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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Quebrando paradigmas

Por Milena Azevedo
Vinicius Dantas é antes de tudo um artista disposto a quebrar paradigmas e a ressignificar suas próprias criações. Sua inquietação para com as coisas do mundo é traduzida em sua arte, e sua arte é mutante, mutável, embora densa e intensa. O seu premiado trabalho em artes visuais, conhecido do público potiguar, já dialogava com a linguagem dos quadrinhos. Agora ele ousa experimentar o suporte impresso na sua obra de arte sequencial. Bateu na Mãe, um trabalho inovador, é uma história em quadrinhos autoral, feita com recortes e montagens de fotos e desenhos, que não se prende às convenções da referida mídia.
Sendo um artista atento à narrativa multimídia , Vinicius dialoga, em Bateu na Mãe, com o surrealismo de David Lynch, com o deboche freak e escatológico de John Waters e Marcatti, com o homoerotismo kistch de Almodóvar e Caio Fernando Abreu, com o impressionismo abstrato de Lorenzo Mattotti e com os clichês das novelas de TV e da música pop.
Bateu na Mãe traz quatro histórias (que podem também ser lidas como uma só), nas quais há um forte questionamento do conceito de família, dos estereótipos entre os espaços da rua e do lar, do arquétipo feminino, da mercantilização da inocência infantil e de como tudo parece simples e perfeito na manipulação publicitária dos discursos político-partidários.
Em 1978, Will Eisner criou o conceito de graphic novel para uma forma nova de arte sequencial que estava fazendo, e em 2011 Vinicius Dantas incita seu público a redescobrir sua arte e convida os leitores de quadrinhos a conhecer o seu modo peculiar de narrativa gráfica.

Publicado em 14.02.11

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