É amigos e amigas, nunca se viu tanta proliferação de heroínas na Marvel e na DC Comics como nos dias de hoje. Será que as editoras finalmente aprenderam a escrever quadrinhos com/para garotas ou simplesmente viram que ignorar esse filão era um tiro no pé? Bom, não precisamos desvendar esse fenômeno por ora, mas sim vamos comentar de muitas heroínas que vieram antes e caíram no ostracismo. Vamos torcer para que as heroínas que estão pipocando agora não sejam apenas fogo de palha e durem muitos e muitos anos em suas próprias publicações.
Vamos começar com Namora e Vênus. Um esforço da Timely – sim, o primeiro nome da Marvel – de se embrenhar em um novo público para suas revistas de herói, já que as revistas de romance estavam dando certo. Primeiro, Namora, a prima de Namor, o Príncipe Submarino. Seu nome original é Aquaria Nautica Neptunia, criada em 1947 por Ken Bald e Syd Shores, quando os super-heróis, inclusive Namor, estavam definhando. De volta nos anos 70, Namora foi envenenada e clonada como Namorita (Sim! A personagem fez parte dos Novos Guerreiros e você pode vê-la morrendo em Guerra Civil!).
Já nos anos 2000, ela ressurgiu junto à equipe Agentes da ATLAS, uma minissérie, e depois série regular que trazia personagens perdidos da Marvel antes dos Quarteto Fantástico. Agentes da ATLAS foi genialmente concebida por Jeff Parker, mas não teve muita receptividade aqui no Brasil. Foi vista pela última vez na série Infinito, liderando a então destruída escola atlante para novos heróis.
Outra heroína que surgiu naquela época do final dos anos 40, foi Vênus. Sim, se você pensou em Afrodite, está certo. Essa personagem é a encarnação da deusa do amor (Aaah… O que você queria de uma revista que era a transição do mundo dos super-heróis para os romances melosos juvenis?). Em sua revista, que durou 19 edições lá na Era de Ouro, Vênus viajava à Terra e disfarçada de Victoria “Vicky” Starr, era uma jornalista de uma revista chamada Beauty. No seu tempo na Terra, ela se apaixonava pelo seu editor-chefe. Mas, apesar da revista começar com um humor leve e temas fantásticos, foi se tornando cada vez mais sombria e se voltando para o terror (Para você perceber como os editores estavam perdidos com a direção que suas revistas tomavam).
Vênus retornou em Agentes da ATLAS, e sua origem foi mudada para não ser confundida com a outra Afrodite que aparecia nas histórias do Hércules. Revelou-se que ela uma sereia desmemoriada, cuja voz podia encantar as pessoas obrigando-as a fazerem o que ela quisesse. Nada mal, mesmo rebaixada de deusa à mera mortal.
Nos anos 70 tivemos uma revista chamada Night Nurse, que durou só quatro edições, mas foi até publicada no Brasil como Enfermeira Noturna. Hoje, Rosario Dawson encarna na série Demolidor do Netflix uma personagem parecida com a versão que ficou mais conhecida através da minissérie Doutor Estranho: O Juramento, de Brian K. Vaughan e Marcos Martin. Apesar de existir uma “Enfermeira Noturna” criada por Brian M. Bendis e Alex Maleev nas páginas de Demolidor, a revista Night Nurse não trazia uma, mas três protagonistas. Linda Carter, Geórgia Jenkins e Christine Palmer eram três companheiras de quarto que trabalhavam como enfermeiras no turno da noite no ficcional Hospital Geral Metropolitano de Nova York. A série era escrita por Jean Thomas, então casada com o escritor e editor Roy Thomas, e desenhada por Winslow Mortimer. Diferente das demais histórias do universo Marvel, Night Nurse não apresentava super-heróis ou elementos fantásticos, e variava entre os gêneros. Contudo, as enfermeiras encontravam muito perigo, drama e morte como sua capa proclamava, as garotas lidavam com ameaças de bomba, cirurgiões descuidados e multidões revoltadas.
Linda Carter é uma garota loira (cujo nome não tem nenhuma relação com a atriz que fazia a Mulher-Maravilha) que tem de escolher entre se casar com um homem rico e bem-sucedido ou manter sua carreira como enfermeira noturna. Durante a série, Linda demonstrou habilidades investigativas e, ao final, está envolvida romanticamente com um jovem médico residente.
Geórgia Jenkins é uma moça afro-americana que vem de uma vizinhança pobre localizada perto do hospital. Nos seus dias de folga, ela cuida da saúde dos seus vizinhos gratuitamente. Christine Palmer é uma jovem ruiva independente, que saiu da casa da família para viver sozinha, sem a ajuda do dinheiro do seu pai e se torna enfermeira-auxiliar. Quando o médico ao qual prestava seus serviços tem sua carreira encerrada em um desastre, ela deixa Nova York e suas amigas e viaja pelo país a procura de emprego. Na última edição, de número 4, Christine encontra emprego como enfermeira particular para um paraplégico numa mansão assustadora. Então ela embarca numa história cheia de suspense, com direito a passagens secretas empoeiradas e luzes misteriosas.
Roberto Aguirre-Sacasa, escritor da série do x-man Noturno e grande fã de Night Nurse, reintroduziu Christine Palmer no Universo Marvel durante os primeiros números da segunda série do mutante alemão, lançada lá por 2004. Na história, ela auxilia Noturno a proteger um garotinho ameaçado por um demônio e também se torna alvo dos galanteios do herói.
Por fim, vamos falar de Dakota North. A detetive particular foi trazida de volta nas histórias do Demolidor na época em que Ed Brubaker e Greg Rucka escreviam suas histórias. Ela era uma mulher forte, esperta, que fazia o que era preciso para que a justiça fosse feita. Na série do Demolidor, Dakota North era uma espécie de investigadora, sem pruridos, que não media esforços para conseguir informações. Ela era uma espécie de Kalinda na série Good Wife. Mas a verdade é que Dakota North já teve uma série própria nos anos 80. Mais precisamente, uma minissérie entre 1986 e 1987, escrita por Martha Thomases e desenhada por Tony Salmons. Mais uma heroína que caiu no ostracismo e na obscuridade.
Depois de conhecer as intrigantes histórias dessas heroínas que ninguém mais se lembra, espero que você comece a nutrir mais carinho por personagens classe C, D, E e nenhuma das alternativas, principalmente quando se trata de mulheres.
Fiquem com uma musiquinha de segundo escalão, mas gostosa de ouvir:
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