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domingo, 9 de janeiro de 2011

Humor: arma contra o preconceito


Alguém que é sinônimo de história em quadrinhos não merece ter sua vida contada só com palavras. Will Eisner (1917-2005), um maiores nomes dos gibis, garantiu a autobiografia em HQ.
Um dos períodos mais marcantes de sua vida, o treinamento para combater na Segunda Guerra Mundial, é o foco da novela gráfica “Ao Coração da Tempestade’’.
A história não foi concebida originalmente para ser autobiográfica. Segundo Eisner, as reminiscências contaminaram o roteiro inicial.
O mesmo processo guiou outras obras, montando um painel sobre como era crescer sendo um judeu pobre em Nova York na Depressão.
O personagem principal de “Ao Coração da Tempestade’’ é Willie, soldado que está num trem, rumo a meses de treinamento para formar nas tropas aliadas. Eisner foi mesmo convocado em 1942, mas não chegou a embarcar.
Aos 25 anos, já era desenhista de sucesso - lançou seu herói mais famoso, o detetive Spirit, em 1940. Durante o treinamento, ele colaborou fazendo gibis educativos para o Exército.
Voltando a Willie, com o olhar perdido pela janela do vagão, ele vai recordando sua infância. São episódios líricos, nos quais o humor é arma contra o preconceito.
Concluída por ele em 1990, a história saiu seis anos depois no Brasil, em fascículos que contavam com um texto do autor sobre a evolução dos quadrinhos no século passado. A obra é lançada agora em volume único, sem o texto bacana dele, mas com tradução caprichada.
Embora a citação de Eisner leve à imediata ligação com Spirit, muita gente defende que seus melhores trabalhos são os que deixam de lado o personagem. “Ao Coração da Tempestade’’ atesta que foi capaz de atrair dois públicos de quadrinhos: o que busca arte sublime em HQ e o que procura apenas diversão.

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