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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Muito além do copia e cola

Por Marcelo Garcia - Ciência Hoje

Iniciativa interdisciplinar de professora da rede municipal 
de São Paulo estimula estudantes a utilizar diversas ferramentas 
disponíveis na internet para aprofundar seus conhecimentos 
sobre conteúdo de ciências apresentado em sala de aula.
Muito além do copia e cola
Imagem do curta de animação ‘SpermRacer’, um dos vídeos indicados no blogue criado e mantido pela turma da professora Gláucia Silva, autora de dissertação sobre o uso do blogue como ferramenta de auxílio ao ensino de ciências nas séries finais do ensino.
Estimular o uso de ferramentas disponíveis na internet para aprender ciência, 
a começar por um blogue. Essa foi a proposta desenvolvida pela pedagoga 
Gláucia Silva em seu mestrado na Faculdade de Educação da Universidade 
de São Paulo.
Professora de informática em uma escola municipal paulista, ela propôs 
uma parceria com a professora de ciências, Vânia da Silva Kosseki, para 
desenvolver um trabalho interdisciplinar, com a utilização de recursos
 como editores de vídeo, criadores eletrônicos de histórias em quadrinhos 
e até o YouTube.
A ideia era despertar nos alunos o interesse pela ciência, 
aproximando as matérias da escola do seu cotidiano.  
“No blogue, disponibilizamos links e vídeos de referência sobre os conteúdos 
que seriam abordados e propusemos uma série de atividades”, afirma Silva. 
“A temática foi escolhida pela proximidade com o dia a dia dos alunos e para acompanhar os conteúdos abordados pela professora em sala de aula.”
Tendo o blogue Aprender ciência na escolacomo ponto de partida, a iniciativa  procurou estimular alunos da 8º ano da escola municipal Profª Marili Dias, 
localizada em Anhanguera, periferia de São Paulo, a se aprofundar em um 
tema que tem tudo a ver com seu cotidiano de descobertas: a sexualidade.
“Os alunos desenvolveram, por exemplo, pesquisas na internet sobre o 
funcionamento dos aparelhos sexuais masculino e feminino, elaboraram 
histórias em quadrinhos on-line sobre dúvidas em relação a doenças
sexualmente transmissíveis e editaram vídeos abordando temas como 
gravidez na adolescência, além de outras atividades”, conta a professora.
As referências e os trabalhos produzidos e postados pela professora e 
pelos alunos continuam acessíveis aos interessados que queiram se inspirar 
na iniciativa.
blogue Aprender ciência na escola
Página principal do blogue ‘Aprender ciência na escola’, uma parceria entre professores de informática e ciências e de alunos de 8º ano para estimular o uso de ferramentas da internet e aprofundar o tema da sexualidade. (foto: reprodução)

Computador em sala de aula

Para Silva, o computador pode facilitar muito a tarefa do professor 
em sala de aula, mas essa parceria precisa transcender as aulas de 
informática. “A internet tem uma natureza interdisciplinar, nos dá 
acesso a uma grande variedade de informações e os professores 
deveriam utilizar essas possibilidades também em suas próprias aulas, 
aproveitando as salas de informática disponíveis.”
A resposta dos adolescentes aos exercícios propostos parece reforçar 
essa teoria. “De forma geral, percebemos um interesse grande das crianças 
pela tecnologia”, avalia a professora. “Elas são nativas desse meio digital 
e audiovisual, com computador, celular, internet, mesmo que tenham 
acesso limitado a ele.” 
Os professores têm a função de mostrar aos alunos como criar bases para uma utilização crítica das ferramentas da internet
Silva ressalta a função do professor de mostrar aos alunos como criar bases para uma utilização crítica dessas ferramentas, empregá-las como alternativas para expandir seu conhecimento e não apenas como passatempo ou simples fonte para reprodução das informações, sem reflexão. “Percebemos, por exemplo, que a oportunidade de divulgar, especialmente entre os colegas, os conteúdos produzidos por eles mesmos estimulou bastante os alunos”, recorda.
A professora chama atenção, ainda, para a preciosa contribuição 
dos próprios adolescentes para a implementação desse tipo de estratégias 
de ensino. “Eles possuem sua própria relação com a tecnologia 
e considerar as possibilidades tecnológicas trazidas por eles pode 
nos dar importantes alternativas para combinar o ensino da informática 
e das diversas disciplinas com o cotidiano desses jovens”, conclui Silva. 

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