Por Ana Carolina Garcia - SRZD
Assim como aconteceu em 2012, a safra cinematográfica deste ano foi muito fraca, tanto no mercado internacional quanto no nacional. O que torna a elaboração de quaisquer listas muito difícil, pois faltaram produções impecáveis e sobraram equívocos cinematográficos.
Como alguns filmes chegam aos cinemas brasileiros com atraso, se compararmos suas respectivas estreias em outros mercados, como o americano e o europeu, selecionei produções que estrearam no país em 2013, independentemente de seu ano de produção ter sido 2012 - como o drama francês "Amor" (Amour - 2012), vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro neste ano.
A indústria cinematográfica se arriscou pouco e apostou, basicamente, em fórmulas conhecidas que pudessem garantir o sucesso de seus produtos e seu subsequente lucro. Uma dessas fórmulas é levar para as telas histórias baseadas em fatos reais. Boa parte delas, excelente. Contudo, nem todas se tornaram sucesso de bilheteria. Foi o caso de "Rush - No Limite da Emoção" (Rush - 2013), longa que considero o melhor deste ano.
Apesar da escassez de produções de qualidade, obras-primas, na verdade, tive a oportunidade de conferir bons filmes que acabei deixando de fora do meu Top 10 dos melhores de 2013. Entre eles, estão: "Killer Joe - Matador de Aluguel" (Killer Joe - 2011), "Os Croods" (The Croods - 2013), "Universidade Monstros" (Monsters University - 2013), "O Mordomo da Casa Branca" (Lee Daniels’ The Butler - 2013), "A Hora Mais Escura" (Zero Dark Thirty - 2012), e os nacionais "Meu Pé de Laranja Lima" (2013), "Serra Pelada" (2013), "Flores Raras" (2013) e "Faroeste Caboclo" (2013).
Neste ano, percebemos que a cinematografia brasileira evoluiu positivamente. Mesmo assim, pouca coisa mudou. Há alguns anos, o cinema brasileiro descobriu uma forma de lucrar absurdamente e vem se repetindo, saturando parte do público com suas comédias de elencos globais - que fique bem claro que o elenco não é o problema, mas o filme em si.
Quando comecei a elaborar a minha lista dos piores do ano, percebi a quantidade de comédias nacionais apelativas e sem nenhuma graça que havia selecionado. Apenas duas se salvaram neste ano: a mediana "Mato sem Cachorro" (2013) e "Minha Mãe é Uma Peça" (2013), a única realmente boa e que merece elogios. Já o resto... foi uma tortura de assistir. Como o cinema nacional tem abusado bastante da boa vontade do espectador com a exploração deste gênero, e tais comédias sozinhas já ocupariam todas as posições do meu Top 10, optei por selecionar somente a pior: "Se Puder... Dirija!" (2013), em disparado, o pior filme lançado este ano.
Infelizmente, o primeiro longa brasileiro em 3D não foi o único a se destacar negativamente. Entre as produções mais fracas que conferi em 2013 e precisei deixar de fora do meu Top 10 estão: "O Último Exorcismo - Parte 2" (The Last Exorcism Part II - 2013), "Linha de Frente" (Homefront - 2013), "A Busca" (2013), "Fogo Contra Fogo" (Fire With Fire - 2012), "Aposta Máxima" (Runner Runner - 2013), "Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer" (A Good Day to Die Hard - 2013), "Apenas Deus Perdoa" (Only God Forgives - 2013), "Kick-Ass 2" (Idem - 2013), "O Lugar Onde Tudo Termina" (The Place Beyond the Pines - 2012) e "Spring Breakers: Garotas Perigosas" (Spring Breakers - 2012).
Não tenho noção de quantos filmes assisti ao longo deste ano, ainda tenho alguns pendentes, como os aclamados "A Caça" (Jagten - 2012) e "A Grande Beleza" (La grande bellezza - 2013); mas uma coisa é certa, a mediocridade reinou absoluta no universo cinematográfico.
Confira o Top 10 2013:
- Top 10 - Os melhores:
1 - "Rush - No Limite da Emoção" (Rush - 2013):
Baseado em fatos reais e com a direção competente de Ron Howard, em um de seus melhores trabalhos, o longa mostra os bastidores da Era de Ouro da Fórmula 1 através da rivalidade entre os pilotos Niki Lauda (Daniel Brühl) e James Hunt (Chris Hemsworth). O filme conta com direção de arte, trilha sonora, montagem, fotografia e efeitos visuais e sonoros de extrema qualidade. Além disso, o roteiro de Peter Morgan é inteligente, bem estruturado e não tem nenhuma ponta solta. Porém, o que realmente impressiona é a caracterização dos atores, bem como suas atuações. Brühl e Hemsworth estão ótimos em cena e conseguem transmitir ao espectador toda a tensão do relacionamento dos pilotos. Ou seja, a produção não tem absolutamente nada que possamos falar mal.
2 - "Amor" (Amour - 2012):
Este drama francês, dirigido e roteirizado por Michael Haneke, fez por merecer cada prêmio recebido ao longo do ano, inclusive o Oscar de melhor filme estrangeiro. A história de um casal de idosos e sua rotina após a doença da esposa é mostrada com bastante sensibilidade, mas com força suficiente para conceder ao espectador um choque de realidade, pois a produção é praticamente um "soco no estômago". É um filme primoroso cujas maiores qualidades são direção, roteiro e as belíssimas interpretações de Jean-Louis Trintignant (Georges) e Emmanuelle Riva (Anne).
3 - "Capitão Phillips" (Captain Phillips - 2013):
Baseado em fatos reais e adaptação do livro "A Captain's Duty: Somali Pirates, Navy SEALS, and Dangerous Days at Sea", de Stephan Talty e Richard Phillips, capitão da Marinha Mercante feito refém após o navio em que estava ter sido invadido por piratas na costa da Somália em 2009, o longa dirigido por Paul Greengrass é uma das principais apostas nessa temporada de premiações, sobretudo pela brilhante atuação de Tom Hanks (Phillips), em um de seus melhores trabalhos no cinema. O maior mérito do ator é mostrar Phillips como um homem comum, sem transformá-lo em herói em nenhum momento, coisa que poderia acontecer se o projeto tivesse caído nas mãos de outras pessoas, que não Hanks e Greengrass. Outro que também se destaca em cena é o estreante Barkhad Abdi (Muse), que compôs um personagem complexo com muito esmero e merece cada elogio recebido nos últimos meses. É um filme tenso do início ao fim, com boas atuações, direção impecável, montagem eficiente e roteiro muito bem elaborado e desenvolvido sem nenhuma ponta solta. Indicado a vários prêmios nesta temporada, inclusive ao Globo de Ouro 2014 nas categorias de melhor filme - drama, direção, ator - drama para Hanks e ator coadjuvante para Abdi.
4 - "O Mestre" (The Master - 2012):
Produção polêmica, perturbadora e muito inteligente que fala sobre fanatismo religioso, mostra como uma pessoa se permite ser dominada por outra, alcançando o auge da crença e servidão desmedidas, através da história de Freddie Quell (Joaquin Phoenix), jovem seguidor da seita "A Causa", liderada por Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman), o Mestre. As atuações do trio principal, Phoenix, Hoffman e Amy Adams (Peggy Dodd) são sensacionais. Eles estão tão bem em cena que fica difícil dizer quem brilha mais. Com direção de Paul Thomas Anderson, o longa chamou bastante atenção porque "A Causa" é uma crítica à Igreja da Cientologia, religião seguida por muitos famosos em Hollywood. Indicado ao Oscar de melhor ator para Phoenix, ator coadjuvante para Hoffman e atriz coadjuvante para Adams.
5 - "Os Suspeitos" (Prisoners - 2013):
Há muito tempo Hugh Jackman deixou de ser conhecido somente como Wolverine, seu personagem na bem sucedida franquia "X-Men" (Idem). Profissional versátil e talentoso, Jackman deu um verdadeiro show de interpretação como Keller Dover, homem que teve sua filha sequestrada junto com uma vizinha. Desesperado, ele passa por cima de todos os códigos de moral e ética para tentar encontrar as meninas. O ator consegue transmitir ao espectador toda a dor de seu personagem, roubando todas as cenas e ofuscando seus coadjuvantes de peso: Jake Gyllenhaal (Detetive Loki), Maria Bello (Grace Dover), Viola Davis (Nancy Birch), Terrence Howard (Franklin Birch) e Paul Dano (Alex Jones). A direção firme de Denis Villeneuve e o roteiro espetacular e bem estruturado de Aaron Guzikowski, também merecem destaque e muitos elogios.
6 - "Gravidade" (Gravity - 2013):
Tente imaginar um filme tecnicamente perfeito e capaz de causar deslumbramento no espectador. O longa dirigido por Alfonso Cuarón é exatamente isso, um belíssimo espetáculo visual cujos efeitos trabalham a favor de sua história, sem deixá-la de lado em nenhum momento. A trama é simples e mostra três astronautas consertando o telescópio Hubble, quando detritos de um satélite russo os atingem, matando um deles e deixando os outros dois soltos na órbita da Terra, sem nenhuma comunicação com Houston devido a um blecaute. Apesar de sua simplicidade e da narrativa linear, a trama mantém o clima de tensão e angústia sem nenhum tipo de oscilação. O drama fica por conta do desespero da personagem de Sandra Bullock (Ryan Stone) e sua tragédia do passado. A atriz está muito bem em cena e bate um bolão com George Clooney (Matt Kowalski), responsável pelos poucos momentos de leveza desta produção que tem sido indicada a diversos prêmios, entre eles o Globo de Ouro nas categorias de melhor filme - drama, direção, trilha sonora original e atriz - drama para Bullock.
7 - "Lincoln" (Idem - 2012):
A obstinação de Steven Spielberg para vencer mais uma estatueta do Oscar na categoria de melhor direção é nítida, e há muitos anos o cineasta vem batendo na trave. Com este longa não foi diferente, exceto pelo fato de que ele é a obra-prima que Spielberg estava nos devendo. Baseado na obra "Team of Rivals: The Genius of Abraham Lincoln", de Doris Kearns Goodwin, o longa é ambientado no período da Guerra Civil Americana e mostra a luta de Abraham Lincoln, o 16o presidente dos EUA, para abolir a escravatura e por fim ao conflito. Apesar de a narrativa lenta incomodar alguns espectadores, o longa conta com uma atuação brilhante de Daniel Day-Lewis (Lincoln; sets e direção de arte beirando a perfeição; roteiro bem desenvolvido; trilha sonora e fotografia de Janusz Kaminski excelentes. Não há nada para falar mal em "Lincoln". Nada mesmo. Indicado a 12 estatuetas do Oscar, venceu nas categorias de melhor ator para Day Lewis e direção de arte.
8 - "Django Livre" (Django Unchained - 2012):
Tarantino é Tarantino e toda a sua "loucura" está impregnada neste longa repleto de referências e homenagens ao cinema. Esta produção tem muitas qualidades, como fotografia, montagem, direção de arte, o roteiro e a direção de Tarantino, que ainda faz uma pequena ponta ao final do filme. No entanto, a melhor coisa deste faroeste é a atuação de Christoph Waltz como o Dr. King Schultz, dentista e caçador de recompensas que precisa da ajuda de Django (Jamie Foxx), escravo que deseja reencontrar a esposa que fora vendida. Waltz, mais uma vez, brilha em cena, suprimindo o protagonista Foxx e todos os coadjuvantes. O filme é dele e de mais ninguém! O longa recebeu vários prêmios, entre eles o Oscar de melhor ator coadjuvante para Waltz e roteiro para Tarantino - perdendo as estatuetas de melhor filme, fotografia e edição de som.
9 - "O Lado Bom da Vida" (Silver Linings Playbook - 2012):
O roteiro de Matthew Quick e do diretor David O. Russell é bem desenvolvido e apresenta uma história de superação sem cometer o erro fatal de cair na pieguice. Entre um clichê e outro, a trama se desenvolve mostrando os problemas psiquiátricos de Pat (Bradley Cooper) e Tiffany (Jennifer Lawrence) de forma crua e ao mesmo tempo delicada, oscilando entre a dor e a euforia de dois jovens que precisam superar o passado e sair do fundo do poço. É uma produção muito agradável de assistir que mistura comédia, drama e romance de maneira bastante eficiente. Recebeu oito indicações ao Oscar, mas venceu somente a estatueta de melhor atriz para Lawrence, a nova queridinha de Hollywood.
10 - "Detona Ralph" (Wreck-It Ralph - 2012):
Se para a garotada o filme é uma bonitinha jornada de redenção do super vilão do fliperama, para os adultos saudosistas ele é uma deliciosa viagem ao universo dos jogos de arcade e dá uma vontade imensa de jogar Pac-Man, Super Mario Bros. e Street Fighter, isso só para dizer alguns, mesmo com a qualidade ruim e o velho tilt. Dirigido por Rich Moore, um dos pontos altos deste longa é equilibrar o padrão de qualidade Disney e suas historinhas bonitinhas, com sarcasmo e ironia nas doses certas (principal característica do estúdio rival, DreamWorks), o que dá uma agilidade fantástica ao filme, que é a melhor animação produzida pelo estúdio de Mickey Mouse nos últimos anos. Indicado a muitos prêmios, inclusive ao Oscar de melhor animação em 2013.
- Top 10 - Os piores:
1 - "Se Puder... Dirija!" (2013):
Vendido como o primeiro live-action brasileiro em 3D, o filme é uma comédia, sim... de erros! Tudo deu errado no longa, inclusive o bendito 3D. Para fazer uso de tal tecnologia e transformá-la em grande atrativo, num filme sem nenhum atrativo, era necessário que sua utilização tivesse o mínimo de qualidade. No entanto, a pior coisa deste longa é a ausência de comicidade, erro gravíssimo em qualquer filme que recebe a classificação de comédia. Afinal, toda e qualquer comédia tem a obrigação de arrancar risos do espectador. Quando isso não acontece, a frustração é inevitável. Com direção e roteiro de Paulo Fontenelle, a produção ainda apresenta outros problemas, que vão da atuação de todo o elenco até o trajeto percorrido pelos personagens. Durante a "aventura" de João, manobrista de um estacionamento que pega o carro de uma cliente e se envolve em sucessivas confusões, percebemos erros de geografia, pois o trajeto de João de um ponto do Centro do Rio de Janeiro para outro ponto do Centro, passa por bairros como Laranjeiras e Botafogo, ambos na Zona Sul da cidade. Como assim?! Uma pesquisa rápida no Google Maps ou um GPS ajudariam...
2 - "País do Desejo" (2013):
Com direção de Paulo Caldas, o longa tem a pretensão de apresentar uma trama complexa e profunda, que não passa da superfície porque seus diálogos são rasos e nada é aprofundado o suficiente para prender a atenção do público e conquistá-lo. Por se tratar de um filme que tem a religião como fio condutor de sua história, o mínimo que esperamos é que o tema seja abordado com mais afinco; neste caso, mostrando toda a dualidade do Padre José (Fábio Assunção), que foge às regras da Igreja Católica, inclusive se apaixonando por uma mulher renal crônica e doando seu rim para salvá-la. Tudo num estalar de dedos... Além disso, a cena em que a técnica de enfermagem de descendência japonesa lê mangá pornô, tendo como lanchinho hóstia com ketchup, não tem nenhuma função para o desenvolvimento da trama e é uma das mais bizarras do ano. O filme da hóstia com ketchup, esta é a melhor maneira de definir o primeiro longa-metragem que assisti em 2013.
3 - "Depois da Terra" (After Earth - 2013):
Equívoco cinematográfico milionário, de pai para filho. Orçado em cerca de US$ 130 milhões e dirigido por M. Night Shyamalan, este longa é uma tentativa de Will Smith transformar seu filho, Jaden, em astro de Hollywood. O problema principal é que seu filho ainda tem muito que aprender no que diz respeito à interpretação. O jovem ator não tem força suficiente para encarar o papel do herói que precisa salvar o pai e a si próprio num ambiente hostil. Classificado como ação, aventura e ficção-científica, o filme é mais uma comédia de erros repleta de efeitos visuais e sonoros capengas, com roteiro terrível, atuações constrangedoras e situações forçadas para mostrar as habilidades de Jaden com artes marciais - resquício de "Karatê Kid" (The Karate Kid - 2010).
4 - "As Bem-Armadas" (The Heat - 2013):
Não se pode confundir sucesso de bilheteria com qualidade, pois nem sempre encontramos os dois no mesmo filme. O longa dirigido por Paul Feig e protagonizado por Sandra Bullock (Ashburn) e Melissa McCarthy (Mullins) é mais um triste exemplar de comédias de erros; pois o que vemos na tela são situações e piadas forçadas, sem nenhuma graça, uma sucessão de clichês e personagens estereotipados, inclusive os principais - uma agente do FBI (Bullock) e uma policial (McCarthy) que se unem para investigar um traficante de drogas em Boston. As atrizes fazem o possível para salvar o longa do fracasso, mas não há o que fazer diante de um roteiro fraco e incapaz de aprofundar a trama (e sub-tramas) a que se propõe a contar. O filme não decepciona nas cenas de ação, contudo é um desastre em todo o resto.
5 - "The Canyons" (Idem - 2013):
Exibido durante o Festival do Rio deste ano, o maior atrativo deste longa é o diretor Paul Schrader, que tem em seu currículo os roteiros de "Táxi Driver" (Taxi Driver - 1076) e "Touro Indomável" (Raging Bull - 1980). Por este motivo, esperamos um projeto no mínimo interessante sobre a face negra da indústria hollywoodiana, repleta de drogas e sexo, através do produtor de filmes B, Christian (James Deen), e seu relacionamento com a atriz Tara (Lindsay Lohan). Só que não, pois em poucos minutos de exibição percebemos que o roteiro de Bret Easton Ellis é mal desenvolvido, repleto de pontas soltas e erra demais ao tentar conceder o mínimo de drama e suspense a uma história muito rasa, incapaz de envolver a plateia com o que é mostrado na tela. Contudo, este não é o maior problema do longa, que conta ainda com personagens extremamente desinteressantes e mal interpretados. Todos os atores, sem nenhuma exceção, atuam muito mal! A situação é tão complicada que fica até difícil dizer quem está pior em cena.
6 - "Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos" (The Mortal Instruments: City of Bones - 2013):
Com direção de Harald Zwart, a adaptação cinematográfica do primeiro livro da bem sucedida série literária de Cassandra Clare era um dos filmes mais aguardados do ano, mas deixa a desejar em diversos aspectos, a começar pela escolha do elenco. Os atores não estão bem em cena e concedem a seus personagens uma superficialidade ímpar, deixando claro ao espectador (com algum senso crítico) sua incapacidade de encontrar a essência de seus respectivos personagens para interpretá-los com o mínimo de competência. Junto a isso, a direção fraca de Zwart, o roteiro mal elaborado e os "quesitos" técnicos capengas ajudaram a transformar o longa em decepção. Para um filme classificado como ação, aventura e fantasia, cujo público alvo são os jovens, o mínimo que podemos esperar são efeitos sonoros e visuais de qualidade inegável. O que não é oferecido por este longa, pois tais efeitos são pífios e deixam algumas sequências à beira do ridículo.
7 - "O Cavaleiro Solitário" (The Lone Ranger - 2013):
Em 2012, a bola fora da Disney foi "John Carter: Entre Dois Mundos" (John Carter - 2012), que rendeu ao estúdio um prejuízo milionário. Neste ano, o mesmo aconteceu com "O Cavaleiro Solitário" cujo grande chamariz é Johnny Depp, que errou ao transformar o índio Tonto em uma versão comanche de Jack Sparrow. Além disso, o longa não conseguiu criar uma identidade própria ao apresentar personagens superficiais e trama demasiadamente arrastada. A ação custa a acontecer e não tem o respaldo de um bom roteiro, o que prejudicou bastante o seu resultado final. É uma produção muito fraca, cansativa de assistir e que não faz jus à clássica série de TV homônima que a originou.
8 - "A Hospedeira" (The Host - 2013):
Com direção e roteiro de Andrew Niccol, baseado na obra homônima de Stephenie Meyer, autora de "A Saga Crepúsculo" (The Twilight Saga), o longa é insosso e bastante cansativo de assistir porque falta agilidade à história. Toda e qualquer produção precisa de agilidade, mesmo sendo um romance, pois é difícil para qualquer espectador ficar mais de duas horas dentro de um cinema para assistir a um filme cuja trama se arrasta demasiadamente. A situação piora com a tentativa de inserir algumas pitadas de comicidade nos diálogos entre a hospedeira Melanie (Saoirse Ronan) e Peregrina, a Alma alienígena que fora "implantada" na jovem. A tentativa de dar certo tom cômico foi um fracasso, pois tais diálogos conseguem no máximo risadas tímidas em pouquíssimas situações. Com atuações questionáveis do casal protagonista, "A Hospedeira" é um filme sem graça, cansativo de assistir, capaz de fazer o pior detrator de qualquer longa de "A Saga Crepúsculo" se apaixonar perdidamente por Edward, Bella e Jacob - mesmo que as histórias não tenham absolutamente nada a ver uma com a outra, tendo apenas a autora em comum.
9 - "Gente Grande 2" (Grown Ups 2 - 2013):
Comediantes aclamados pelo público não conseguem sustentar um filme sozinhos. É necessário muito mais do que uma reunião de famosos e velhos amigos para levar um produto para as salas de exibição. E a coisa mais importante para que isso acontecesse com o mínimo de dignidade foi completamente esquecida e/ou ignorada: o roteiro. Dirigido por Dennis Dugan, o longa desperdiçou a pouca coerência da trama ao apresentar um roteiro preguiçoso e sem conteúdo. O maior equívoco da produção é apostar em caras e bocas de seus atores, forçando a barra em várias situações, em detrimento da história e sua narrativa. O filme é uma comédia incapaz de arrancar gargalhadas do público, oferecendo pouquíssimas sequências engraçadas, a maioria delas na festa temática na casa dos personagens de Sandler (Lenny Feder) e Salma Hayek (Roxanne Chase-Feder), sobretudo devido à caracterização dos atores. Com o tema "anos 80", podemos ver fantasias de Bruce Springsteen, Madonna, Tina, Boy George, Tom Cruise em "Negócio Arriscado", entre tantas outras de fácil identificação junto ao público que já passou dos 30. É uma produção fraca e decepcionante, na qual seus atores trabalham no "modo automático" e não se esforçam em absolutamente nada para conceder ao espectador bons momentos no cinema.
10 - "Jobs" (jOBS - 2013):
A curiosidade em torno da produção foi a grande responsável por atrair o público, afinal, trata-se da biografia de Steve Jobs. A trama começa em 2001 com a apresentação do iPod e faz uma viagem no tempo, direto para os anos de 1970, tentando traçar sua trajetória até a década de 1990, quando retornou à Apple para salvá-la da falência. Porém, tudo é mostrado de forma rasa e capenga, deixando de lado pontos importantes como a criação da Pixar. Sua cena inicial em 2001 é a responsável por uma das maiores falhas do longa, que começa como um imenso flashback, mas que ao final não volta ao seu ponto de partida para concluir a história; deixando essa cena totalmente sem sentido e nos dando a impressão de que ela está ali apenas para nos dizer, "olha, esse cara criou o iPod e todos os outros ‘i’ que vieram depois dele". As únicas coisas boas neste filme são o trabalho do elenco, especialmente de Ashton Kutcher (Jobs), e a caracterização de todos os atores. Mas isto não foi o suficiente para salvar este longa. E, considerando a obstinação de Steve Jobs por qualidade e perfeição, este longa provavelmente o deixaria furioso diante do resultado final.
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