Por Marcus Ramone - UHQ
Gibis, miniaturas, tampinhas de refrigerante, álbuns de figurinhas, livros... Não foram poucas as coleções estreladas pelos personagens Disney no Brasil.
Muitas delas fizeram parte da infância de colecionadores que ainda guardam esses tesouros como um pedaço marcante do passado. Outras nem completaram um ano de lançamento, mas entraram para a história e, certamente, serão cultuadas por muito tempo.
Relembre - ou conheça - um pouco dessa trajetória do colecionismo disneyano brasileiro.
Nova Coleção Walt Disney
Lançada pela Ebal, em 1952.
Foram oito edições em preto e branco e formato talão de cheque, cada uma com 16 páginas.
As estrelas da série eram Mickey, Donald, Pluto e Cascudinho (a Editora Abril, que publicou várias HQs do personagem, usava seu nome original, Bucky).
Miniaturas Disney
Na década de 1970, uma promoção da Coca-Cola oferecia à criançada uma série de bonequinhos de plástico dos personagens da Disney.
Para ganhar, bastava encontrar uma tampinha premiada nas garrafas do refrigerante e trocar pelas miniaturas que mediam cerca de cinco centímetros, vinham com cores sortidas e traziam Pateta, Mickey, Pato Donald, Margarida, Branca de Neve, Dumbo, Alice, Grilo Falante, Dunga, Bambi e outros, totalizando quase 20 bonecos.
Em 1980, a Abril reeditou a coleção, dessa vez oferecendo de brinde nos gibis da turma de Patópolis.
Manuais Disney
Era o início dos anos 1970 e a Abril lançou nas bancas uma série que nas décadas seguintes viraria objeto de desejo de colecionadores e fãs saudosistas: os manuais protagonizados por personagens da Disney.
Do primeiro volume, Manual do Escoteiro Mirim, em 1971, até o Manual da Copa do Mundo, de 1986, foram 16 livros em capa dura (outros, em brochura) e milhares de páginas com informações sobre assuntos diversos, dicas úteis, brincadeiras, histórias ilustradas e "tudo que você queria saber" a respeito de alguma coisa.
Muitos dos manuais traziam temas identificados com as características de um personagem: o da Vovó Donalda tinha receitas culinárias; o do Zé Carioca vinha com muito futebol; para o do Tio Patinhas - que oferecia de brinde uma réplica da moedinha Número 1 -, finanças, economia e numismática; e o do Pardal, ciência e tecnologia.
Nesse meio tempo, houve várias reedições, com conteúdo revisado ou ampliado. O último relançado foi Manual dos Jogos Olímpicos, em 1992, estrelado pelo Pateta.
Com menos páginas e novos títulos, a coleção foi relançada pela Nova Cultural (braço da Abril), em 1988.
Como é que se diz?
Formada por quatro livros grandes em capa dura e acondicionados em uma caixa especial, a coleção foi lançada em 1976 e ajudou muitas crianças a aprender um pouquinho de inglês.
Os livros (Palavras que descrevem, Palavras que fazem coisas, Palavras opostas e O nome das coisas) de 160 páginas apresentavam dezenas de personagens Disney em cenários e situações diversas, na maioria das vezes em crossovers nunca ou raramente vistos nos gibis, acompanhados de nomes ou expressões em inglês - com as traduções embaixo - de objetos, ações, sentimentos, sensações, animais e o que fosse preciso para ensinar o idioma.
Até o início dos anos 1980, Como é que se diz? continuava no catálogo da Editora Abril e era ofertada em malas-diretas.
Uma história por dia
Primavera, Verão, Outono e Inverno. Esses eram os temas da coleção que em cada um dos quatro livros em capa dura apresentava pequenos contos de uma ou, no máximo, duas páginas, protagonizados por uma vasta galeria de personagens de Walt Disney.
Cada história ilustrada tinha no canto superior da página o dia do ano em que deveria ser lida, totalizando 365 contos.
Mas quem conseguia esperar um ano inteiro para ler todas as histórias?
Show Disney Profissões
O álbum de figurinhas foi lançado em 1978, apresentando cromos em que a turma de Patópolis, sempre em cenas cômicas, exercia alguma profissão.
Abaixo de cada espaço de colar as 256 figurinhas, um pequeno texto explicava o que fazia aquele profissional, que instrumentos usava no trabalho e quantos anos ele precisava cursar na faculdade ou em escolas técnicas para se formar.
Sucesso imediato, o lançamento não agradou apenas às crianças. Os pais aplaudiram a iniciativa que, como uma espécie de teste de vocação informal, poderia ajudar os filhos a decidir em que profissão atuar quando crescessem.
No entanto, o que a meninada queria mesmo era completar o álbum, que foi relançado em 1983 com outra capa e cromos autocolantes.
Bingola Disney
As cartelas com os rostos de diversos personagens eram distribuídas nos gibis e as dezenas de tampinhas de Coca-Cola com essas mesmas imagens impressas na parte interna podiam ser encontradas na bodega da esquina.
Juntando tudo, estava formado o Bingola Disney, um divertido jogo de bingo que em 1978 virou febre entre os colecionadores dos gibis de Mickey, Tio Patinhas e companhia.
As trocas de cartelas e tampinhas eram a primeira diversão. Só depois de completadas as peças a brincadeira começava de verdade.
E o "excedente" tinha muitos destinos, como a porta da geladeira para as tampinhas (o que não agradava às mães) e o caderno da escola para as cartelas.
Pateta faz História
As primeiras HQs da série em que Pateta interpreta figuras históricas ou personagens da literatura clássica mundial chegaram ao Brasil em 1978, publicadas nos gibis Disney da Abril.
Criada nos Estados Unidos pelo hoje extinto Disney Studios Program (vem daí o "S" no código de origem das histórias), a série tinha como característica um humor nonsense que ia desde as piadas infames até a metalinguagem, passando pelas gags visuais. E isso incluía ainda a diagramação caótica dos quadros, que muitas vezes se fundiam ou "vazavam" de um para o outro.
Os responsáveis por essa arte pitoresca eram o argentino Jaime Diaz e sua equipe de desenhistas.
O sucesso mundial da série levou a Abril a reunir as HQs já publicadas no Brasil e outras inéditas na coleção Pateta faz História, lançada em 1981.
Na edição de estreia, Beethoven e Tutancâmon, o leitor levava de brinde um adesivo esponjoso em alto relevo, estampado com a efígie do Pateta na pele do imperador egípcio.
Ao todo, foram seis edições em formatinho, trazendo ainda os episódios Gutenberg e Mickey Marco Polo, Leonardo da Vinci e Rei Midas, Rei Arthur e Galileu Galilei, Frankenstein e Colombo e O Homem Invisível e Ulisses.
Em 1985, uma nova coleção em seis edições chegou às bancas, mas com alguns episódios diferentes, formato gigante e acabamento de luxo.
E em 1989, a editora lançou Pateta É, versão em inglês da série - com tradução em português -, no mesmo formato diferenciado e apuro gráfico de quatro anos antes. Foram apenas quatro edições.
Ainda há episódios inéditos no Brasil. E a boa nova é que eles podem ser publicados em breve, na coleção definitiva de Pateta Faz História que a Abril lançará em 2011.
Biblioteca do Escoteiro Mirim
Reunindo na íntegra os manuais Disney - mais atualizações - publicados na década anterior, a Nova Cultural criou em 1985 a Biblioteca do Escoteiro Mirim, série com 20 volumes em capa dura, lançados semanalmente.
Em todos os livros havia as mesmas seções, que na verdade eram o conteúdo dos antigos manuais dividido igualmente pelas edições.
Cada volume trazia um selo para colar em uma cartela que, completada no final da coleção, dava direito a um relógio digital esportivo da Champion.
Além de formar nas lombadas um painel com Donald, Margarida e os trigêmeos escoteiros passeando em um bosque, os livros eram acondicionados em uma pequena estante de plástico que acompanhou o primeiro volume.
Fonte de pesquisa escolar mais divertida não existia naquele tempo. Sem contar que esse argumento colava na hora de pedir dinheiro aos pais, toda semana, para comprar os livros.
Série Ouro Disney
Coleção em cinco edições, publicada pela Abril em 1987, apresentando uma espécie de exercício de imaginação sobre alguns personagens, mostrados em situações diferentes do que o leitor poderia imaginar.
Assim, já dava para saber o teor da HQ principal de cada volume (que também trazia republicações) pelos títulos das edições: O casamento do Pato Donald; Pateta, astro de Hollywood; Zé Carioca, o Zé-cutivo; As bruxas também amam; e Peninha prefeito.
Só assim para ver o papagaio caloteiro trabalhando duro e a Madame Min finalmente "fisgando" o Mancha Negra, para citar alguns exemplos.
A série foi reeditada em 1998, trocando o nome e a ordem de publicação de alguns dos títulos originais.
Mini-revista Disney
Em março de 1989, alguns dos principais gibis Disney da Abril vinham, cada um, com um pequeno brinde.
Era a Mini-revista Disney, em oito edições estreladas por Zé Carioca, Mickey, Tio Patinhas, Pateta, Peninha, Pato Donald e outros.
Com 16 páginas coloridas por edição, as revistinhas traziam republicações de histórias em quadrinhos.
Álbuns Disney
Graphic novels em formato magazine e capa e miolo em papel especial, lançadas pela Abril em 1990.
A coleção teve oito volumes, com 48 páginas cada um.
Pato Donald - O Terror do Rio; Tio Patinhas - Os Fabricantes de Terremotos; Mickey - O Covil do Lobo Rosnaldo; Mickey - Juju, o Canguru; Tio Patinhas - Em Busca do Ouro; Pato Donald - O Mestre das Encrencas; Pato Donald - O Xerife do Vale Balaço e Tio Patinhas - As Minas do Rei Salomão foram os títulos publicados na série.
A capa do segundo volume foi desenhada por Don Rosa. No ano anterior, pela primeira vez uma HQ do artista havia sido publicada no Brasil.
Mas o barato da coleção foi ler em "formatão" algumas HQs clássicas da Disney produzidas por artistas como Carl Barks e Floyd Gottfredson.
O Melhor da Disney - As Obras Completas de Carl Barks
Quando a Editora Abril anunciou, em 2004, o lançamento da coleção, aquilo parecia bom demais para ser verdade.
Nunca uma série daquele porte havia sido publicada no Brasil, nem mesmo nos áureos tempos dos quadrinhos Disney no País.
Mas, hoje, a coleção composta por 40 volumes de luxo guardados em caixas especiais virou item de destaque e admiração na estante dos colecionadores. O sonho tornou-se realidade.
Afinal, reunir em uma única coleção as cerca de 500 HQs escritas e desenhadas por Carl Barks - o "Homem dos Patos", criador do Tio Patinhas e celebrado em todo o mundo como o maior quadrinhista Disney de todos os tempos -, com tanto apuro gráfico e editorial, foi um presente tão inesperado quanto valioso para os fãs brasileiros, até então acostumados a ver apenas leitores de outros países serem brindados com publicações desse naipe.
100 anos de magia Disney
Lançado em 2006, o álbum de figurinhas trazia imagens e informações de todos os longas-metragens de animação da Disney.
Com 220 cromos autocolantes - 20 deles metalizados -, a publicação exibe belas ilustrações (incluindo os cartazes de divulgação) de 54 produções cinematográficas, sem esquecer as realizadas em parceria com a Pixar, como Os Incríveis.
É um documento visualmente bonito e historicamente importante para qualquer fã das animações de Walt Disney.
Coleção Disney Play
Esta ainda tem cheiro de nova.
A série de DVDs com desenhos animados clássicos e contemporâneos da Disney chegou às lojas de departamentos no início de 2010, já causando controvérsias.
Acondicionado numa embalagem simples (um estojo de papelão), cada DVD custa apenas R$ 12,90 e não tem menu principal ou extras, apenas o filme dublado em português. Basta colocá-lo no aparelho e apertar o play para o longa-metragem rodar direto.
Muita gente reclamou da "falta de qualidade da apresentação do produto" e do "nivelamento com a pirataria", mas a verdade é que a iniciativa da Disney possibilitou aos saudosistas e às novas gerações um acesso mais fácil e barato a algumas das animações de sucesso da companhia.
Fazem parte da coleção os seguintes filmes: A espada era a lei; O Cão e a Raposa; Mickey, Pateta e Donald em Os Três Mosqueteiros; Aristogatas; O galinho Chicken Little; Tarzan 2; Bernardo e Bianca; Lilo & Stitch; Stitch! - O filme; Irmão Urso; A nova onda do Imperador; Pocahontas; O Corcunda de Notre Dame; Selvagem; e Nem que a vaca tussa.
Clássicos da Literatura Disney
Outra grande coleção, na proposta e no número de edições.
Trata-se da versão brasileira da série criada na Itália e que apresenta adaptações satíricas de obras famosas da literatura mundial ou simplesmente histórias inspiradas nelas.
Lançada em 2010 e com encerramento previsto para 2011, tem o mérito de trazer para o Brasil dezenas de HQs inéditas, muitas delas publicadas originalmente há décadas e produzidas por artistas do calibre de Romano Scarpa, Giovan Battista Carpi e muitos outros.
Mas até Carl Barks e Paul Murry marcaram presença, com a republicação de aventuras clássicas que haviam deixado saudades e puderam ser novamente apreciadas na coleção.
Guardados com destaque na estante, os 40 volumes formam nas lombadas um belo painel com imagens das versões Disney dos personagens literários satirizados.
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