Por Marcus Ramone - UHQ (22-11-2010)
Os super-heróis da vida real, que desde a década passada vêm surgindo em vários lugares do mundo, já estão sendo acompanhados com preocupação pelas autoridades dos Estados Unidos, país onde está concentrada a maior parte desses vigilantes mascarados.
Muitos deles são registrados em um site que, dentre outros serviços prestados, vende apetrechos leves de combate urbano.
Somando-se a isso a ousadia que eles demonstram fazendo o trabalho da polícia ao patrulhar as ruas e confrontar criminosos sem autorização legal ou treinamento adequado, o que poderia ser brincadeira ou apenas vontade de fazer o bem se tornou um problema de ordem pública.
Embora "super-heróis" como o Capitão Jackson se limitem a tirar bichanos das árvores ou promover coletas de alimentos para os mais necessitados - assim como fazem os integrantes do grupo Super-heróis Anônimos, que distribuem comida aos moradores de rua de Nova York -, há tipos como o Cidadão-Modelo, que já foi advertido pela polícia de Phoenix, Arizona, para deixar as armas de lado e se registrar como colaborador voluntário.
Nas últimas semanas, novos casos de vigilantismo têm sido revelados pela imprensa norte-americana.
Em Rain City, Seattle, pelo menos dez "super-heróis" formaram uma equipe - o Movimento dos Super-heróis de Rain City - que faz rondas noturnas na cidade para prevenir crimes e combater criminosos de qualquer espécie.
O que assusta ainda mais a polícia é o fato de que eles alegaram ter treinamento militar e de artes marciais.
A população da cidade foi alertada para não envolver os pretensos paladinos da justiça em ocorrências policiais, reiterando que o vigilantismo não é encorajado pelas autoridades e o chamado de emergência 911 continua sendo o meio mais correto e seguro de solicitar ajuda.
Segundo o jornal Seattle PI, o Movimento dos Super-heróis de Rain City está de fato interferindo no trabalho da polícia, que já identificou os codinomes dos fantasiados (Espinho, Corça Selvagem, Ceifador Esmeralda, Gemini, Nenhum Nome, Catástrofe, Trovão 88, Penélope, Entomo e Phoenix Jones), mas não sabe - ou prefere não revelar ainda - suas identidades verdadeiras.
Mas não é o que o grupo pensa. "O que o movimento está fazendo é dar novamente a todos a esperança, mostrando que ainda há gente lá fora - pessoas comuns, apesar da aparência - disposta a trabalhar com a polícia para protegê-los", disse Entomo ao SPI. "A inspiração desempenha um papel importante nisso, é claro. Você pode inspirar as pessoas a acreditar em um símbolo", completou.
A interferência da polícia é justificada. Para todos os efeitos, pessoas mascaradas andando à noite pelas ruas, portando ou não armas - ou algo que possa ser usado como uma -, tornam-se motivo para desconfianças. Se com a melhor das intensões esses "super-heróis" oferecem um perigo real, nada garante que entre eles não exista um "supervilão".
Na verdade, há um vilão nessa história. Mas a humanidade, pelo menos por enquanto, pode se sentir segura, pois somente o vigilante Lebre Sombria, de Cincinnati, Ohio, tem com o que se preocupar.
O jornal The Inquisitr revelou que Lebre Sombria, líder da superequipe Aliança de Heróis - composta também por Aclyptico, da Pensilvânia; Trepadeira-Azul, diretamente do Colorado; Mestre Lendário, que vive na Flórida; e o californiano Sr. Extremo -, anda armado com spray de pimenta, taser e algemas, se locomove com um Segway e ignora as advertências da polícia de que pode se machucar ou pôr em risco as pessoas que deseja proteger.
O pouco que se sabe a seu respeito é que tem 21 anos de idade e está sob o ataque de um "supervilão" conhecido apenas por E, do Consórcio do Mal.
Desse o ano passado, esse ferrenho inimigo está oferecendo a aviltante quantia de dez dólares para quem descobrir a identidade secreta de Lebre Sombria, como revelou o site TMZ.
Quem vem acompanhando o imbróglio pela grande rede garante que a diversão é garantida.
De Milwaukee, com o Watchman - na ativa desde janeiro de 2010 -, até a Virgínia, onde atua o assustador Cara de Traça, continuam se espalhando pelos Estados Unidos aqueles que, sem medo do ridículo, se aventuram a combater o mal vestidos com uniformes esquisitos e usando codinomes infames.
No entanto, por mais cômico e inocente que possa parecer - menos para a polícia, que tenta, mas não pode fazer muito contra práticas sobre as quais não existem leis específicas -, é preciso entender que os super-heróis do mundo real levam bastante a sério o que fazem.
E é nesse ponto que reside o perigo. Para eles e quem mais estiver por perto, sejam malfeitores ou não.
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