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domingo, 24 de junho de 2012

Rubens Jr. Fala de sua paixão e profissão pela Nona Arte: As histórias em quadrinhos.

Por Demma K. - Alô Artista

Desde garoto, Rubens Junior adorava ver desenhos, lutas, filmes e, apesar de sua mãe e irmã desenharem muito bem, ele se considerava o pior desenhista de sua classe. Do nada veio uma inspiração, e ele que era tímido e só desenhava quando estava sozinho, fez um belo desenho. A partir daí a sua vida mudou. Ele não parou mais, começou a desenhar profissionalmente durante a adolescência e resolver se profissionalizar na coisa fazendo diversos cursos. Atualmente Rubens tem um blog sobre quadrinhos e também já possui a sua própria empresa que presta diversos serviços relacionados a artes e desenhos. Ele vai colaborar aqui no AlôArtista escrevendo e comentando sobre desenhos considerados a "nona arte".

AlôArtista-Você descobriu o desenho com sete anos de idade, O que foi que deu o click para isso?
Rubens Jr - Sempre fui apaixonado por desenhos, mas não tinha aptidão nenhuma para isso. Aos 7 anos de idade, após assistir aos episódios do Jaspion e Changeman, resolvi tentar desenhar um dos personagens da série. Para minha surpresa, o desenho ficou muito semelhante ao original e resolvi tentar novamente, desenhando os outros personagens. A cada desenho o resultado ficava melhor, aumentando minha paixão e inspiração por esta arte.

AlôArtista - O que você desenhava nesta época e o que te inspirava mais? Conte um pouco de seu envolvimento com os quadrinhos.
RJ- Até os 8 anos eu desenhava apenas robôs, inspirado nas próprias séries japonesas que assistia, como Jaspion, Changeman, Jiraya, Giban, etc. Até que meu primo começou a me enviar alguns de seus trabalhos e quadrinhos antigos para me dar novas referências visuais. Em seus trabalhos, ele desenhava muitos animais e anatomias, e as hq´s que me enviava eram todas de super-heróis musculosos. Logo minha inspiração mudou dos robôs para os músculos e, junto com esta mudança nos meus desenhos, comecei a ler e colecionar os quadrinhos que ele me enviava.

AA-Decidido a viver dos seus próprios desenhos, já aos 14 anos de idade você comercializava alguns para grandes empresas, fale um pouco da presença desta arte na sua adolescência...
RJ-Aos 13 anos, eu e minha família morávamos em uma cidade pequena, onde alguns serviços, principalmente aqueles relacionados a artes, desenhos e design eram tercerizados para artistas de cidades vizinhas. Até que a diretora de minha escola me indicou ao gerente do Senac, e comecei a produzir ilustrações para as palestras, cursos e apostilas desta empresa. Com isso, meu nome e meu trabalho começaram a ficar conhecidos na região e muitas outras empresas como Fisk, Mater Dei, Dunames, etc, começaram a contratar meus serviços. Devido a minha inexperiência, eu não cobrava bem os trabalhos. Mas o valor que ganhava era suficiente para investir em minha coleção de quadrinhos, e isso me deixava satisfeito.

AA-Pensando em abrir novas possibilidades você estudou design gráfico e já trabalhou em diversas áreas de comunicação visual, o quanto isso foi importante para sua carreira? 
RJ-Ao chegar em São Paulo, comecei a estudar quadrinhos e pegar alguns trabalhos freelancers. Nestes trabalhos, os clientes me pediam para desenvolver logomarcas, cartões de visitas, anúncios, folders, e eu percebi que não sabia fazer nada disso. Para conseguir me sustentar financeiramente, mudei meu curso para design gráfico e me apaixonei por esta profissão, pois percebi que ela engloba toda área de comunicação em massa, desde imagem gráfica, video, web, etc., ao invés de me limitar somente ao desenho. Após em formar, criei todo material publicitário para empresas de amigos, atuei 5 anos como designer em uma editora, atuei 2 anos como Diretor de Comunicação de uma grande empresa, até abrir minha própria agência. No começo, achei que estava mudando dos quadrinhos para o design, mas logo percebi que havia escolhido uma profissão que ampliou completamente meus horizontes e, inclusive, melhorou meu trabalho com quadrinhos.

AA-Hoje você tem a sua própria empresa, que tipo de serviço faz e qual é o seu tipo de clientela?
RJ-Eu estruturei minha empresa de forma que não se limitasse a apenas uma área, mas explorasse todo o potencial de minha formação profissional. Ficou assim:
- FENIX | Design e Publicidade: Aqui produzimos materiais para empresas de todos os portes à partir da logomarca e branding, até os produtos de marketing direto e indireto como cartão de visita, folders, flyers, catálogos, fachadas, banners, cartazes, design para cd, dvd, entre outros.
- MARRY | Produções em Vídeo: Aqui fazemos a captação de imagens e áudio com foto e vídeo de eventos em geral, e desenvolvemos o produto final em DVD, Blu-ray, álbuns, etc.
- OS QUADRINHOS: Aqui é onde produzo meus quadrinhos e divulgo a nona arte em geral. Aqui tenho também o blog, onde realizo eventos, concursos, posto matérias, artigos, críticas de revistas, indico artistas, etc. Quadrinhos no Brasil ainda é algo à ser valorizado, por isso este ramo da empresa é importante.

AA-Como você vê os quadrinhos atuais? Os saudosos quadrinhos antigos ainda são imortais? De quem você é fã? Quem são os feras dos quadrinhos hoje em dia na sua opinião?
RJ-De uma forma geral, a indústria dos quadrinhos está passando por uma fase muito boa. Existe muito material de qualidade circulando o mercado e a internet facilita muito o acesso a estes produtos. Mas tudo que é bom é eterno, não importa a época em que foi lançado. Na minha adolescência eu curtia muito o estilo comics americano, mas hoje eu aprecio todos os estilos, como mangas japoneses, bd portuguesas, fumetti italiano, quadrinhos brasileiros, principalmente quando os trabalhos são ilustrados com estilos alternativos. Nosso gosto vai mudando com a maturidade. Meu personagem favorito ainda é o Wolverine, devido a seu caráter extremamente humano e convincente. Quanto a artistas, a lista é imensa. Mas posso destacar primeiro o melhor do mundo (desde sempre) Bill Sienkiewicz, o clássico Darwin Cooke, o básico John Romita Jr., o eterno Will Eisner, e uma boa revelação do mundo, Rafael Grampá (brasileiro).

AA-Você já teve alguma revista que publicasse seus trabalhos? Quais são as dificuldades do setor e o que poderia ser feito para melhorar? Fale um pouco de suas criações e de seus personagens?
RJ - Referente a quadrinhos, publiquei minhas charges na revista Tecnologia & Vidro durante 5 anos. Breve a editora publicará uma edição especial com todas as charges já veiculadas na revista. Em 2002 publiquei a revista ilustrada Temas Modernos para todo o Brasil. Em 2009 publiquei o primeiro livro do meu personagem Cris (jcomunicacao.com/cris), e suas revistas de quadrinhos e atividades estão saindo. Mas, no Brasil, sobreviver trabalhando apenas com quadrinhos é quase impossível. O artista deve ser muito versátil para sobreviver neste ramo, transitando entre quadrinhos, serviços editoriais, publicitários, etc. Os quadrinhos, assim como as outras formas de arte, ainda são vistas apenas como um hobby, e não como algo necessário para despertar o talento dos jovens e desenvolvê-lo pela vida. O mercado artístico irá melhorar apenas quando esta visão sobre a arte mudar.

AA-Recentemente você criou uma página para falar de quadrinhos originais, e isso tem atraído muitas pessoas, qual o diferencial que seu blog tem?
RJ-O maior diferencial que meu blog tem é que eu priorizo as críticas. Não perco muito tempo divulgando eventos, novidades e notícias gerais do universo dos quadrinhos. Eu posto alguns trabalhos e elaboro um artigo sobre eles, elogiando os melhores, sempre priorizando revistas e personagens difíceis de encontrar na net. Para o público, isso tem 2 vantagens principais:
- Se você não conhece nada sobre quadrinhos e, por algum motivo, se interessou e quer conhecer mais sobre esta área, o blog é um ponto de partida perfeito para estes iniciantes. Pois tudo é postado de forma que os leigos entendam e consigam acompanhar.
- Como posto algumas raridades, os aficionados por quadrinhos adoram acompanhar e descobrir tais revistas.

AA-Em breve você estará comentando quadrinhos aqui no AlôArtista, poderia nos adiantar um pouco sobre as suas colunas e o que os leitores vão encontrar?
RJ-Eu fiquei muito feliz com o convite, pois é mais uma mídia onde podemos divulgar a nona arte. Como o espaço e o público do site é unicamente composto por artistas de diversas áreas, vou iniciar minha coluna publicando artigos e revistas que realmente sejam produzidas por artistas, e não por meros desenhistas. Acho que será interessante mostrar uma obra em quadrinhos, e escrever sobre a carreira do autor, suas dificuldades e inspirações para concluir o trabalho, seu processo de criação, etc. Desta forma, o público do AlôArtista terá uma conexão, identidade e troca de experiências na vida de outros artistas que poderão lhe ser úteis, além de curtirem uma boa literatura em quadrinhos. Mas, de qualquer forma, através do meu blog percebi que este trabalho pode ser reformulado diariamente. Então a gente vai publicando os artigos, e vamos nos adaptando ao público, melhorando o trabalho cada vez mais.

AA-Parar finalizar deixe alguns conselhos e dicas para nossos leitores e aos apaixonados pelos quadrinhos como você?
RJ-Meu melhor conselho é que o público tente entender a essência da obra em quadrinhos. Sem aquele antigo preconceito de que "quadrinhos é coisa para criança" (que eu também já tive). O autor das hq´s sempre veicula grandes verdades profundas sobre a vida real, independente de quão imaginário seja o seu personagem. Se você conseguir compreender o conteúdo psicológico além dos desenhos e dos textos, vai desfrutar muito mais e muito melhor este universo, e tirar grande proveito para sua vida, assim como em um bom livro, em boas amizades, em bons hobbies. Assim como faço em meu blog, é isso que vou tentar deixar explícito na minha coluna no AlôArtista.

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