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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Diário de um FLIQuante - Parte 9: pelos olhos dos outros!



Balanço geral da FLiQ


Fazer um evento juntando literatura e quadrinhos, e realizá-lo paralelo à CIENTEC (Feira de Ciência e Tecnologia da UFRN), foi uma aposta certeira de Rilder Medeiros, Osni Damásio e Francisco Alves. O Pavilhão da FLiQ (Feira de Livros e Quadrinhos de Natal) recebeu 90 mil pessoas ao longo de cinco dias de evento. Havia momentos em que era praticamente impossível trafegar no pavilhão, mas ainda assim o ar condicionado aguentou o tranco e não deixou ninguém ficar suado.

Pela primeira vez em nosso Estado, a arte sequencial foi tratada como uma mídia em si, trazendo profissionais de renome nacional e internacional para debater, apresentar seus trabalhos, ministrar oficinas e fazer lançamentos de HQs, não esquecendo dos artistas locais, que tiveram presença garantida no estande mais movimentado da FLiQ, além de ministrarem oficinas com conceitos básicos de roteiro, criação de personagem, desenho, arte-final e animação. A procura pelas oficinas foi grande e os alunos estavam ávidos em aprender como se faz uma HQ ou uma animação. A maioria era professor da rede pública (municipais e estaduais). Destaco aqui o empenho de alguns alunos, como o Tito, que fez todas as oficinas disponíveis.

Os colecionadores e fãs de quadrinhos não se continham de tanta alegria ao poder pegar autógrafos, sketches, tirar fotos e conversar com Spacca, José Aguiar, Rafael Coutinho, Geraldo Borges, Luyse Costa e João Henrique Lopes. Todos os convidados foram super gentis e bem humorados, e estavam loucos pra conhecer nossos quadrinistas, também. Houve aquela tão saudável troca de trabalhos, que muitas vezes não chegam facilmente às mãos de quem mora nas regiões Sul e Sudeste. Spacca e Aguiar, inclusive, mencionaram em suas palestras a importância dos eventos de quadrinhos em várias regiões do Brasil, pois são valiosos momentos de intercâmbio de ideias entre os artistas.

Foi bacana rever vários clientes da GHQ, como Jonas, Tupayba, Lúcio, Fernanda, o colecionador Nássaro Nasser, o Prof. Carlos Negreiro, e conhecer entusiastas da arte sequencial, como o Dyego Saraiva e o Renato, bem como a Prof. Dra. Cellina Muniz, que organizou um livro excelente com textos acadêmicos analisando os diversos fanzines produzidos no Brasil. Ouvir só comentários elogiosos sobre a FLiQ, desse pessoal todo, foi maravilhoso, pois eu vesti a camisa mesmo por vocês; pelo público que eu sabia existir aqui e que merecia um evento como esse.

Para os empresários que duvidaram da FLiQ, mostramos que fazer um evento agregando mídias, ao invés de segregar, atrai mais pessoas. Tanto que o público foi deveras heterogêneo, dos 8 aos 80 mesmo. Trouxemos mestres da literatura contemporânea brasileira, como Mário Prata e Fabrício Carpinejar, que dividiram o espaço com mestres e jovens talentos da arte sequencial e dubladores aclamados em todo o Brasil; além disso, atraímos os cosplayers, com um concurso bacana, que deixaram o pavilhão da FLiQ mais bonito e colorido, e puderam mostrar que seu trabalho é uma arte. Também estiveram presentes no pavilhão, o cosmaker e cosplayer pernambucano Dário Filho (trouxe inúmeros acessórios e camisetas para vender), cordelistas, diversos sebos de Natal, e algumas livrarias, como a Nobel, que selecionou ótimos títulos de quadrinhos. E o estande dos quadrinistas potiguares contou com duas participações especiais, o boardgamer Tendson Arthur (que levou uma pequena amostra de sua coleção, explicando aos curiosos um pouco sobre o incrível universo dos jogos de tabuleiro) e o empreendedor Manassés Filho, dono da comic shop Comic House, de João Pessoa (ele fez uma seleção de HQs nacionais massa, como Blue Note, do Shiko, A Balada de Johnny Furacão, do Sama, Taxi, de Gustavo Duarte, além de dois títulos de HQs francesas, editados pela Marca de Fantasia: Gêneses Apocalípticos + Os inefáveis, do Lewis Trondheim, e Quando tem que ser, do Killofer).

Obviamente enfrentamos problemas, como todo primeiro evento. Principalmente no tocante à estrutura das oficinas e à acústica (as bandas que tocaram no Circo da Luz atrapalharam diversas palestras e mesas-redondas no auditório da FLiQ). Algumas atrações tiveram mudança de horário e/ou local, o que desagradou a algumas pessoas, mas estamos anotando todos os erros para que possamos, em 2012 (se os patrocinadores permitirem), fazer um evento ainda melhor.

Agradeço a Rilder Medeiros (e a toda a equipe da Oficina da Notícia) por acreditar e somar forças para que a FLiQ acontecesse, me dando oportunidade de fazer parte da organização e acatando minhas sugestões. Agradeço também ao pessoal do Yujô Fest (Danielvis, Hilário, Sílvio, Illyana), que tem know how suficiente em eventos de cultura japonesa, e deu suporte para que o setor de quadrinhos da FLiQ ficasse mais diversificado. Foi uma semana cansativa para todos, mas totalmente gratificante.

A FLiQ deixou de ser um sonho para se tornar realidade, sendo bem aceita na cidade. Espero que entre para o calendário cultural de Natal e se torne atração anual.

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