um se sobressai é porque teve impacto", afirma JAL, um dos idealizadores do HQMIX.


Lançado em abril de 2009, Sem palavras (R$ 20) reúne 90 cartuns de Samuca, boa parte publicados no espaço dedicado a esse gênero do humor gráfico no Caderno Viver. Viabilizada com recursos do Funcultura, o livro foi eleito por uma comissão formada por desenhistas, professores, pesquisadores e jornalistas especializados. "Geralmente os cartuns ficam restritos a salões de humor ou a páginas da imprensa. Além de premiar Samuca, cujo trabalho é reconhecido nacionalmente, esperamos incentivar outras publicações como esta", diz JAL.


Este não é o primeiro HQMIX de Samuca. Em 1999 ele faturou o prêmio com seu livro de estreia, A vida por uma linha. Humor no fim do século e Ragú Cordel, projetos coletivos com sua participação, também receberam o prêmio. Sua carreira, no entanto, remonta à adolescência - ele começou com auxiliar de Romildo Araújo Lima, o RAL."Nessa época mandei um cartum para um salão e depois eu soube que Jaguar disse que Antônio Nassara estava fazendo escola", diz Samuca. Ainda criança, ele admirava o traço de Renato Canini, que não criou, mas é considerado o pai do Zé Carioca. "Ele chamava minha atenção porque criava personagens engraçados e fazia cartuns dentro das histórias".


Das páginas do jornal para as do livro, a perenidade dos cartuns de Samuca adquire o espaço ideal. Chargista do Diario desde 2005, ele conhece bem a natureza das duas modalidades de humor. "Com o tempo as charges perdem a atualidade. Com o cartum é o contrário. Sua linguagem universal funcionam em qualquer contexto ou época". Outro ponto importante é o poder de comunicar em apenas uma imagem. Se numa tirinha há espaço para tese, antítese e síntese, no cartum é preciso contar com o poder de conclusão do leitor. Ou seja, provocar a imaginação. Gerar identificação. Relativizar o ponto de vista. Num tempo em que há cada vez menos motivos para rir, o traço simples e precisode Samuca é um aliado e tanto. 

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