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sábado, 8 de março de 2014

A peça que faltava era Hollywood

Após mais de uma década criando bonecos de sagas famosas do cinema como Star Wars e Harry Potter, a Lego faz sucesso nas telonas com seu próprio filme

No começo dos anos 2000, a dinamarquesa Lego era uma empresa em declínio, sem conseguir juntar as peças de sua estratégia e vergada por pesados prejuízos. Dez anos depois, a companhia que ficou famosa por suas peças de montar de plástico protagonizou uma das mais sensacionais voltas por cima do setor. No ano passado, seu lucro cresceu pelo nono ano consecutivo e ela tornou-se a segunda maior fabricante de brinquedos do mundo, com faturamento de US$ 4 bilhões, atrás apenas da americana Mattel, que produz a boneca Barbie e os carrinhos Hot Wheel. O longa-metragem Uma Aventura Lego, produzido pelo estúdio Warner Bros., marca, definitivamente, a ressurreição da empresa.
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Ressurreição: o sucesso do longa-metragem marca a volta por cima da empresa,
que é hoje a segunda maior marca de brinquedos do mundo 

Lançado no começo de fevereiro, a animação arrecadou US$ 69 milhões em seu primeiro fim de semana. O ganhador do Oscar de melhor filme, 12 Anos de Escravidão, por exemplo, faturou apenas US$ 920 mil. A música tema do filme Everything is Awesome (Tudo é incrível) é um dos hits do YouTube e já foi acessada por mais de 1,3 milhão de pessoas. O cuidado em torno do filme foi tanto que a obra demorou nada menos do que cinco anos para ficar pronta. A preocupação do CEO da Lego, Jørgen Vig Knudstorp, e seu time de executivos era, principalmente, com o DNA dos brinquedos, produzindo um filme que unisse o melhor de Hollywood ao estilo conservador da fabricante dinamarquesa. 
Cenas de beijo e piadas polêmicas ficaram de fora do roteiro. “Eles nos avisaram que os pais não gostariam de ver os bonecos se beijando e estavam certos”, disse Dan Lin, produtor do filme e executivo da Warner Bros. à publicação Bloomberg Businessweek. “Testamos diversas vezes a versão antes de ser finalizada e os pais sempre ficavam incomodados com as cenas de beijo.” Com dublagens de atores americanos de peso, como Will Ferrell, Chris Pratt, Morgan Freeman e Liam Neeson, o filme conta a história do operário Emmet e seu grupo de amigos que querem acabar com a tirania do chefe de Bricksburg, onde só é possível montar os blocos de maneira pré-determinada, eliminando qualquer rastro de criatividade. 
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Bom negócio: dirigido por Phil Lord (à esq.) e Chris Miller, Uma Aventura Lego
arrecadou US$ 69 milhões no fim de semana de estreia
Clara, a mensagem do filme, que custou cerca de US$ 60 milhões, é um dos trunfos para o sucesso da marca. “Em tempos supertecnológicos, a Lego passa uma imagem nostálgica que faz com que os pais queiram brincar com os filhos novamente”, afirma Júlio Moreira, consultor de branding e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo. Não por acaso, o filme é seguido por lançamentos de mais bonecos de ação, cenários para montagem, livros, lancheiras, pijamas e o que mais couber nas prateleiras das lojas infantis. A aventura da Lego pelo cinema começou em 1999. 
Naquele ano, a companhia dinamarquesa adquiriu os direitos de imagem da saga Star Wars do estúdio Lucasfilm e lançou sua primeira coleção de bonecos de ação temática. As relações com os estúdios se fortaleceram com a chegada de Knudstorp à presidência em 2005. Nesses nove anos, foram mais de dez lançamentos do tipo, como O Senhor dos Anéis, Piratas do Caribe, Simpsons e Toy Story. Hoje para comprar as 12 linhas temáticas principais da marca seriam necessários quase US$ 5 mil. “As crianças juntam o Dumbledore (da saga Harry Potter) e o Batman em um mesmo cenário e adoram isso”, afirma Weifert. 
Em Uma Aventura Lego, por exemplo, os super-heróis Super-Homem e Lanterna Verde, o alienígena Chewbacca, Robin Hood e até o presidente americano Abraham Lincoln aparecem juntos. Com essa fórmula, já foram arrecadados mais de US$ 210 milhões em apenas um mês. O montante nem sequer chega perto do que a Lego deve faturar nos próximos meses com os produtos baseados no filme. “Com o sucesso de Uma Aventura Lego passa a existir um terceiro tipo de filme nesse mercado”, diz Lin, da Warner Bros. “Há as adaptações de histórias em quadrinhos, as animações e agora os filmes Lego.”
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Via Isto É Dinheiro

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