Por Gutemberg
Ao lado da comunicação gestual e oral, povos de diferentes origens e culturas aperfeiçoaram, com o passar do tempo, maneiras de perpetuar suas histórias e mitos, suas conquistas e seus costumes por meio de signos pictóricos, algumas vezes pintados ou desenhados formando uma sequência, aos quais eram atribuídas significados específicos, que se referiam a fatos reais (a caça, a colheita ou conflitos com outros grupos) ou às crenças e mitos dessas sociedades primitivas.
Ao lado da comunicação gestual e oral, povos de diferentes origens e culturas aperfeiçoaram, com o passar do tempo, maneiras de perpetuar suas histórias e mitos, suas conquistas e seus costumes por meio de signos pictóricos, algumas vezes pintados ou desenhados formando uma sequência, aos quais eram atribuídas significados específicos, que se referiam a fatos reais (a caça, a colheita ou conflitos com outros grupos) ou às crenças e mitos dessas sociedades primitivas.
Com o advento das civilizações agrícolas, o homem deixa seus itinerários sazonais e se instala nas cidades. O território ao redor desses aglomerados passa a ser identificado então conforme a sua localização em relação a este centro. A planificação da produção agrícola, que fará com que os homens atuem de maneira consciente no ambiente, acompanha o surgimento da escrita. Nos primeiros centros urbanos, os povos se organizaram política e economicamente em torno de seus símbolos. Para as suas anotações e contas empregaram sinais que, aos poucos, passaram a indicar sons, tornando-se um instrumento para transpor a língua falada.
Uma vez decodificados, esses signos podem transmitir conceitos. Nesses centros, a vida religiosa e as atividades do templo são administradas pelos sacerdotes, que praticam a adivinhação através da astronomia e da leitura das entranhas de animais sacrificado. A tradição da linhagem e da herança de títulos acompanha o surgimento de classes sociais com funções e direitos distintos. É nesse contexto de organização política e econômica que surge a escrita. Assírios e sumérios deixaram uma ampla obra literária para a sociedade. Tempos depois, os fenícios, navegadores habilidosos, contribuíram para a difusão do alfabeto em todo o Mar Mediterrâneo. A leitura e a produção de escritas tornou-se então acessível a um grande número de pessoas, fazendo das lendas e das histórias escritas o patrimônio da humanidade.
A imagem sempre fez parte da vida do homem. Desde os primórdios da civilização, na pré-história, encontramos registros como as gravuras, que tornaram-se importantes fontes de análise e estudo, da qual pode-se desvendar alguns rituais antigos, como caça e dança. A primeira forma de comunicação entre os antepassados do homem, num contexto no qual as linguagens faladas e escritas ainda não existiam, se deu através da imagem. Ao representar seu cotidiano através de pinturas nas paredes das cavernas, o homem estabelecia o primeiro passo na Construção de um sistema de signos que resultaria na linguagem escrita. E nas primeiras manifestações escritas das antigas civilizações, a imagem marcaria forte presença, como nos hieróglifos egípcios. Essas representações figurativas foram, com o tempo, caminhando para uma abstração, uma simplificação de seus elementos visuais e ao mesmo tempo ampliando seus campos de significação, dando origem ao alfabeto como hoje o conhecemos. Quando o homem fez a pintura rupestre, deixou marcada a sua impressão da realidade que o cercava, seus sonhos e desejos. Independente de seu objetivo inicial, conseguiu transmitir através do tempo a sua impressão.
A civilização do antigo Egito desenvolveu, paralelamente ao cuneiforme sumério (escrita de forna de cuneo, triangular), a escrita hieroglífica (escrita sagrada). Os hieróglifos foram utilizados por sacerdotes e escribas do faraó, registrando várias atividades, desde assuntos religiosos à comerciais.
Já o Império Bizantino utilizou uma série de mosaicos para passar a mensagem crista aos fiéis analfabetos. E até nos dias atuais, quem entra em uma Igreja Católica logo se depara com a Via Sacra, exposta em doze quadros enfileirados em ordem na parede, mostrando a passagem em que Jesus Cristo carrega a cruz, cai três vezes e por fim é crucificado. Não é necessário alguém explicar cada gravura, o fiel olha a imagem e reconhece seu profeta na penitência final, sacrificando-se em prol da humanidade. São exemplos de como a imagem foi utilizada para propagar os ensinamentos, mesmo para os que não possuíam recursos para aprender a escrita. Através de elementos significativos o conhecimento conseguiu transpor as barreiras e se perpetuar até os nossos dias.
Os hieróglifos desapareceram definitivamente com a dominação árabe (século VII d.C.). A introdução de um culto monoteísta no Egito e a proibição à representação da divindade através de imagens coincide com a presença na região de um povo semita, os hebreus. A escrita passa a ser a transposição direta da vontade de Deus, em forma de lei. Os israelita começam a ser identificados como o “povo do livro”. Enquanto no Ocidente a escrita se distanciava cada vez mais do desenho, no extremo Oriente (China, Coréia e Japão) os dois continuavam muito próximo. Com o advento da era cristã, quando símbolos e desenhos são amplamente empregados para difundir a nova religião, as pinturas voltaram a ser utilizadas também pelos hebreus. Os primeiros judeus-cristãos representaram episódios sucessivos da narrativa bíblica através de cenas delimitadas por molduras e dispostas em sequência não linear.
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