Em dezembro, Paul Levitz deu uma declaração falando que as Comics são muito mais atraentes para os homens que para as mulheres. O grande problema é que a maioria das editoras escreve apenas histórias para o público masculino, deixando as leitoras em segundo plano, e muitas vezes as personagens femininas são muito menos trabalhadas psicologicamente, parecendo muito mais o que um homem espera de uma mulher que um exemplo do que as meninas admiram.
No começo das histórias em quadrinhos, as personagens femininas foram criadas para agradar o público XY, sendo geralmente parceiras de heróis (do tipo que qualquer vilão captura). A primeira heroína com identidade secreta chama-se Women in Red (Mulher em Vermelho), sendo seu nome verdadeiro Peggy Allen, uma policial que resolveu enfrentar o crime a sua maneira. Estamos na Era de Ouro dos quadrinhos, mais precisamente em 1940.
Eis que na edição 8 da All Star Comics de 1941 surge a primeira super-heroína, a Mulher Maravilha. Sua primeira história completa foi lançada em 1942, na Sensation Comics. Seis meses depois ela ganha seu próprio título (o Batman e o Superman demoraram mais de um ano). Desde o começo ela possui um duplo papel bastante controverso no mundo dos quadrinhos: se por um lado ela precisa ser uma mulher sexy, por outro é a maior representação de todo um gênero nesse tipo de mídia. Mesmo seu criador, o psicólogo William Marston (sob o pseudônimo de Charles Moulton), apresentou opiniões bastante divergentes sobre sua personagem, tentando dizer que ela era um exemplo de força feminina. De toda forma, a maioria das pessoas do mundo a conhecem, seus simbolos e poderes. Não vou falar sobre todas as origens que Diana apresentou durante suas dezenas de recomeços, pois ela possui uma cronologia complicada e bastante modificada com o passar dos anos. Vou me prender a mais moderna.
As Amazonas foram criadas no fim do reino dos Deuses, com o intuito de mante-los para sempre no coração dos homens e a crença na virtude. Atena deu a elas a sabedoria para seguir os caminhos da verdade e da justiça, Artemis as ensinou a caçar, Demeter prometeu fartura, Hestia as ajudou a construir a cidade, Afrodite as presenteou com o amor e Gaia com o poder e a força. Elas viviam na cidade de Themyscira, na Asia Menor. Porém, Ares não gostou da criação das Amazonas, influenciando Heracles a extermina-las. Elas não foram feitas para guerrear, mas aprenderam pois foi preciso. Após um guerra terrível contra o mundo dos homens, as divindades deram as Amazonas a ilha de Themyscira, um local onde a Rainha Hippolyta e suas irmãs estariam a salvo da hostilidade dos mortais, escondidas na eternidade, num mundo pacífico.
Apesar de 3000 anos na ilha com uma vida próspera, a Rainha Hippolyta se sentia solitária. Foi a oráculo Menalippe quem disse a ela para moldar um bebê de barro, que foi agraciado com a alma do filho que Hippolyta havia perdido 32000 anos atrás, numa vida passada. Assim nascia o primeiro bebê na ilha de Themyscira, a princesa Diana. Ela cresceu forte, sendo ensinada por centenas de irmãs e tias que possuía na ilha. Seu apetite pelo saber a fez estudar livros, lutas, arco e flecha, espadas e tudo mais que podia.
Um dia Ares resolveu punir a humanidade por todo o desrespeito que ela possuía com os deuses, dizendo que ia infligir guerra aos homens. Zeus então decretou que as Amazonas fizessem um campeonato para escolher uma representante que contivesse a ordem de Ares. Em segredo, Diana entrou no concurso. Ela se provou a melhor, ganhando então os braceletes inquebráveis de prata e o manto de Mulher Maravilha!
Entre as obrigações do novo posto estava a de viver no Mundo Patriarcal (como as Amazonas chamam nosso mundo). Mesmo triste, Diana deixou o paraíso de Themyscira e foi levada por Hermes para a Universidade de Harvard, para conhecer a professora Julia Kapatelis. Ela foi adotada pela arqueóloga, que conhecia o dialeto das Amazonas, e ensinou o inglẽs a Diana.
A Mulher Maravilha morou em Boston, Gateway city, Washington (base da sua mãe quando esta visitou o mundo na Segunda Guerra Mundial) e hoje vive na Embaixada de Themyscira em Manhattan. Entre suas funções está falar com as Nações Unidas em nome da paz, pois é a campeã dessa causa. Ela também é parte da Trindade, a união dela, do Homem de Aço e do Cavaleiro Negro, os heróis mais nobres da Terra. É uma das líderes da Liga da Justiça. Outro herói que é um grande amigo de Diana é Aquaman, Rei da Atlantis.
Poderes e habilidades
Cinco deusas e um deus deram a Diana os poderes para ela ser a Mulher Maravilha. A beleza e um coração cheio de amor foram os presentes de Afrodite, Athena a sabedoria, Hestia o poder de abrir o coração dos homens, Gaia deu força, Hermes a habilidade de voar, Artemis deu a ela empatia com animais. Além disso, todo o treino da infância ajudam na hora de combater o mal e trazer a paz ao Mundo Patriarcal. Para deixar sua aparência civil e se transformar, ela precisa girar em alta velocidade. Os braceletes, o laço da verdade dado por Gaia (que obriga homem ou deus a ser honesto) e a tiara compõe as armas que a princesa carrega. Ela possui ainda a armadura da campeã das Amazonas, sandálias aladas e um escudo, para quando há grandes batalhas. E claro, o transporte invisível baseado em tecnologia alien que tem a capacidade de se tornar qualquer veículo que ela deseja.
Ano que vem essa idosa faz 70 anos. Não importa a roupa que ela use (seja a nova da edição 600 ou as antigas), se é americana ou se seus conceitos são antigos, a Mulher Maravilha é ainda a maior representante do gênero feminino nos quadrinhos, a primeira a ter sua própria revistinha e merece o respeito dos leitores. Afinal, depois de todos esses anos combatendo o mal, ensinando a paz, sendo a única mulher da Trindade e a principal na Liga da Justiça, ela merece seu lugar entre os grandes heróis das HQ’s.
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