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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Não é que a PANINI nos descobriu!


Fonte:Panini
18/10/2010 15:01:20

Segundo volume de álbum da Turma da Mônica por outros artistas é tão bom quanto o primeiro


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DJOTA CARVALHO
Especial para Agência Anhanguera

Mauricio de Sousa acaba de reescrever um velho ditado. Em se tratando de MSP50, a coletânea de histórias com personagens do pai da Mônica escritas e desenhadas por outros artistas, um foi pouco e o dois é demais! Explica-se: MSP50 Artistas, lançado em 2009, foi um projeto revolucionário que deixou o leitor de boca aberta. Palavras como “obra-de-arte” e “maravilhoso” foram pouco para descrever a sensação de ver personagens tradicionais como Mônica, Horácio, Chico Bento e até Bugu e Capitão Feio nos traços —e ideias— de Laerte, Spacca, Angeli, Fábio Moon e Gabriel Bá, Orlandeli, Jean Galvão, Dalcio, Salimena, Yabu, Julia Bax e tantos outros. Pois passado um ano, novamente o leitor fica sem fôlego ao se deparar com a beleza incomparável deMSP+50 Artistas, nova coletânea recém-lançada pela Mauricio de Sousa Editora/Panini Books.

Incomparável até porque não se trata de continuação e seria injusto (e impossível) comparar o primeiro com o segundo livro. Neste MSP+50 Artistas, como elucida o próprio nome, outras cinco dezenas de cartunistas receberam oportunidade e total liberdade de criação para, literalmente, pintarem e bordarem com os personagens do Walt Disney brasileiro. Com isso, apenas em uma coisa se repetiu, ainda que de maneira distinta: o resultado excepcional.

“Muitos talentos ficaram de fora do primeiro livro e manifestaram abertamente o interesse de participar de um segundo álbum, então logo após o primeiro lançamento já comecei a rabiscar uma lista de candidatos”, conta Sidney Gusman, idealizador do projeto e responsável pelo planejamento editorial da Mauricio de Sousa Produções. A linha guia do segundo livro, assim como a do primeiro, foi a de privilegiar a diversidade.

“Era preciso equilibrar o conteúdo com artistas consagrados ou iniciantes que trabalhassem em diferentes estilos, como super-heróis, tiras, quadrinho europeu, terror ou humor. E que publicassem, no Brasil ou no exterior, em jornais, álbuns, revistas independentes, na internet”, diz, destacando que artistas de 16 estados brasileiros estão em MSP+50. Três destes artistas, por sinal, abrem o álbum com uma história diferenciada das demais, dividida em três partes.

Em Sessão da Tarde, Mateus Santolouco, Rafael Albuquerque e Eduardo Medeiros relatam, cada um com seu traço, uma aventura deliciosa da turminha na qual os personagens principais se conhecem pela primeira vez —e aprontam muito— na escola. Seguem-se a esta primeira HQ muitas outras e citar umas deixando outras de fora é uma injustiça a ser cometida no próximo parágrafo.

Há a histriônica participação de Bugu na casa do Big Dog Brasil (com roteiro e arte de Roger Cruz), o amor adulto e em sequência invertida de Cebola e Mônica (Rogério Vilela), a melancólica descoberta da piscina do bairro feita por Cascão (André Kitagawa), a redescoberta das cores da infância de um desanimado e jovem adulto Cebola (Mário Cau), a edificante aceitação de si mesma que Pipa faz ao descobrir o amor de Zecão (Fernanda Chiella), o terrir de Penadinho e companhia no traço delicioso de Danilo Beyruth, o Piteco que ajuda um amigo a satisfazer o desejo da esposa grávida no desenho e humor únicos de Fábio Ciccone, o programa de auditório estilo Márcia que se propõe a debater os problemas psicológicos de Mônica e Cebolinha (Pablo Mayer), o simpático sorriso de platina do Franjinha de Marcelo Braga, a alternância entre adultos em traço arrojado e crianças cativantes na imaginação de Cebolinha e Cascão disputando uma partida de futebol (Chico Zúlio), a lisérgica aventura estilo Alice no País dos espelhos de Nicolosi e a reconfortante metáfora do bicho-papão na qual Romahs envolve os Sousa, Mônica, Tina, Rolo, Capitão Feio... E há mais, muito mais.

MSP+50 tem 216 páginas (formato de 19 x 27,5 cm, colorido, papel couchê) e pode ser encontrado a R$ 98 (capa dura) ou R$ 59 (cartonada).

Vale cada centavo e, mais uma vez, deixa gosto de quero mais. Que vai ser atendido, claro: Sidney Gusman já informou em seu twitter que está selecionando novos autores para um terceiro livro, que não será a única novidade: um projeto futuro prevê graphic novels com os personagens, também produzidas por outros artistas brasileiros.

Interior está representado no álbum

“MSP50” teve em suas páginas uma engraçada charge com Chico Bento e Zé Lelé produzida pelo cartunista Dalcio Machado, da Agência Anhanguera de Comunicação. Em “MSP+50”, mais uma vez o Interior está bem representada. A poética história “Para estar junto” é de autoria de Mário Cau, que criou roteiro e desenhos, e ainda contou com uma força de outro artista, Caio Yo, um dos vencedores do 1º Salão Internacional de Humor de Campinas, para colorir suas artes.

“O convite veio pelo Sidney Gusman, editor do livro. Ele me ligou num belo dia e convidou. Foi uma coisa surreal. Até agora eu não sei se acredito que tudo isso realmente aconteceu. É fantástico”, diz Cau. Ele revela que uma conversa inicial com Gusman havia ocorrido em 2009 no Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) de Belo Horizonte. “Estávamos eu, ele, Ila Foz, Pablo Mayer e Diogo César conversando sobre o ‘MSP50’, o primeiro livro. Ele disse que eu e o Pablo estávamos na lista inicial, mas como era muito mais gente do que vaga, ele foi tendo que escolher e a gente não entrou. Só de saber isso já me senti honrado ao extremo. Fiquei com isso na cabeça um tempo, mas depois, parei de pensar. Logo veio o anúncio do segundo livro, que ia rolar, e o Rafael Grampá já era confirmado. Depois de um tempo veio aquele convite pelo telefone...” Para Cau, a emoção de desenhar uma história para o Maurício é inexplicável. “Só vivendo pra saber... Foi um sonho de infância realizado”, diz. Segundo ele, a ideia para a história “simplesmente veio” algumas semanas depois do convite. Uma vez transformada em roteiro, foi imediatamente enviada para Gusman. “Ele me ligou alguns minutos depois elogiando muito o roteiro e dizendo que tanto o Mauricio quanto outro roteirista da Turminha tinham adorado. Isso me fez ter mais energia ainda para continuar, já que não sou tão roteirista quanto sou desenhista. Mas achei que consegui o tom certo da história”, diz. (DC/Especial para AAN)
Veículo: Site República dos Quadrinhos
Publicado em: 18/10/2010 - 15:01

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