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sábado, 23 de março de 2013

Nêmesis, de Mark Millar e McNiven, é tecnicamente perfeito. Mas sabe quando falta algo?!

Mark Millar é um dos mais prolíficos quadrinistas da atualidade. O escocês consolidou o nome na Marvel, assinando o roteiro de HQs como Os Supremos e Guerra Civil. No entanto, ele é muito mais do que isso. Millar já escreveu de Sonic a 2000 AD e, na última década, explorou com muito sucesso o mercado independente e autoral. Foi dessa exploração que veio Kick-Ass.
Agora, tudo que Millar faz é cercado de expectativa. Nesse sentido, a Panini lançou no Brasil Nêmesis(Panini Books, 112 páginas, R$ 21,90), encadernado que reúne as quatro edições da minissérie Millar & McNiven’s Nemesis. Nos EUA, o material foi publicado pelo selo Icon (da Marvel) em 2010 e chega ao Brasil por meio de um licenciamento direto com a Millaworld.
 
Bem, digamos que quando a história começa, parece que todas as expectativas serão atendidas. O álbum começa nos apresentando o vilão-título, Nêmesis. Trata-se de um personagem com um grande treinamento, sanguinário e calculista, no exato oposto do Batman — inclusive, Nêmesis usa um uniforme todo branco. Um cara que não está preocupado em prender criminosos e ajudar a polícia. Na real, Nêmesis tem como objetivo MATAR os principais chefes de polícia do mundo.
O próximo grande objetivo do vilão é derrotar um famoso policial dos EUA, Blake Morrow, que fisicamente lembra bastante o ator Peter Weller (do filme Robocop). Um cara tão importante e bom no que faz que tem aspirações políticas. E é partir daí que, de certa forma, o gibi desanda.
Veja bem, não me entenda mal. Tecnicamente, Nêmesis é perfeito. Ao que se refere ao trabalho de Millar, ele cria um roteiro cheio de ação, explosões, tiros e MUITO, mas MUITO sangue. O personagem principal é bem forte e o antagonista também é. Aliás, a ideia de inverter os papeis (o protagonista é o vilão e o antagonista é o herói) é muito boa.

Nêmesis tirando uma MOTO de dentro de um CARRO. Isso te lembra alguém? 
Na arte, McNiven faz um ótimo trabalho. Ele, que fez a arte do crossover Guerra Civil, estava em um ótimo momento ao desenhar Nêmesis. A violência gráfica está incrível e as splash pages (artes que ocupam toda a página) não só funcionam muito bem dentro da história, como também são incrivelmente bem desenhadas.
Só que, mesmo com tudo isso, o gibi não empolga. Parece que falta algo. Algo que faz com que o leitor não compre a ideia da história.
Talvez mais uma ou duas edições contando um pouco mais do enredo, explorando Nêmesis e Morrow, tivessem ajudado nisso. Ou ainda um trabalho menos conservador na diagramação por parte do McNiven. As artes estão incríveis, sim, mas os quadrinhos são muito certinhos, não há páginas duplas ou alguma coisa realmente fora do comum, rompendo os containers nos quais a história é contada. É como se o visual das páginas não combinasse com o conteúdo.
Porém, o que realmente colabora nesse sentimento de vazio ao terminar de ler Nêmesis são as últimas páginas. Na tentativa de surpreendente novamente, Millar acaba desconstruindo o personagem principal de uma forma que joga por terra a imagem mental do vilão criada quando o leitor acompanha a primeira parte do encadernado. Se, sei lá, o encadernado acabasse na página 99, seria uma história muito melhor.
É, infelizmente, Nêmesis termina com um sonoro “cuén”. :/
Pelo menos a Panini faz um ótimo trabalho com a edição nacional. Com capa dura e acabamento de luxo, Nêmesis chega por um preço ótimo (R$ 21,90 por tudo isso é barato!) e extras como capas e trechos do roteiro.
Bom, uma coisa é certa: Nêmesis teve os direitos comprados pela FOX e será, em algum momento, adaptado para o cinema. Talvez na tela grande, com um bom diretor e um bom roteiro, a história funcione melhor, não é?
Fica aí a torcida…
Via Judão

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