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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Como trabalhar com um ilustrador (para o escritor iniciante)

Por Portal do Ilustrador

"Estes e mais textos no site da Thais Linhares"thaislinhares.blogspot.com


Antes de tudo, é importante dizer, que tão logo você se torne um ilustrador, ou escritor, conhecido, será comum receber este tipo de proposta de tempos em tempos. Algumas mais profissionais, outras mais leigas. Eu mesma já chateei um bocado de gente no passado com um "Ei, posso ilustrar um livro seu?" doidinha que eu tava pra estreiar no mercado de LIJ.
O caso é que o conteúdo da maioria das propostas revela desconhecimento (compreensível, perdoável) do que é o trabalho do ilustrador (ou em outros casos, escritor, editor).

Não raro, o ilustrador tem uma rotina de trabalho intensa. O editor... mais ainda!!
Quem é do meio sabe da importância de ser capaz de se adaptar a prazos limitados, exigências extremas, horas e horas de pura negociação sobre licenças, projetos visuais. Além do envolvimento natural de diversos tipos de profissionais.

Um livro não tem uma só mãe, ou pai. Tem vários. Na família do livro tem editor, designer, escritor, ilustrador, tradutor... por aí vai.
Esse ilustrador, que tem uma rotina de trabalho intensa, costuma ter de abrir mão de horas de lazer junto à família e projetos pessoais, para cumprir metas e prazos do mercado. Saber trabalhar sob pressão, sem perder a qualidade, saber orçar seu material - de forma que sua remuneração seja condizente com a expectativa de mercado, são talentos importantes.

Logo, é praticamente impossível conseguir mobilizar um ilustrador para um projeto de risco, onde não há garantia concreta de remuneração. Para ser mais claro, o ilustrador verá sua proposta com os mesmos olhos que um editor examina os projetos que lhe chegam.

Pedir que um ilustrador se dedique gratuitamente ao seu projeto, é o mesmo que pedir que alguém invista uma certa quantidade de dinheiro nele. Esse tempo é dinheiro. É o ilustrador pagando para que seu texto tenha uma maior chance junto ao editor. E porque ele faria isso? Existem fatores que poderiam convencê-lo a ser seu sócio, ou não. Falando objetivamente, vamos entender como um ilustrador, ou um editor, vai avaliar sua proposta. Primeiro os contras, e em seguida os prós.

Contra:

1-Autor desconhecido, ou iniciante;
2-Projeto gráfico, e ou ilustrador já determinado - e qualquer outro fator que tire do editor o poder de decisão sobre isso;
3-Falta de originalidade;
4-Falta de talento;
5- Público alvo muito específico;
6-Tema polêmico, ofensivo;
7-Abordagem ansiosa.

Por abordagem ansiosa, me refiro àquelas pessoas que tem dificuldades em receberem uma negativa ou crítica sincera por parte do receptor do texto (costumam tratar pior o ilustrador do que o editor). Quando um editor percebe que está lidando com uma pessoa que se ressente facilmente quando recusada ou criticada, ele costuma evitar qualquer parceria com a mesma. Tal comportamento pode colocar a perder o tempo e dinheiro do parceiro.

Conheci colegas que perdiam projetos já a ponto de ir pra gráfica, por pura egolatria de algum envolvido. Já soube de caso de editor que recebia telefonemas diários de gente cobrando resposta sobre seus textos (não requisitados!!!). Esquecem que até que se assine um contrato o editor não tem nenhuma obrigação para com ele. E que cabe ao editor decidir quanto e como arriscar seu dinheiro. Ídem para o ilustrador.

Não é uma questão pessoal. Infelizmente, nem todos entendem.
Por isso muitos editores sequer dão retorno, ou quando o fazem, usam cartas padrão redigidas por um assistente. Como ilustradora, procuro dar uma resposta. Ainda que não seja obrigada a isso também.

Já os fatores que poderiam convencer um ilustrador a trabalhar em parceria de risco seriam:

1-Autor de renome, boa aceitação no mercado;
2- Originalidade
3- Talento;
4- Acesso ao nicho de mercado pretendido (se for o caso);
5-Flexibilidade no projeto e personalidade;
6- Conhecimento do mercado editorial;
7- Recomendação de terceiros: outros autores, editores, especialistas no nicho pretendido;
8- Texto revisado e previamente criticado por terceiros (Muito importante!!!)

Por flexibilidade, remeto aqui ao oposto da "ansiedade". O remetente deve ser capaz de absorver o impacto da recusa e críticas do editor, ou ilustrador. E mais, de ser aberto a possíveis alterações em seu projeto original, visto que este, uma vez colocado pra desenvolvimento, irá envolver o tempo e talento de outros profissionais.

Seria interessante analisar cada ítem em separado. Durante os eventos literários, no estande da Associação dos Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil, esse tipo de papo amigo costuma ser servido aos visitantes aspirantes a autores - gratuitamente, por puro voluntariado de quem entende o drama (olha a ansiedade aí!) de quem sonha em publicar seus textos ou ilustrações.

Eu convidaria o ilustrador a ler meus textos num blog e procuraria revelar certo conhecimento de mercado. Conseguir contato prévio com um editor, ou investidor que pudesse bancar a pré-produção, sem dúvida ajudariam bastante. Porém, mesmo assim, não é recomendável apresentar a qualquer editor o projeto fechado (já com ilustrador, formato, etc). Salvo casos especiais.

Hoje, só fica inédito quem quer! Com custos bem reduzidos é possível editar seus ebooks, como fazíamos com nossos fanzines de papel. Vendi muito fanzine, pro Brasil inteiro. Imagine fazer isso tendo a Internet?


PS. Essa dicas valem também pra um ilustrador que queira propor um projeto a um escritor. Potencialize suas chances de sucesso ao máximo.
PS2. Compartilhem suas experiências, o que deu certo, o que deu errado.

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