Uma das queixas mais repetidas sobre o trabalho de Mauricio de Sousa e da MSP é o fato de haver pouco destaque para quem realmente faz, hoje, as histórias em quadrinhos do estúdio. Por mais que o próprio Mauricio ainda se envolva muito com o dia-a-dia, todos aqueles que produzem os grandes trabalhos que vemos nas bancas são pouco valorizados. O único nome que aparece em todos os gibis publicados é, inevitavelmente, o do próprio Mauricio.
Claro que a internet tem diminuído essa distância entre os leitores e aqueles que realmente produzem as HQs da MSP. No entanto, falta um contato com um público maior, mais abrangente. Por sorte, o encadernado Ouro da Casa (Panini Comics/Mauricio de Sousa Editora, 200 páginas, R$ 49,90 na versão brochura e R$ 64,90 com capa dura) chega não apenas para apresentar esse grupo anônimo aos leitores, mas também como uma grande homenagem para esse pessoal que tem nos levado há décadas para um mundo fantasticamente divertido.
Ouro da Casa pega emprestado a fórmula da série MSP 50, que teve três volumes com quadrinistas convidados reimaginando os personagens criados por Mauricio de Sousa. Agora são os próprios funcionários da MSP que, de alguma forma, recriam estes mesmos personagens – tudo, claro, com os devidos créditos ao trabalho deles.
A HQs misturam diversos estilos. Vão daqueles mais próximas do que é o padrão do Mauricio até outras mais inovadores, com traços diferenciados, novos estilos de narrativa… Como são muitas HQs e desenhos, citar alguns em detrimento de outros seria uma grande falta de consideração com todos que colaboraram. Por isso, deixo aberto para você ler Ouro da Casa e descobrir as novas interpretações da Mônica, Cebolinha, Tina, Astronauta, Piteco… Quer dizer, nem todas são NOVAS interpretações, algumas HQs caberiam até nos gibis de linha da MSP — algo até que seria interessante, trazendo uma nova energia para publicações que repetem o mesmo estilo há décadas (não que isso seja, exatamente, ruim).
É importante ressaltar que Ouro da Casa não acaba nas HQs. O editor Sidney Gusman fez um grande trabalho não apenas dando voz para os inúmeros artistas da casa, mas também dando rosto e contorno para eles. No final do encadernado há uma série de perfis dos profissionais que colaboraram com a edição, finalmente apresentando todos aos leitores.
Para fechar, o álbum ainda conta o passo a passo da produção de uma história em quadrinhos dentro do estúdio.
Como o próprio Sidney explica na abertura da publicação, tudo isso foi feito porque os profissionais da Mauricio de Sousa Produções não são “pratas da casa”. Como bem definiu o Mauricio de Sousa, “eles valem ouro”.
Quem sabe um dia o nome destes quadrinistas dourados também não mereçam aparecer em todas as revistas da casa, não é?
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