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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Desenhos Banidos!!!

Por Amer
Acho que todos vocês já sabem que sou obcecado por desenhos animados, não? Bom, se não sabem, fiquem sabendo agora.

Eu amo animação, desde que me conheço por gente. E sempre preferi um bom desenho animado a um filme. Se um amigo me mandar escolher entre assistir Bastardos Inglórios, ou Meu Vizinho Totoro, garanto que Totoro vencerá todas as vezes.

Mas como qualquer bom nerd obcecado por algo, não fico satisfeito apenas em assistir, preciso conhecer a produção destes desenhos tão queridos e a história por detrás deles. E em minhas pesquisas, descobri que a produção de uma animação difere muito pouco da de um filme.

Os produtores de desenhos animados muitas vezes testam o limite de até onde podem ir com suas obras, seja porque acreditam em uma mensagem ou porque simplesmente querem fazer barulho. Seja como for, eles sofrem com censura da mesma forma que qualquer artista que trabalhe com cinema.

As vezes, as coisas são piores para a animação, pois ter o público infantil como alvo não o torna um alvo menos notável para os cães de guarda da censura, não senhor.

Assim sendo, vamos conhecer algumas animações, que por um ou outro motivo, foram tiradas de circulação nos Estados Unidos. Algumas chegaram ao Brasil intactas enquanto outras realmente se perderam, o que só aumenta o interesse sobre elas.

E vamos nós!

Coal Black and de Sebben Dwarfs
Sei que falar de desenhos da década de 1940 é covardia, mas quero escrever sobre esta animação há muito tempo e agora me pareceu uma boa hora.
Coal Black foi produzido em 1943 pela Warner Bros, como uma paródia ao então über sucesso da Disney, Branca de Neve e os Sete Anões.
A história se passa durante a Segunda Guerra Mundial e todos os personagens do conto original foram transformados em estereótipos negros, bastante comuns as produções da época. Inúmeras cenas da animação da Disney foram duplicadas com perfeição, mas com sérias conotações sexuais.
Coal Black and de Sebben Dwarfs faz parte do infame “Censored Eleven”. Onze desenhos produzidos pela Warner Bros durante a década de 1940 e que são considerados extremamente ofensivos nos dias atuais. Hoje estas animações foram recuperadas por motivos históricos, mas não desfrutam da mesma popularidade que outros desenhos da époda perante o grande público.
E o que há de tão errado nesta animação? A caracterização dos personagens é EXTREMAMENTE preconceituosa.
Sinceramente, eu acho que a maioria das pessoas que prega o “politicamente correto” são só sujeitos hiper sensíveis, que não querem enfrentar um problema real e que procuram chifre em cavalo pra poderem sentir-se um pouco menos medíocres.
Dito isso, EU acho que a representação dos personagens negros neste desenho é racista demais. E isso deve dizer um bocado.
Curiosamente, o diretor Robert Clampett acreditava que esta animação era uma homenagem ao Jazz e a cultura que o gerou. Incrível saber que existiu uma época em que uma paródia racista era o mais próximo que Hollywood conseguia chegar de demonstrar respeito à comunidade negra.
Agora, vejamos alguns desenhos mais modernos e menos racistas.
As Novas Aventuras do Super Mouse
Honestamente, sempre achei o Super Mouse um personagem cretino. Ele e o Vira Lata.
Mas que diabos? Eles são super heróis? Pra que vou querer assistir os desenhos deles se posso ver heróis de verdade no Batman ou Homem Aranha? E se eles são paródias, com certeza são as menos engraçadas que já vi.
Mas isso mudou em 1987, quando o lendário produtor Ralph Bakshi produziu uma nova série com Super Mouse e diacho, fez um trabalho nada menos que brilhante com o personagem.
Aqui, ele foi enviado para a Terra por seus pais, para fugir á destruição de seu planeta (um condomínio condenado, que estava para ser demolido). Já adulto, Super Mouse assume a identidade do repórter Mike Mouse e passa a usar seus poderes para combater o crime sempre que este surgir.
MIKE MOUSE!!! REPÓRTER!!! ÚNICO SOBREVIVENTE DE UM MUNDO CONDENADO!!! É ASSIM QUE SE FAZ UMA PARÓDIA, TÃO VENDO, SEUS IMPRESTÁVEIS???
O desenho era total e completamente insano, com um humor bastante arriscado para a época e que chamou a atenção de muita gente. De facto, muitos indivíduos famosos do meio da animação começaram aqui, como Bruce Timm (produtor de todo o universo animado da DC) e John Kricfalusi (criador de um desenho que daqui a pouco aparece no artigo).
A nova versão de Super Mouse agradou todo mundo e fez um bom sucesso, então... veio o episódio em que o herói cheirava cocaína... e as coisas mudaram um pouco.
Em uma história, Super Mouse está fraco e desanimado, para resolver o problema, ele pulveriza uma flor e a aspira... como que por encanto, ele recupera as forças.
Yep.
A cena foi a responsável pelo cancelamento do desenho, que durou apenas duas temporadas. Bakshi esperneou, reclamou, falou um monte, declarou que desde a época em que produziu Fritz The Cat (primeiro desenho da história Americana a receber a classificação “XXX”) suas produções são mal interpretadas, que qualquer desenho pode ser visto como obsceno e errado se tirado de contexto e blah-di-blah-di-blah.
Por mas que alegue inocência, o alto teor de humor adulto da série deixa bem claro que a equipe de produção quis forçar a barra com esta cena e ver se conseguiriam sair impunes.
Se lascaram, mas ao menos inspiraram toda uma geração de artistas a viverem pelas mesmas leis.
Beast Wars – Dark Glass
Pra quem não sabe, havia uma série bem bacana na década de 1990, chamada Beast Wars. Era uma continuação direta da série original dos Transformers e contava a história dos Maximals e Predacons (descendentes dos Autobots e Decepticons, respectivamente) em guerra em um planeta selvagem e inóspito.
Embora a animação em computação gráfica de Beast Wars tenha envelhecido consideravelmente (qualquer desenho atual em CG da Nickelodeon pode esbofetear Beast Wars com o pinto), os roteiros daa série eram incrivelmente bem escritos e mesmo hoje permanecem um exemplo de como um produto licenciado pode ser bem feito se tiver uma equipe decente.
No entanto, um episódio nunca do papel: Dark Glass. E fez uma falta incrível para a continuidade da série.
Ok, para entenderem o episódio, aqui vai um breve resumo de fatos importantes a ele:
Havia um personagem chamado Dinobot, ele era um Predacon que mudou de lado, pois estava insatisfeito com o comando de Megatron. Ele se aliou aos Maximals e embora fosse rude e tivesse um sério problema de controle da raiva, era um guerreiro honrado... na maior parte do tempo.
Na segunda temporada, Dinobot traiu os Maximals e deu uma ENORME vantagem estratégica para os Predacons. Graças a isso, ele passou a ser alienado pelo resto de seus companheiros quando voltou a lutar junto deles.
Dinobot finalmente se redimiu quando sacrificou a própria vida para salvar um grupo de primatas inocentes de serem chacinados pelos Predacons. Ele morreu como um herói e os fãs bateram continência, enquanto uma lágrima silenciosa corria de seus olhos.
Mas Megatron sempre teve uma obsessão nada saudável com Dinobot e na terceira temporada construiu um clone dele, mais violento que o original e sem nenhuma honra.
Eis que entra Dark Glass. Rattrap, o melhor amigo do Dinobot original, encontra um backup com a memória de seu companheiro no computador da nave, eis que ele fica obcecado em instalar estas memórias no clone, na tentativa de trazer seu camarada de volta.
De acordo com o roteiro que vazou, as duas personalidades de Dinobot duelariam pelo controle do corpo em cenas bastante angustiantes e o próprio Rattrap ficaria bastante perturbado em ver o conflito. Eventualmente, o clone venceria a briga e a mente do Dinobot original desapareceria, nada restaria a Rattrap, exceto se conformar que seu amigo estava perdido para sempre.
Aparentemente, os chefões da Hasbro não gostaram do episódio por ter “pouca ação”. Afinal de contas, sem pancadaria no desenho, as crianças não destroem seus brinquedos, nem vão correndo comprar novos. Pessoalmente, acredito que alguém considerou este episódio sombrio demais e achou melhor deixá-lo na gaveta.
Infelizmente, isso teve conseqüências para a continuidade da série. No episódio final, o clone de Dinobot começa a relembrar de sua vida como um guerreiro honrado e trai Megatron mais uma vez, o que é a chave da vitória dos heróis. Sem as memórias do Dinobot original, esta cena não faz o menor sentido e o que deveria ser um momento definitivo da série se torna apenas um buraco enorme na continuidade.
E aliás, o episódio que tomouo lugar de Dark Glass na produção foi “Go With the Flow”, onde três maximals se envolvem em uma aventura descendo o rio com crianças primatas.
É, um episódio importante pra série foi substituído pelo clássico “vamos fazer uma história em que os heróis são babás”.
Considerando que a Hasbro entregou sua franquia mais preciosa nas mãos de Michael Bay, eu nem devia me espantar.
E acabo de perceber que já escrevi sobre este episódio em um artigo passado... ah bem, acontece. Se não gostou, me processe, vamos, eu o desafio!!!
Gárgulas – Deadly Force
Na década de 1990, a Disney resolveu produzir uma série animada de ação mais séria, provavelmente influenciados pelo sucesso que a Warner Bros desfrutava com as animações de Batman e Superman. Assim nasceu Gárgulas, uma série que mostrava uma família de monstros medievais vivendo na Nova York do presente.
A série era muito bem escrita, seus escritores tinham muito cuidado com a continuidade e diversos temas sérios eram tratados, como analfabetismo e paternidade, algo incomum para produções da Disney.
Entra o episódio Deadly Force, criado especialmente para mostrar às crianças o perigo das armas de fogo.
Os Gárgulas tinham amizade com Eliza Maza, uma policial de Nova York que era o único contato do grupo com o mundo. Uma noite, ela recebeu a visita de Broadway, o mais infantil dentre os gárgulas do grupo. Eliza deixou sua arma sobre a mesa, Broadway adora filmes de detetives... e dois erros não fazem um acerto.
Exato, uma policial é alvejada por um tiro acidental em um desenho da Disney. Você não achou que viveria pra ver este dia, tenho certeza!
A moça vai pra cirurgia, Broadway se desculpa com ela e tudo fica bem, mas este episódio trouxe inúmeras conseqüências para a série. Posteriormente, Broadway cria total aversão a armas de fogo e fica furioso (até para os padrões do grupo) sempre que vê um bandido armado. Eliza por sua vez, aprende a cuidar melhor de suas armas e a vemos trancando seu revólver em uma gaveta em um episódio futuro.
Mesmo com a mensagem óbvia de que armas são perigosas e devem ser tratadas com cuidado, a Associação de Pais Desocupados da America declarou que o episódio era violento demais e ordenou seu banimento. Deadly Force ficou fora de circulação por oito anos, quando todo o sangue presente nele foi removido e a Disney pode trazê-lo de volta do limbo.
E o que aprendemos com essa história? Que não importa a boa intenção dos animadores, pais e mães desocupados sempre atacarão desenhos animados ao invés de tentarem... você sabe... educar seus filhos e assumirem responsabilidade por eles.
Haverão mais exemplos disso ao longo do artigo, não tema.
Pokémon – Férias em Acapulco
Sim, tem um episódio de Pokémon que remete a um episódio do Chaves. Certas coincidências dão muita graça à vida.
Mas bem, Pokémon tem sua cota de episódios banidos, mas todos no Ocidente. No Japão a maior parte deles circula livremente, exceto por um sobre o qual falarei daqui a pouco.
Enfim, no episódio de Acapulco, Ash destrói o barco de um transeunte inocente durante uma de suas brigas de galo glorificadas. Disposto a reparar o mal que fez, ele prontamente inscreve Misty em um concurso de biquíni, na esperança de que a ausência de curvas da amiga desperte o pedófilo interior de cada um dos juízes presentes e ela ganhe o prêmio em dinheiro.
Infelizmente, Jesse e James também estão interessados na grana e se inscrevem no concurso também. Ok, Jesse é uma gostosa por mérito próprio, mas James é um cara, como ele se inscreveu nessa merda e ninguém notou algo de errado?
Simples, ele apareceu com peitos IMENSOS no concurso. De fato, com o toque de um botão ele fez os peitos inflarem e ficarem ainda mais... aconchegantes. Claro, peitos infláveis devem ser uma comodidade muito fácil de ser encontrada no Japão, mas isso não explica como raios ele ficou com curvas femininas também.
E mais, quando os juízes preferem ele a Misty (oy, melhor curtir travesti que ser pedófilo), James aperta seus peitos e diz para a menina “é isso que faz as pessoas gostarem de você”.
É, boa mensagem.
Mas os poderes de tesão de James não adiantam, pois no fim a mãe do Ash compete também e leva o prêmio, o que mostra que todos curtem uma MILF.
O episódio foi banido por anos nos Estados Unidos, até que uma versão editada dele chegou ao país. Nela, o concurso de biquínis foi removido e o troféu que a mãe de Ash recebe no final diz “melhor mãe do mundo”.
Não sei se este episódio foi exibido em versão editada por aqui, mas todo fansubber que se preza o tem a disposição de seu público.
Sim, estou ciente de que todo mundo já assistiu este e aos demais episódios banidos de Pokémon! Vai encher o saco de outro, eu escrevo sobre o que quiser, ok?
Seus bichas!
Pokémon – A Lenda de Dratini
Sim, mais Pokémon. Acostume-se.
Neste episódio, Ash e seus lacaios chegam a Zona do Safari, aquela área do game que nos fazia gastar uma grana e um tempo miseráveis na esperança de que pudéssemos capturar um Dratini. Quando finalmente conseguíamos, passávamos dias o treinando para ele evoluir para Dragonite... e então descobríamos que o Dragonite era um bosta mais frágil que uma flor.
Mardição.
Na Zona do Safari, os heróis dão de cara com um velho que acha que é parte do elenco de Por Um Punhado de Dólares, e que aponta um revolver para todos que vê. De fato, ele ameaça dar um tiro na cara de Ash logo que o conhece.
Algo que todos já quisemos fazer ao menos uma vez, tenho certeza.
Eventualmente, a equipe Rocket chega ao lugar e Jesse mantém o velho refém sob a mira de um revólver também. Tudo acaba bem no final, mas não antes de várias situações que pareciam saídas de um filme de Robert Rodriguez.
O episódio foi banido por um motivo óbvio: ARMAS! Mostrar um adulto ameaçando uma criança com um revólver é algo impensável para a censura Americana, por conseqüência, nunca vimos cor desta história por aqui também.
Novamente, os Fansubbers distribuem este episódio livremente, pois grupos de fãs que legendam Animes não se importam muito se crianças estão sob a mira de revólveres empunhados por velhos psicologicamente instáveis.
Pokémon – Porygon! O Soldado Elétrico!
Eu gosto de Pokémon! E daí?
E sim, este é AQUELE episódio que fez a molecada ter ataques epiléticos no Japão.
Todo mundo conhece a história, então serei breve. Ash e seus lacaios entram em um computador para deter um Pokémon virtual, em um certo momento, o dito Pokémon dispara mísseis neles e Pikachu os detona com o Choque do Trovão, o efeito especial usado na cena fez a molecada Japa ter convulsões na frente da televisão e nunca soubemos se o Pikachu ganhou Level por este feito.
Por razões óbvias, este episódio nunca foi exibido nos Estados Unidos e foi permanentemente banido no Japão. Só Otakus terminais que o gravaram em sua exibição original possuem cópias do mesmo.
Novamente, alguns Fansubbers o distribuem, por menos sábio que matar seus clientes possa ser.
“Mas Ambrosia, isso tudo não é frescura? Digo, quem garante que a sequência de luzes do episódio foi o que fez mal pra molecada Japa? Até onde sabemos, pode ter sido a quantidade de tentáculos diários que elas precisam agüentar quando vão pra escola!”
Não posso afirmar quanto aos tentáculos, mas assisti a dita cena e não me senti muito bem depois. Claro, eu a vi sete vezes seguidas e muito próximo ao monitor do PC, mas mesmo assim, não foi algo agradável.
A cena está disponível no Youtube, para quem quiser ver. Não coloquei o link aqui porque... bom, não quero ser responsabilizado caso algum de vocês caia no chão espumando e balbuciando em dialetos antigos.
Mas quem quiser, vá em frente! Procurem, assistam e tentem me mandar suas opiniões quando estiverem no C.T.I.
A Vida Moderna de Rocko – Humor testicular
Rocko é um daqueles desenhos que forçava a amizade sempre que tinha a chance. Tudo bem que a Nickelodeon dava bastante liberdade a seus artistas (não consigo imaginar Hey Arnold em outra emissora), mas o criador Joe Murray parecia querer testar todos os limites do canal.
Muito do humor do desenho era sutil, feito de forma que a molecada não entendia, mas que era óbvia para seus pais, como o episódio em que Rocko arranja emprego como operador de Tele Sexo ou quando ele e Vacão se hospedam em um motel de beira de estrada e o gerente pensa que os dois são um casal gay.
Mas algumas piadas eram mais óbvias que outras, como a masturbação do Vacão e a vez que Rocko comeu o testículo de um urso.
Sim, você leu direito.
Em um episódio, Vacão dorme em uma fazenda, na área onde ficam as outras vacas. Um fazendeiro então conecta uma mangueira a ele, na esperança de ordenhá-lo e... é.
Aqui, dê uma olhada.
E em outro episódio, Rocco e seus amigos estão no campo e Rocko arranca uma frutinha circular de um arbusto e a come. Em seguida um urso sai de trás do arbusto e corre, com expressão de dor nos olhos e as mãos na virilha.
... é...
Não estou certo sobre a masturbação de Vacão, mas a cena do arbusto foi cortada do episódio original e nunca mais foi exibida na televisão Americana. Tenho certeza que pelo menos a primeira passou por aqui, pois os censores da televisão Brasileira são inacreditavelmente relapsos em seu trabalho, algo pelo qual agradeço a Deus diariamente.
Mas sei que vocês pararam de prestar atenção a tudo que escrevi assim que leram que Rocko comeu um testículo de urso. Ah bem, aqui está a cena.
Feliz? Agora volte a prestar atenção no artigo! Foco, vamos!
Ren & Stimpy – Man’s Best Friend
Se Rocko tentava enganar a censura de forma sutil, Ren & Stimpy cagava na boca dela e ainda dizia “isso não é mousse de chocolate, é bosta mesmo!” A série contava as aventuras de Ren, um chiuaua neurastênico e violento, e Stimpy, um gato semi retardado que era seu companheiro e eterno saco de pancadas.
O humor de Ren & Stimpy baseava-se em escatologia, violência extrema e um machismo tão descarado que cada episódio lançado fazia os direitos da mulheres regredirem em dez anos.
Permitam-me um adendo para explicar melhor o quanto a série é barra pesada.
Eu me considero um cara razoavelmente vivido em relação a desenhos animados. Já assisti centenas de pérolas da animação ao longo da minha vida, desde obras de qualidade inquestionável como A Bela e a Fera e Akira, até horrores como Heavy Metal 2000 e Apocalypse Zero.
Diga-se de passagem, Apocalypse Zero é uma animação onde uma mulher gigante e obesa de 900 quilos que não depila a virilha e anda por aí vestindo apenas faixas de couro, agarra uma ninfeta e a espreme até a menina expelir os intestinos pela boca.
Em outras palavras, não existe muita coisa capaz de me chocar em um desenho animado.
Pois bem, Ren & Stimpy... eu não consigo assistir a maioria dos episódios até o final.
Só pra citar um exemplo, há uma cena em que todos os dentes de Ren caem e ele começa a puxar os nervos expostos com uma Pinça.
...
A série é cheia de momentos assim.
Mas o limite supremo foi atingido com o episódio Man’s Best Friend. Nele, um maluco chamado John Liquor adota Ren e Stimpy e começa a adestrá-los. O treinamento do cara é pura e simples tortura, mas nem é o pior da história, não senhor.
Ao final do episódio, Ren imobiliza John, apanha um remo e começa a espancar o homem com uma brutalidade excessiva até mesmo para os padrões da série. A cada close no rosto de Liquor, ele fica mais disforme, enquanto Ren gargalha alucinadamente durante a surra.
Kricfalusi finalmente conseguiu apertar o botão vermelho dos chefões da Nickelodeon e foi demitido da empresa. Ren & Stimpy foi cancelado e a carreira do animador foi pro brejo, tudo que lhe restou foi dirigir dois episódios do Zé Colmeia para o Cartoon Network (porque algum dos chefões do canal deve tê-lo visto pedindo esmolas e se condoeu), fazer a animação de um clipe da Bjork e depositar todas suas fichas restantes em Ren & Stimpy: Adult Party Cartoon, uma versão ainda mais extrema de suas criações e que terminou de afundar o pouco que restava de sua credibilidade.
O episódio Man’s Best Friend está presente no DVD de Adult Party Cartoon, com outros cinco episódios que parecem ter sido criados apenas para chocar ao público. O conteúdo destes episódios era tão horrendo, que Billy West, um dos dubladores originais do desenho, se negou a participar deles, com medo de que isso machucasse sua carreira.
Todos os episódios de Adult Party Cartoon foram exibidos no Brasil pelo Canal VH1 e contavam com os dubladores da época que a série era exibida na Nickelodeon.
Lamento muito por todos eles.
Buzz Lightyear e o Comando Estelar - Supernova
Eu sempre me perguntei se Tim Allen, o ator que dubla o Buzz nos filmes de Toy Story, também tinha emprestado sua voz para a série animada. Acabo de descobrir que não, foi Patrick Warburton que o fez.
Boa Tim Allen, bancando o superastro! Até parece que sua carreira é lá grande coisa pra dispensar o trabalho em uma série animada. Sir Patrick Stewart dubla desenhos, QUEM VOCÊ PENSA QUE É?
Aliás, eu odeio Matt LeBlanc! Você sabe, o Joey, de Friends! E por que? Porque escutei uma entrevista dele em Dezembro para o programa de Opie & Anthony, em que ele fala com enorme desprezo de uma colega sua que saiu de uma série da HBO e “não era grande coisa como atriz, por isso agora dubla desenhos”.
VÁ SE FODER, MATT LEBLANC!!! VOCÊ NÃO MERECIA FICAR COM A RACHEL E FICO FELIZ QUE SUA SÉRIE “JOEY” TENHA SIDO UM FRACASSO!!! ESPERO QUE VOCÊ TENHA CÂNCER NA LÍNGUA E SEU MAXILAR CAIA!!!
...
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Eu levo dublagem muito a sério.
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Mas voltando ao desenho, Buzz Lightyear e o Comando Estelar supostamente é a série que Andy assiste e que o fez querer o boneco de Buzz Lightyear no primeiro Toy Story. Por que só o Buzz e não os demais personagens, jamais vou saber, não existe uma criança no mundo que fique satisfeita em ter apenas o Duke quando começa a gostar de G.I Joe.
Enfim, no episódio em questão, Buzz e seus amigos atendem um chamado de emergência de uma nave médica que está prestes a explodir. O dia é salvo graças a Mira (a garota azul linda e sexy do grupo), que assim como Kitty Pryde, pode se tornar intangível e atravessar objetos. Ela “entra” no cristal que energizava a nave e o estabiliza, o que resolve todos os problemas.
Infelizmente, ao fazer isso, a menina recebe uma descarga de energia que a deixa... “animada”. Eventualmente, o efeito da descarga passa e ela volta ao cristal para receber mais uma dose, logo, Mira passa a entrar escondida na nave para receber uma dose nova por hora.
Buzz e os demais percebem o vício de Mira e tentam ajudá-la, mas ela não dá bola, diabos, o pai da menina tenta fazê-la perceber o problema, mas ela acredita que ele está sendo o velho super protetor de sempre.
No fim do episódio, o vilão Zurg captura Mira e usa seu vício para fazê-la manter estável o cristal que abastecia uma de suas armas. O Comando Estelar a salva e seu pai revela a Mira que ele passou pelo mesmo problema no passado, por isso sabe o que a filha anda aprontando, é então que Mira percebe que tem um problema e aceita ajuda.
O episódio tinha uma mensagem anti drogas MUITO clara. A menina bonita do grupo se vicia e se deteriora (algo que chama mais atenção do que se o viciado fosse o alien grandão e gordinho) ao ponto de ajudar involuntariamente seu inimigo, só pra conseguir outra “dose”, um tema bastante sombrio para um desenho Disney. Mais ainda, o episódio mostra o pai de Mira como um ex-viciado, que o que mostra que as pessoas podem superar seu problema com drogas, contanto que o reconheçam e busquem ajuda.
Os executivos da Disney devem ter ficado muito satisfeitos com este episódio e sua mensagem, mas infelizmente, a associação de pais desocupados da América mais uma vez bateu o pé e declarou a história inadequada, pois “podia estimular seus filhos a usarem drogas”.
...
É.
Super Nova foi exibido apenas uma vez em 2000 nos Estados Unidos e nunca mais viu a luz do sol depois deste ano. Não sei se o episódio foi exibido no Brasil, pois no começo da década de 2000, eu tinha coisas mais importantes pra fazer do que assistir Disney Cruj (terminar Chrono Cross pela 16º vez consecutiva por exemplo).
Pedirei ajuda às forças superiores para sanar esta dúvida: Guilherme Briggs, se estiver lendo este artigo, você se lembra de ter dublado este episódio?
*Senta e aguarda resposta enquanto joga Project Diva 2*
Tiny Toon – One Beer
Qualquer pessoa que cresceu na década de 1990 tem lembranças muito carinhosas de Tiny Toon, um dos primeiros desenhos animados produzidos para a molecada, mas que era inteligente o bastante para agradar os espectadores mais barbados.
Tiny Toon também era uma série que forçava a barra inúmeras vezes e teve mais episódios banidos (como Night of the Living Pets, sobre o qual falarei em outra ocasião). Claro, não era como Animaniacs que vez ou outra sexualizava a imagem infantil de Dot e que fez a baixinha proclamar que fazer fio-terra no Prince era uma má idéia.
Eu juro.
Mas mesmo assim, Tiny Toon forçava a barra mais do que os demais desenhos da época e a gota d’água veio com o episódio One Beer.
Aqui, Perninha encontra uma cerveja na geladeira de sua casa e resolve dividi-la com Plucky e Presuntinho. Após UM GOLE os três se transformam em mendigos fedidos e desdentados, que vadiam pela cidade e são inconvenientes ao extremo.
Os três tentam passar um xaveco em Lilica, Fifi e Leiloca, mas o bafo de birita deles afasta as garotas. Eles então roubam uma viatura de polícia e saem fazendo barbeiragens, até que finalmente se jogam de um precipício e morrem.
No fim, os três são vistos tirando as roupas de anjinhos (eles morreram e foram pro Céu, claro) e vão embora dos estúdios da Warner, enquanto Perninha declara: “Espero que as crianças tenham entendido a mensagem.”
O episódio foi banido do Cartoon Network, mas eventualmente voltou a circular através da Nickelodeon, que era muito mais liberal em relação a seus desenhos do que as demais emissoras.
Novamente, pais se revoltaram contra o episódio, pois acreditaram que “estimularia seus filhos a caírem na bebida”. Além da fala final de Perninha, ele ainda diz no começo do episódio que “hoje mostraremos os perigos do álcool”, o que deixa óbvio que a história era uma crítica. Não adiantou, pois todos sabemos que desenhos animados estimulam as crianças a se tornarem alcoólatras e não o fato de verem o papai entornar litros e litros de cerveja todos os dias.
No Brasil, o episódio foi exibido sem problemas, pois a Rede Globo não dá a mínima para o que exibe em sua programação infantil. Se fosse o caso, a molecada da minha geração não teria sido forçada a agüentar a Xuxa por mais de uma década.
Dexter’s Rude Removal
Ahhhh sim, Dexter’s Rude Removal! O desenho que me levou a escrever este artigo!
Dexter’s Rude Removal não é exatamente um episódio banido, pois nunca foi produzido para exibição pública. Ele existe apenas para ser desfrutado por funcionários do Cartoon Network em festas da empresa.
Mas ele foi exibido publicamente uma vez, na Comicon, durante uma palestra de Genndy Tartakovsky, criador de Dexter.
Ao fim da palestra, uma funcionária do Cartoon Network pediu a todos os menores de 18 anos para levantarem as mãos e então disse para saírem da sala, pois não poderiam assistir o que viria a seguir (cada um deles ganhou um presente exclusivo do Cartoon Network, como compensação), depois, ela alertou aos que ficaram que não queria ver NINGUÉM FILMANDO, pois estava autorizada a confiscar qualquer câmera presente.
Claro que ela não tinha esse poder, mas intimidar nerds não é difícil.
E em seguida, começou a exibição de Dexter’s Rude Removal... e logo no título, Dexter exibia a bunda pra platéia enquanto DeeDee mostrava o dedo do meio.
No episódio, Dexter constrói uma máquina capaz de remover a maldade de uma pessoa, para que assim possa se tornar o menino perfeito. DeeDee invade o laboratório, mexe na máquina, merda acontece e gêmeos malignos dos dois são criados.
Os gêmeos DO MAL nocauteiam o Dexter e a DeeDee originais e então começam a disparar uma enxurrada de palavrões um contra o outro. A DeeDee maligna chama o clone de Dexter de “Seu necrófilo do caralho” em uma cena.
Então, a mamãe os chama pra jantar, os dois vão até a cozinha (ainda proferindo mais palavrões que um personagem de Quentin Tarantino) e sentam para comer, o que fazem disparando peidos e arrotos em uma velocidade incrível.
Mamãe pergunta se o jantar está bom, o que leva Dexter a dizer “essa merda tá boa pra caralho” e gera a resposta “não fala caralho na frente da porra da mamãe” de DeeDee.
A mãe desmaia, os gêmeos do mal continuam xingando e é quando o Dexter verdadeiro surge com outro invento e os neutraliza. Ele prontamente suspira de alívio e declara “que bom que os detemos antes que fizessem mal a alguém”.
É quando mamãe aparece, com uma barra de sabão na mão e um olhar furioso! A câmera fecha em Dexter que só pronuncia “Ai, porra” e o episódio acaba.
Agora, qual a veracidade dessa história e quais as chances deste episódio existir mesmo?
Não sei, sinceramente. Ví mais de um relato pela internet de pessoas que dizem ter visto este desenho na Comicon, mas é difícil de acreditar que esta pérola realmente existe e nunca vazou na internet (nada mais fica em segredo muito tempo hoje em dia).
Se querem minha opinião, acho que existe apenas UMA CÓPIA desta animação e Tartakovsky a guarda muito bem em casa. O artigo de hoje já deixou claro que existem muitos babacas moralistas nos Estados Unidos e se este episódio vazasse de repente, poderia custar muito ao senhor Tartakovsky.
Acredito que eventualmente este desenho vai aparecer no Youtube, mas por hora, devemos ser pacientes.
Paciência Padawan. Coisas boas vêm para quem espera.
E por hoje fico por aqui. Queria encerrar o artigo com uma mensagem de boa fé e relevância, mas direi apenas Yammi-yammi-yammi-yamma!
É, isso.
Cheers!!!

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