segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Uma data para a HQ brasileira

Por Luiza Maia - Diário de Pernambuco
A comemoração do Dia do Quadrinho Nacional (30), traz certo alívio para os produtores e fãs das HQs. Depois de um susto em 2009, com reformulação interna de algumas editoras e venda de outras, o mercado voltou a se aquecer em 2010. Para 2011, estão previstos ainda mais lançamentos que no ano passado. A Companhia das Letras está com quatro projetos em andamento, inclusive de quadrinistas mais jovens. Cachalote (2010), de Rafael Coutinho, filho de Laerte, e Daniel Galera, foi a primeira aposta em novos nomes. Era para ter saído dois anos antes. Eles nunca tinham feito quadrinhos de 200 páginas, mas o resultado foi muito bom`, acredita André Conti, editor da Quadrinhos na Cia.

Principal dificuldade do mercado brasileiro é a circulação; Lourenço Mutarelli em oficina promovida pelo Quarto Mundo. Foto: Quarto Mundo/Divulgação
Se, por um lado, as casas editoriais conseguiram se recuperar da recessão, por outro, empresas menores e publicações independentes também ganham destaque cada vez maior. O Prêmio Ângelo Agostini de melhor lançamento do ano, por exemplo, será entregue no dia 5 de fevereiro a Bando de dois, de Danilo Beyruth, publicado pela Zarabatana Books, criada no final de 2006 e que somente há dois anos investe em publicações nacionais. As revistas de antigamente eram bem fanzines mesmo. Hoje, o pessoal consegue boa produção, e preço `, acredita Jorge Rodrigues, dono da maior loja de HQs do Brasil, Comix Book Shop (SP). Para ele, os quadrinistas voltaram a acreditar no mercado brasileiro. ´Na década de 1990, os principais nomes foram para o mercado norte-americano, como Marcelo Campos e Mike Deodato Jr. (que até hoje desenha para a Marvel)`, reflete. O retorno dos profissionais nesta primeira década do século 21 se justifica pelo investimento das editoras e a resposta do público consumidor.
A maior dificuldade dos independentes é a circulação das HQs. Em geral, as livrarias só têm no catálogo produtos dos artistas locais. Aqui, somente em lojas especializadas (e, ainda assim, com dificuldade), é possível encontrar títulos como Nanquim descartável, vencedor da 21ª e 22ª edições do Prêmio HQMix na categoria Publicação Independente de Autor. A revista é uma publicação do coletivo Quarto Mundo, criado para minimizar problemas com edição e distribuição.
Atualmente, cerca de 50 profissionais participam do grupo. Não se trata de uma editora. Muitos já vinham se autopublicando. A ideia era se ajudar, pois esse não era o principal trabalho de nenhum de nós`, explica Daniel Esteves, um dos integrantes do Quarto Mundo. Independente mesmo é o paulista Gustavo Duarte, de 33 anos, que publicou sem editora seus dois primeiros livros, Có! e Táxi (ambos premiados). O terceiro, previsto para o primeiro semestre de 2011, vai na mesma linha. ´Gostaria de estar em todas as capitais, mas nem todas as livrarias têm os livros`, confessa. Táxi ainda não é vendida no Recife.

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