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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Por que chineses e até árabes querem a Turma da Mônica

Por EXAME

Em entrevista a EXAME.com, Maurício de Sousa diz que vive seu melhor momento no mundo dos negócios – e atrai o interesse de outros países


Mauricio de Sousa com o gibi da "Turma da Mônica Jovem", no escritório da Mauricio de Sousa Produções, na Lapa.
Maurício de Sousa: a Turma da Mônica é clássica como a Disney
Maurício de Sousa não tem dúvida de que seu negócio vive hoje o melhor momento financeiro da história. O pai da Mônica e da Magali é categórico em dizer que o “plano infalível”, que começou a ser rasurado há mais de 50 anos, finalmente está dando certo, e tanta segurança faz com que o empresário comece a esboçar outros “cartuns”, como a busca de parceiros estratégicos para investimentos e - por que não? -  a abertura de capital.

Em entrevista exclusiva a EXAME.com, ele afirmou que pessoas interessadas em investir em seus negócios não faltam. “Nossa última proposta foi de um grupo árabe. Eles queriam investir 1,8 bilhão de reais, mas não era o momento. Não estávamos preparados. Hoje já podemos voltar a conversar”, disse Maurício.  Cercado pelos personagens da turminha e por três barras de chocolate sobre a mesa, Maurício deu a seguinte entrevista:
EXAME.com – O que a China representa para os negócios da Maurício de Sousa Produções?
Maurício de Sousa – 
Nosso negócio com a China está apenas começando. O país é enorme e temos muito que crescer lá. Deu certo, porque fomos procurados por eles para ajudar na alfabetização das crianças chinesas e, depois que entramos nas escolas, fomos procurados também para desenvolver livros, material para TV e tiras de jornais. Os chineses  fizeram a análise do nosso trabalho que eu gostaria que fosse feita no Brasil: a de nossa proposta com a turma da Mônica tem relação com ética, coleguismo e solidariedade.

EXAME.com – Podemos dizer que é o maior negócio de vocês?
Maurício de Sousa –
 É o maior negócio, pois estamos diretamente ligados à educação de mais de 180 milhões de pessoas, mas fora do país, não é o negócio mais rentável. Fazemos material de TV para a Itália, este seria nosso maior retorno no mercado externo.

EXAME.com – Qual a posição da companhia no mercado externo?
Maurício de Sousa –
 As histórias da Turma da Mônica são traduzidas para 32 idiomas, mas devemos estar presente em cerca de 50 países. Claro que não temos todos os nossos trabalhos em todos eles. Falta, no entanto, incentivo no Brasil para  que a gente consiga levar nossos produtos licenciados. Estou brigando para que haja mais incentivos do governo, pois quando eu estiver em 100 países, quero vender nossa marca a preço de produto chinês.


EXAME.com – O que significou o fechamento do Parque da Mônica? Qual foi o impacto nos negócios?
Maurício de Sousa –
 Para os nossos negócios não significou  muita coisa; mas foi uma perda para o público que frequentava o local. Mas como foi uma decisão do shopping no qual o parque estava instalado, não tivemos muita escolha.

EXAME.com – Administrar parque de diversão não está mais nos planos da companhia. No entanto, há dois projetos em andamento.
Maurício de Sousa –
 Vamos construir dois parques, um ao ar livre, que será o Parque do Cebolinha, mas ainda não temos o local definido. Posso apenas adiantar que será na Zona Oeste de São Paulo. O outro será o Parque da Mônica, que deve ficar pronto até 2015 e será instalado dentro do shopping Nova 25 que está sendo construído na Marginal Pinheiros.

EXAME.com – Vocês estão atrás de sócios? Já têm alguém em vista?
Maurício de Sousa –
 Estamos em busca de parceiros estratégicos que tenham conhecimento no assunto. Já tenho os nomes em vista e o que posso adiantar é que são brasileiros, não serão sócios estrangeiros. Nosso negócio não é administrar parque de diversões.

EXAME.com – O que os licenciamentos representam para os negócios da Maurício de Sousa Produções?
Maurício de Sousa –
 Temos hoje entre 2.000 e 2.500 licenciamentos permanentes, em mais de 100 companhias. Eles representam cerca de 70% do nosso negócio e sempre soubemos que seria assim.

EXAME.com – É possível mensurar o faturamento de todos os negócios da Turma da Mônica?
Maurício de Sousa –
 Faturamento?! Nem eu sei, porque os números chegam para mim sempre fatiados. O que posso dizer é que nosso departamento financeiro vem fazendo um ótimo trabalho, pois estamos indo muito bem. Quando os gerentes de bancos vêm procurar a gente, digo que não preciso de nenhum reforço.

EXAME.com – Já pensou em IPO?
Maurício de Sousa –
 Sim. Já pensamos e já fomos procurados, mas não era o momento. Estávamos fragilizados, na época. Hoje temos mais estrutura para pensar nisso. Há muita gente querendo investir na gente. Nossa última proposta foi de um grupo árabe que queria investir 1,8 bilhão de reais. Não é nenhuma urgência, pois nossa meta é crescer organicamente. Investimentos muito agressivos podem atrapalhar a essência dos nossos negócios.

EXAME.com – Como definir o momento atual da companhia?
Maurício de Sousa –
 Estamos em nosso melhor momento, tanto financeiro quanto em desenvolvimento de projetos. Nossa meta agora é tornar os outros personagens da Turma da Mônica, como a Mônica. Ela é muito hegemônica e queremos que os demais personagens briguem com ela de igual para igual.

EXAME.com – Há alguma filosofia da Maurício de Sousa Produções?
Maurício de Sousa –
 Certa vez, um grande diretor da Disney perguntou quais eram os mandamentos da nossa companhia. Disse a ele que não temos os 10 mandamentos, como a Bíblia, mas temos apenas um único preceito: sempre, antes de desenvolver um produto, perguntamos se daríamos aquilo para nossos filhos. Se houver dúvida, nem levamos o projeto adiante. Tem dado muito certo.

EXAME.com – Por que a Turma da Mônica não sai de moda?
Maurício de Sousa –
 Muitos empresários costumam dizer que a Mônica é coisa do passado, mas não é. Ela sempre está em alta. Nosso material é clássico como os personagens da Disney. Além disso, temos a capacidade de sempre nos renovar. Está aí a Turma da Mônica Jovem que confirma isso.

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