Por Segs
1º CINEZEN LITERÁRIO lotou a Ao Café no sábado; houve sorteio de livros para o público e arrecadação de alimentos em prol da Casa Vó Benedita
Neste sábado, 20h, a Ao Café recebeu a primeira edição do CINEZEN LITERÁRIO. O debate, realizado com o intuito de abordar o meio literário na Baixada Santista, as possibilidades de publicação, as dificuldades no segmento e o que pode ser feito para melhorá-lo, contou com a presença dos escritores Cláudia Brino, Madô Martins, Márcio Callegaro, Regina Alonso, Sidney Sanctus, Valdir Alvarenga e Vieira Vivo – autores de relevante papel na fomentação cultural da região. Os sete deram suas visões sobre o tema e responderam perguntas do público. André Azenha, jornalista a editor do CineZen, mediou o bate-papo.
Mais de 60 pessoas estiveram no evento, inclusive colegas de literatura, a exemplo de Ari Mascarenhas, da Algol Editora, que veio de São Paulo, Carlos Gama, Maria José Goldschmidt, Marcelo Rayel Correggiari e Jaíra Presa. Mas não foram apenas profissionais da literatura que apareceram. O CINEZEN LITERÁRIO atraiu pessoas de diferentes artes: do teatro, o dramaturgo e diretor Roberto Massoni, o também diretor e ator Fabiano Santos; do audiovisual, os cineastas Carlos Oliveira e Madeleine Alves; das artes plásticas, Waldemar Lopes. Também compareceram a diretora da Aliança Francesa de Santos, Maria de Lourdes Beco; jornalistas, colaboradores do site (Tatiane Matheus, Marcus Morais, Rafael Ponzio) e, claro, gente interessada em curtir uma noite agradável, regada a cultura, bom papo.
“É fundamental para a democratização cultural que eventos assim aconteçam. A tendência é que, cada vez mais, encontros independentes sejam realizados em estabelecimentos como a Ao Café, cujo perfil dos empresários transcende apenas a busca por lucro. Há um conceito: a união de gastronomia com um lugar de incentivo à cultura, às artes. Como também há o Espaço Teatro Aberto, no Centro de Santos, e a Millor, no Gonzaga. A proposta do CineZen é colaborar na propagação da cultura, desse movimento”, diz André Azenha.
O debate teve início com a palavra de Maurício Tenreiro, proprietário da Ao Café. Em seguida, André Azenha apresentou cada debatedor (leia mais sobre cada um após a matéria do encontro). O primeiro tema abordado foi a atual situação da literatura na Baixada e como melhorá-la. A seguir, trechos do debate:
Segundo Cláudia Brino, da editora Costelas Felinas, o segmento vive bom momento. “Há bastante gente escrevendo, produzindo, os artistas se movimentam para divulgar as obras. Mas falta apoio público e da imprensa regional”. Vieira Vivo, que também dirige a Costelas Felinas, cobrou um espaço voltado para os artistas regionais no principal jornal diário da cidade. “Meu sonho, utópico, é que um dia haja uma Galeria só com notícias e notas da cultura na Baixada Santista”. O escritor ainda comentou a atuação de sua editora, que faz livros de tiragens curtas. “Colegas, por falta de experiência, acabam lançando livros de 500, 1000 exemplares. No lançamento, podem vender 300, mas ficam com o resto estocado. Nós fazemos um trabalho para que o autor lance a quantidade de exemplares conforme sua vontade. E sem precisar lidar com toda a burocracia”.
Regina Alonso lembrou a boa experiência que teve com a All Print, da capital paulista, pelo qual lançou “Vento Noroeste” recentemente. “Deu tudo certo. E todo o contato aconteceu por email”. Regina destacou outro obstáculo enfrentado pelo autor santista, que é a falta de espaço em livrarias da região. “Fiz o lançamento (de ‘Vento Noroeste’) na Martins Fontes, de São Paulo. O maior problema, no entanto, foi conseguir lançar na Martins Fontes de Santos. Que tal, essa vitrine tão grande, ter espaço para os escritores da região?”.
Sidney ressaltou a importância da troca entre autor e público, como eventos do gênero. Também considera bom o momento literário da Baixada. “Há muita gente escrevendo, participando, querendo mostrar o seu trabalho. Santos tem tradição em poesia”. Porém, aponta a dificuldade do escritor em publicar, mostrar a obra. “Por isso que a maior parte dos presentes foi partir para o meio independente. É um trabalho de formiguinha, tentando sempre levar arte e poesia para as ruas. Para melhorar esse quadro, em âmbito público, tanto federal, estadual como municipal, deveria haver maior apoio. Com concursos, prêmios bons, maior espaço na mídia”.
“Depois de muitos anos de estagnação, penso que a região está bastante ativa, agitada, criativa em termos literários”, afirma Madô Martins. “Finalmente escritores das mais diversas correntes literárias estão se comunicando e trocando influências. Exemplo daqui. Há também a interação com artistas de outras áreas. Coisa que não acontecia. Cinema, dança, teatro, tornam a literatura mais acessível para a população. Às vezes, a pessoa não gosta de ler, adquirir livros, mas conhece nossa obra por outra arte”, afirma.
Márcio Callegaro, que participou da antologia “Contempoemidade”, pela Algol, por onde lançará seu primeiro romance ainda esse ano, apontou que os escritores, antes de tudo, precisam estudar, entender o mercado. “O autor tem que ser autocrítico, estudar. Conhecer o meio em que atua”. Paulistano de nascimento, mas em Santos desde 1997, Márcio disse que nunca pensou apenas em um mercado santista. “Não escrevemos apenas para um lugar. Escrevemos para o mundo. O escritor precisa divulgar sua obra em outras cidades, pesquisar concursos, etc. O trabalho deve chegar ao leitor, não importa onde”.
Valdir Alvarenga, editor da Mirante, que publica desde autores consagrados, contemporâneos e novos nomes da literatura, concorda que há bastante gente produzindo e diz que é preciso incentivar os novos talentos. “Nem todos os textos que chegam para a Mirante são tão bons, mas deve haver espaço para as pessoas mostrarem suas obras”.
Por volta das 21h40, aconteceu o intervalo, quando rolou o sorteio de cerca de 20 obras, entre livros e revistas de autoria dos debatedores, mais um exemplar do então inédito “Conjeituras, Sobretudo”, de Carlos Gama. Depois, foi a vez do público perguntar. Temas como a reforma ortográfica, as academias de letras, e apoio governamental renderam discussões construtivas.
As perguntas que não tiveram tempo para respostas no evento, foram encaminhadas e serão respondidas via email. Durante o encontro, um poema de cada escritor do bate-papo esteve exposto. Antes do encerramento, Roberto Massoni presenteou a todos ao declamar “Cântico Negro”, de José Régio, quando foi recebido com aplausos empolgados. As latas de leite em pó e quilos de alimento não perecível arrecadados em prol da Vó Benedita serão enviados ainda esta semana. Novos contatos foram feitos, profissionais que não se conheciam pessoalmente, tiveram a chance de trocar ideias, mais uma semente está plantada. Em breve, divulgaremos vídeo do evento e mais detalhes do debate. Abaixo, os perfis dos escritores participantes do CINEZEN LITERÁRIO:
Cláudia Brino: Criadora da Editora Costelas Felinas, diagramadora, autora de 13 livros publicados, fotógrafa, ativista cultural. Fundadora e coordenadora do Clube de Poetas do Litoral (CPL). Diretora de performances poéticas, co-editora da revista lítero-temática Cabeça Ativa. Contato: cac...@gmail.com.
Madô Martins: Escritora e jornalista, autora de obras em prosa e verso, várias delas premiadas e impressas em Portugal e diversos estados brasileiros. Tem nove livros publicados: “Doce Destino” (poesia), “Paixão e Morte” (contos), “Pensando em Verso” (infantil), “O Jacaré da Lagoa” (infantil), “Alfabeto do Vento” (haicais), “Uma vez em 2284 e outras histórias planetárias” (contos), “Três meses no Japão” (crônicas de viagem), “Voo de Borboleta” (crônicas) e “Avesso” (romance). Desde 2000, é colunista do jornal A Tribuna, de Santos, escrevendo crônicas aos domingos, no caderno Galeria. Textos da escritora também se encontram em mais de 70 coletâneas, nacionais e estrangeiras. Realiza palestras e oficinas literárias. Assina a coluna Letras cotidianas, no sitemidiativasantos.com.br. Contato: mado...@yahoo.com.br.
Marcio Callegaro nasceu em São Paulo, reside em Santos desde 1997. É estudioso de Teoria da Literatura, transita com facilidade entre diferentes gêneros textuais. Dramaturgo e romancista, possui premiações em música, teatro, roteiro de HQ, fan fiction, contos fantásticos e literatura infanto-juvenil. Participa da antologia “Contempoemidade — olhares sobre o espaço que nos cerca”, pela Algol Editora, com programação de lançamento de seu romance para novembro deste ano. Contato: mrca...@yahoo.com.br.
Regina Alonso: autora de “Ofício”, “Tábua de Marés”, “Olho por Olho”, “Circularidade”- poesias; “Ondas Vão e Vem”, haicai; “Vento Noroeste”, prosa e haicai. “Refavela, refazendo o sentido”, texto-dramaturgia com Renato Di Renzo. Vários prêmios, em contos, crônicas, poesia e haicai. Publicações em antologias, revistas literárias, jornais. Faz oficinas literárias. Membro-Proler/BS, Grêmio de Haicai Caminho das Águas, Grupo Poetas Vivos, Seis e Meia. Coordena projetos literários: “Café com Letras” – AMBEP e Outras Palavras-Ong Tamtam. Contato: orgo...@gmail.com.
Sidney Sanctus: É o pseudônimo literário de Sidney Luís dos Santos, santista, nascido em 1960. Fez seus estudos fundamental e médio no Colégio Canadá, entre 67 e 77. Em 79, participou do Grupo Picaré, que aglutinava escritores e artistas independentes. Em 81, lançou o seu primeiro livro de poesias: “Chocolate com Pipoca”, durante a 1ª Feira Nacional de Escritores Independentes, realizada com grande sucesso no Teatro Municipal de Santos. Em 1982, participou da “Antologia Picaré, uma dúzia de poetas”. Posteriormente, passou a divulgar seu trabalho em várias revistas de poesia independente do Brasil e do exterior. Integrou ainda “Impressões – Antologia Poética”, em 2009, “Noite das Flores – Antologia Poética”, em 2010 e publicou ‘Musa Atômica” – coletânea, em 2011. Atualmente, é co-editor da revista Mirante. Seus poemas geralmente expressam “os sentimentos do homem perante a colossal magnitude do Universo”. Contato: sidn...@hotmail.com.
Valdir Alvarenga: Santista, 59 anos, casado, poeta. Criou a revista literária Mirante em 1982, a qual segue editando. Integrou o mítico grupo Picaré. É autor dos livros “Plenilúnio’, ‘Pequeno Marginal” e “Autógrafo”. E funcionário público, desde 1979. Em 1984 passou a atuar na Secretaria de Cultura de Santos. Coordena projetos importantes para o desenvolvimento e a propagação da cultura santista. Dentro do Leia Santos, cujo objetivo é levar a leitura à população, estão o Adote um Livro, Adote um Gibi, Varal de Poesia, Exposição Literária e Escritor na Rua. O Autor e Sua Obra e o Diálogos Terapêuticos são realizados na Biblioteca Mário Faria, no Posto 6 da orla da praia. Cursou a Faculdade de Letras. Sempre envolvido em projetos culturais, seu mais novo projeto é lançar o livro Dupla Face, de sua autoria com sua esposa, Irene Bulhões. Contato: mira...@hotmail.com.
Vieira Vivo: Poeta da geração mimeógrafo, ex-integrante do Grupo Picaré. Atualmente é co-editor da Editora Costelas Felinas e da revista Cabeça Ativa. É integrante do Clube de Poetas do Litoral (CPL), letrista, radialista, escritor, ativista cultural, tendo até o momento 09 livros publicados, inclusive o “Humor Cego” lançado recentemente. Contato: cac...@gmail.com.
André Azenha: Jornalista, crítico de cinema, poeta e formado em Roteiro pela Escola de Cinema de São Paulo. Foi repórter e colunista musical dos sites, revistas e jornais de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Alagoas. Desde 2007 é repórter da Veja Litoral Paulista. Em 2008, publicou seu primeiro livro, “Poesia a Quatro Mãos”, escrito em parceria com sua mãe e poetisa Regina Azenha. Trabalhou com o crítico de cinema Rubens Ewald Filho entre 2008 e 2009. Em 2011, fez críticas de filmes para a revista Época São Paulo. Participa de e organiza ciclos de cinema e eventos culturais. Colabora com a revista literária Mirante. Criou o CineZen (www.cinezen.net) em março de 2009 e no ano seguinte passou a organizar do “CineZen Convida”, evento beneficente realizado sempre nos aniversários do site, com o objetivo de estimular a discussão e a produção cultural. Escreve também no blog pessoal www.andreazenha.com.
Apoio cultural:
CineZen: Site independente sobre cinema, DVD e Blu-ray, TV e eventualmente literatura, quadrinhos, teatro, música e artes plásticas, lançado em 29 de março de 2009. Tem o objetivo de informar, analisar obras e cobrir eventos dessas áreas (com atenção para a Baixada Santista) e prestar serviços. Semanalmente publica críticas das estreias de cinema e lançamentos em home vídeo, desde filmes contemporâneos até clássicos e cults. Conta com colaboradores de Santos, São Paulo, Santa Catarina, Recife e em 2010 firmou parceria com a Cinemaki, rede social para a discussão de cinema, com membros do Brasil, Argentina, Chile, México, Colômbia, Peru, Venezuela, Espanha, Índia, Estados Unidos e Reino Unido. Atualmente conta com 56 mil acessos únicos mensais. Pode ser acessado pelos endereços www.cinezen.net ou www.cinezencultural.com.br. Contatos:edit...@gmail.com e 13 9744-3726.
Ao Café: Instalada em uma aconchegante casa, rodeada de muito verde, a Cafeteria Ao Café, inaugurada em maio de 2006, se ressalta não só pelo atendimento personalizado, mas principalmente como um local onde se respira cultura. O cardápio possui 20 tipos de café, entre gelados e quentes. Quem preferir um chazinho, a casa possui 33 opções: nacionais e importados, quentes ou gelados. Foi a primeira cafeteria a trazer para a cidade de Santos as famosas sodas italianas. São oito sabores, destacam-se: amora, cereja e maçã-verde. A cafeteria também oferece cervejas long neck Bohemia Pilsen, Bohemia Escura, e a belga Stella Artois, e sorvetes da marca La Basque. Para acompanhar as bebidas a tentação fica por conta dos bolos e salgados. A programação cultural da casa é eclética e pode ser conferida no site www.aocafe.com.br.
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