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quarta-feira, 8 de junho de 2016

DA HISTÓRIA DAS HQS NO RIO GRANDE DO NORTE

Por Milena Azevedo -  SUBSTANTIVO PLURAL
Os quadrinhos começaram a fazer história, em terras potiguares, no ano de 1959, quando o desenhista Poti (José Potiguar Pinheiro) escreveu e ilustrou a HQ A conquista do fogo através dos tempos, publicada de forma seriada no suplemento Recreio, do Jornal Diário de Natal.
No início da década de 1970, muitos leitores de quadrinhos já haviam começado a produzir suas próprias histórias, em Natal. E para conseguir informações técnicas mais precisas (tipo de papel, de lápis, de pincel), leituras, pesquisas e trocas de experiências eram feitas entre jovens que conseguiam títulos nacionais e importados, principalmente da Europa.

Com isso, em 1971 foi organizada a 1ª Exposição Norte-Riograndense de Histórias em Quadrinhos, na Biblioteca Câmara Cascudo, em Natal, que serviu de base para a formação do Grupo de Pesquisa de Histórias em Quadrinhos, o GRUPEHQ, encabeçado por “Don” Brasil, que alguns anos depois passou a mostrar os trabalhos de seus componentes na revista Maturi.
Nesses quarenta e cinco anos, o GRUPEHQ fez escola, sendo renovado por promissores desenhistas, entre eles Marcio Coelho e Williandi Albuquerque, os quais foram convidados a participar das coletâneas MSP +50 e MSP Novos 50, em homenagem aos 50 anos de profissão do Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica.
A geração posterior ao GRUPEHQ foi centrada no Estúdio Reverbo, capitaneado pelo desenhista e colorista Lula Borges, que no final da década de 1990 lançou duas revistas focadas em super-heróis regionais: Bio 47 e Brado Retumbante. Das páginas dessa última, uma das personagens que mais se destacou foi Cabala, criação de Miguel Rude e Lula Borges, que teve aventuras publicadas na revista Grandes Encontros, uma coletânea nacional de histórias com super-heróis brazucas.
Ainda no gênero de super-heróis, do interior do estado do Rio Grande do Norte surgiram nomes que vêm fazendo bonito no cenário das HQs independentes: Wanderline Freitas (Eni Guima e Urubu Man), Francinildo Sena (Crânio) e Rodrigo Fernandes (Bispo).
Hoje, temos uma gama de exímios “artistas do traço”, que abraçaram a criação de histórias em quadrinhos como profissão e têm seu talento reconhecido no Brasil e no exterior.
Um desses quadrinistas é o macauense Gabriel Andrade Jr., artista exclusivo da editora norte-americana Avatar Press, e o segundo brasileiro a trabalhar com o lendário roteirista Alan Moore.
Wendell Cavalcanti também vem se destacando nos EUA, entre trabalhos de selos indie (The Adventures of Paula Peril) e séries para grande editoras (BlackAcre, da Image Comics). Na produção local, sua parceria com Jamal Singh vem rendendo bons trabalhos, como Cajun – o Bom Franjou, e Boca do Lixo.
A jovem Giovana Leandro (Eudetenis) é artista certificada internacionalmente pela Manga University (Faculdade de mangá japonesa), com diversos trabalhos tanto para mangás quanto concepts para jogos de videogame.
Já o Coletivo K-ótica fez a migração da internet para o papel e, em 2014, emplacou a 1ª graphic novel potiguar: O Evangelho Segundo o Sangue.
Essa que lhes escreve também é roteirista e organizou duas coletâneas nacionais, Visualizando Citações e Fronteira Livre (essa em parceria com outros três artistas), as quais concorreram, respectivamente, ao Troféu HQ Mix (maior prêmio de quadrinhos do Brasil) e também na categoria “Quadrinho Alternativo”, no Festival de Angoulême, na França.

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