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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Coletânea de Bob Cuspe

Seguindo os passos do que já vez com a Rê Bordosa em 2012, a Companhia das Letras, através de seu selo Quadrinhos na Cia, anunciou para outubro Todo Bob Cuspe, edição com 216 páginas  no formato formato 19,5 x 26,5 cm, ao  preço de R$ 68,00, mas podendo ser encontrada em algumas livrarias em pré-venda por R$ 57,90.

Algumas pessoas têm resposta para tudo. Tiram do chapéu teorias, ideias e grandes argumentações. Pode até funcionar de vez em quando, mas não contra ele. Ele também tem resposta pra tudo. A mesma, em todas as ocasiões. E não se conhece ninguém que tenha resistido a ela. Político, artistas, socialites, modernetes, publicitários, colunistas de jornal e mauricinhos. Todos eles tentaram, todos eles falharam. A resposta vinha de um buraco de esgoto: CUSP.
Uma das criações máximas de Angeli, Bob Cuspe foi a grande resposta do cartunista aos excessos dos anos 1980, á hipocrisia reinante da elite cultural e financeira, á vida espalhafatosa e deslumbrada dos yuppies que vicejaram no Brasil após o fim da ditadura. Seu brinco era em grampo, suas roupas não passavam de trapos, a porta de sua casa era um bueiro e suas bandas eram os Ramones, Ratos do Porão, os Sex Pistols e o The Clash. Seus inimigos estavam por toda parte.
Assim como Rê Bordosa, Wood & Stock, Benevides Paixão e Mara Tara, Bob Cuspe fez história na revista Chiclete com Banana, grande marco do quadrinho independente brasileiro. Com tiragens que chegavam a 100 mil exemplares mensais, a Chiclete foi um dos símbolos da redemocratização. Se Rê Bordosa apontava mudanças nos costumes e na vida social do paulistano, Bob Cuspe serviu para encapsular a frustração, a raiva, os anseios e a revolta dos desfavorecidos.
Todavia, quem espera encontrar nestas histórias militância e proselitismo veio ao lugar errado. A resposta de Angeli está à altura da pergunta: ácida, cruel, sem concessões, uma cusparada na cara de tudo o que está aí.
Via HQM

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