O GALEGO DOS RAIOS
I
Ele é tido como um deus
Mora em riba lá no céu
Solta raio pelas ventas
Até casa do chapéu
E é virado na cachaça
Chamada de hidromel.
II
Apresento o Galego
O maioral dos trovão,
Do martelo arretado
Para-raios do sertão
Que é a alegria do povo
Nos tempos de São João.
III
Lá nas nuvens onde vive
É rodeado de manás
Tem ainda um irmão
Que é pior que satanás,
É o rei da pilantragem
Que passa todos pra trás.
IV
O seu pai é carrancudo
E por muitos é temido.
É cheio de nove horas,
Mas pelo filho é querido.
Quando inventa de dormir
O reino fica é perdido.
V
O irmão é uma marmota
Quer o trono conquistar
Porém o rei das trapaças
Só consegue é se reiar
Levando altos cacete
Apanhando sem parar.
VI
Mas fora esse encosto,
Que vive a aporrinhar
Ele tem uma patota
Que ameniza o seu ar
Um trio de cabras de peia
Seus pareceiros de bar.
VII
Um que vive enfezado,
E metido a guerreiro.
Outro é namorador,
O maior dos xavequeiro
Ainda tem um buchudo
Que come o dia inteiro.
VIII
E no terreno dos love
Bem valente e guerreira
Tem uma dona de lá
Que perdeu pra enfermeira
Que arrochou o Galego
E lhe passou uma rasteira.
IX
E esse nunca foi santo
Já tendo sido um boçal
Entrava em cada roubada
Que sempre acabava mal
Depois sobrava pro pai
Limpar todo o lamaçal.
X
Teve um dia em que ele
Não tendo o que fazê
Com os gigantes do gelo
Foi arranjar um fuzuê
Só para passar o tempo
Bateu neles pra valê.
XI
Foi aí que o pai irado
Quis lhe colocar nos eixo
Com um cipó de goiabeira
Meteu no meio dos queixo
E lhe deu como castigo
Catar coco e quebrar xêixo.
XII
E foi mandado pra Terra
Pra humilde se tornar
Deixar de ser um gabola
E parar de aprontar
Pois já bastava o irmão
Pro véio apoquentar.
XIII
Na Terra virou doutor
Perdeu todos os podê
Passou a viver injuriado
Sem saber o que fazê
E seu único passatempo
Era as reprises na tv.
XIV
Mas um dia acordou
Pra lá de desanimado
Cansado e lascado ser
E de não ser estimado
Se lançou de porta afora
Como um menino mimado.
XV
Queria achar as respostas
Pras tanta das aflição
Aí entrou na caverna
Na maior da escuridão
Sofreu tropeço num toco
Que tava largado no chão.
XVI
E chamou tanto dos nome
Até uns que num existia
Homenageou as mãe
E um punhado de tia
Até vir um raio acabar
Com toda sua antipatia.
XVII
Nessa hora a verdade
Pois então foi revelada!
Pelo tal doutor magrela,
Com as pernas entortada,
E que virou Galegão
Das terra tão encantada!
XVIII
Recuperado a memória
E com o martelo na mão
Voltou pra casa vexado
Pra não ter outro sermão
Pra pedir ao seu painho
Um punhado de perdão.
XIX
O véio achou arretado
Tudo o que se procedeu
E ficou emocionado
Com o amado filho seu
E o deixou perdoado
Por tudo que aconteceu.
XX
E o Galego acolheu
Essa Terra de valor
Porque foi por essas banda
Que encontrou o seu amor.
Nos tempos em que na UPA
Dava uma de doutor.
XXI
Apesar de ser danado
Seu coração tinha dona
A enfermeira baixinha
Que conheceu lá na zona
Que além de aprumada
Também tocava sanfona.
XXII
Como prova de amor
Deu a boy o seu podê
E ela ficou foi irada,
Num êxtase de prazê
Saiu na rua gritando:
Uh,tererê! Uh, tererê!
XXIII
E além da enfermeira
Que recebeu por amor
Teve mais uns galados
Que receberam por favor:
Um motorista de van
E um caboclo assustador.
XXIV
Motorista cabra macho
Virou outro relampejante
E o que vinha de longe
Que era feio, mas galante
Teve a nobreza aprovada
Por todas terras distante.
XV
Também teve aquela vez
Que a fim de se divertir
Com uma tuia de herói
O Galego foi se unir
Pra bater nos malfeitor
E poder se exibir!
XVI
Ficou então conhecido
Até mesmo no cinema
Como o grande invocado
Dono do novo dilema:
“O de defender o mundo
Ou boyzinha de Ipanema”.
XVII
Galego também curtia
Dar uns tapa no visual
Com a barba ou cara limpa
Entrevista dos jornal
Botava uns pano da hora
Ou enfeites de carnaval.
XXVIII
E vez por outra o pai
Sim, mandava lhe chamar
Pois tirava uns cochilo
Demorava pra acordar
E pedia pro Galego
Das suas terra cuidar.
XXIX
Nessas horas seu irmão
Com a mundiça aparecia
Querendo botar terror
E dominar a freguesia
Mas, só levava toco e
Pau, até raiar do dia
XXX
E assim, foram seus dias
De glórias e de labuta
Enfrentando os vilões
E grandes filhos da truta
O Galego nunca tremeu
Nem nunca fugiu duma luta
XXXI
E essa foi uma história
Do Galego trovejante
Que morava lá nas nuvens
Nas paragens bem distante
Que hoje fez-se bom moço
Mas que já foi arrogante.
XXXII
Agora ele assumiu
O lugar que era do pai
Tomando uma canjibrina,
Lutando seu muay-thai
E assistindo de sunga
As reprises do Popeye.
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