Durante o ano de 2015 muitos quadrinhos independentes chegaram até minha caixa postal através do intercâmbio que realizo com diversos editores independentes. Neste artigo vou citá-las para confirmar que a quantidade de independentes aumenta a cada ano.
Uma nova editora independente tomou conta do Brasil com uma série de publicações, a Universo Editora. Algumas de suas publicações chegaram até mim como Jou Ventania de Lincoln Nery (RJ) com 4 números; Os heróis de Dennis Oliveira (MG), Guardiões, ganharam edição comemorativa de 20 anos; Reginaldo Nakamura (SP) apresentou a revista de Maxine, uma heroína para lá de sexy; O surfista ecológico criado por Paulo Anjos (SP), Benjamin Peppe teve duas edições; de Francinildo Sena (RN) tivemos Crânio 1 e 2, com aventuras do herói alienígena.
A galera dos independentes, por não estar presa a editoras comerciais , busca lançar projetos bem autorais. Necromorfus é uma HQ deGabriel Arrais numa pegada de suspense. TNT Comicx 1 é uma coletânea com HQs deAdilson Lima onde predomina o terror. Já em Billy the Kid 23, de Arthur Filho, a temática são as HQs de faroeste. Destaque para a participação do mestre Aílton Elias. Inconsequente Coletiva 03, de Lafaiete Nascimento, é uma coletânea com autores undergrounds, entre eles, o grande Henry Jaepelt.
No humor, a revista Graphicômetro 02, de Iéio, traz mais de uma dezena de colaboradores de todo o Brasil e ainda faz uma homenagem ao Mestre Messias de Melo. Marcos Fabiano homenageou os super-heróis brasileiros com um minizine onde em cada página temos um herói retratado no traço particular de Fabiano.
Pedro Balboni lançou três edições de Tangran, com uma arte muito bacana em p&b de Aureo Henrique. A história mostra o universo de personagens criados por Balboni e, como um tangran, eles vão se encontrando e se completando, um projeto interessante na linha dos super-heróis. Pedro, ainda lançou Tudo Já Foi Dito, uma HQ que contou com, nada mais nada menos, que 18 artistas convidados. A cada duas páginas um traço diferente para a mesma HQ. Outra autopublicação é Qbrado de Renato Gonçalves, ou simplesmente Reno. Reno apresenta uma HQ com argumento para refletir o ser humano e tem um traço voltado para o quadrinho underground, em especial nas suas composições de páginas.
Shun Izumi lançou em parceria com Benson Chin e Breno Ferreira um álbum muito bonito, O Colhedor de Raios. Com roteiro de Shun e arte dos três, a HQ conta uma história de pai e filho com desenhos que vão se modificando no traço conforme os autores vão se revezando em suas páginas. Outra obra do trio é Guga e Léo, pela editora Leya.
El Fanzine é uma publicação de uma galera bacana que conheci em Porto Alegre na Parada Gráfica. O coletivo formado por ABC, Pato Vargas, Rodrigo Nemo e Tito Carmelo, juntou suas HQs para editar uma revista bem na pegada dos fanzines, daí a ideia do nome da publicação. Travei contato com os 4 primeiros números. O super-herói mais boa praça do quadrinho nacional, Meteoro, criado por Roberto Guedes retorna com Almanaque Meteoro 05. O gibi traz duas aventuras do personagem, uma HQ curta com o clássico Chet e a tradicional seção de cartas. Em Crônica de Piápolis 02, Alexandre Garcia, mostra uma HQ da vida real, com discussões filosóficas e existenciais que podem ocorrer em qualquer cidade latino-americana. A publicação vem pelo selo Chroma.
Uma HQ que me chamou muito a atenção, sendo uma das melhores que li em 2015 foi Mitologias, de Luiz Augusto. Valeu apena esperar para ler mais edições, foram 9 até 2015. A HQ é uma fantasia muito maluca, mas com coerência mitológica. Além disso, o personagem retrata o próprio autor e a cidade onde mora, Paraty. Os desenhos de Luiz têm uma pegada underground, mas também lembram as clássicas HQs de terror nacional. Luiz, também editou a revista Van do Apocalipse, esta é uma publicação totalmente udigrudi.
“Maldito Seja” é uma série editada pela Ugra Press que chegou com a obra de Alberto Monteiro, em seu terceiro volume. Os dois primeiros, foram com Henry Jaepelt e Law Tissot. Alberto Monteiro consagrou-se nos anos 1980/90 ao editar o zine Anti Usual, onde experimentou de tudo em suas HQs, abusando de colagens e embalado pela trilha sonora do rock indie da época, em especial o Sonic Youth. Com uma temática bem existencial produziu HQs que ainda hoje, numa leitura contemporânea, nos desperta o mesmo fascínio que a leitura nas folhas de seu antigo zine ou nos zines de amigos com os quais colaborava. Parabéns a Ugra por fazer esta coletânea e resgatar mais um “maldito” fanzineiro para que as novas gerações possam inspirar-se nos velhos mestres do “faça você mesmo”.
O coletivo de Brasília, Aerolito, lançou uma trilogia muito boa, com HQs bem produzidas e um acabamento gráfico de primeira. Os responsáveis: Cauê Brandão, Bruno Prosaiko e Lucas Marques prometem, sem compromissos, novidades no futuro. Aguardemos. Éberton Ferreira tem batalhado muito com seus quadrinhos. Sua primeira HQ “Causos 01: O Demônio das Matas” mistura realidade histórica e ficção. Éberton buscou na mitologia do período colônia do Brasil a inspiração para sua HQ e fez uma trama muito criativa. Outro trabalho coletivo de respeito é Justiça Sideral. Publicação no formato comics, totalmente colorida em papel couchê com um grupo de investigadores bem na pegada dos comics norte-americanos com texto bacana e desenhos muito bons.
Para fechar, indico quatro trabalhos imperdíveis!
Daniel HDR, desenhista da DC Comics, lançou um artbook fantástico pela Editora Argonautas, “Request”. Sivanildo Sill vem utilizando muito bem os projetos públicos para financiar suas HQs. Além disso, tem resgatado a história de personalidades de Pernambuco com biografias em quadrinhos. Seu último trabalho “Formiga” traça a vida do maestro Ademir Araújo.Guilherme de Sousa pegou a onda do apocalipse zumbi para fazer sua HQ “A Última Bailarina”, mas não fique pensando que você vai encontrar heróis e anti-heróis. Nesta HQ, Guilherme traça um roteiro inusitado do encontro de uma bailarina, um urso de pelúcia e um unicórnio. Byrata Lopes tem trazido seu personagem Xirú Lautério em aventuras pelo pampa gaúcho. Na HQ “O Ginete” temos 4 histórias com as estripulias do personagem e toda a referência ao peão de estância gaúcho.
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