Por Observatório de Historias em Quadrinhos - USP
A pesquisa foi desenvolvida em nível de mestrado por Ana Carolina Souza da Silva, no Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade da Universidade Estadual da Paraíba, sob orientação da Profa. Dra. Rosângela Maria Soares de Queiroz.
A autora parte da consideração inicial de que Mafalda, Susanita e Raquel (mãe deMafalda) representam vozes femininas e refletem as construções do imaginário cultural da época de sua produção. Assim, os discursos e as imagens presentes nas narrativas se configuram como objeto de estudo da dissertação, já que é a partir da (re) construção de seus sentidos que se busca responder a questão de como se dá a representação da voz e da identidade feminina refletidas no imaginário de Mafalda, personagem de quadrinhos criada pelo artista argentino Quino.
A partir dessa problemática, são estabelecidas as seguintes hipóteses: 1. As histórias em quadrinhos, assim como outras manifestações da linguagem, recuperam e refletem em suas imagens, sons e escrita a memória sócio- cultural individual e coletiva de um dado contexto histórico. 2. Quino resgata os valores e os espaços sociais da mulher permitindo em suas tiras o diálogo e o confronto de ideologias entre representações femininas diferentes. 3. A partir dos discursos velados e expostos, as histórias em quadrinhos de Mafalda veiculam ideologias, formas de pensar e agir que contribuem para a formação de sua identidade feminina.
O corpus da pesquisa é composto pelo livro Toda Mafalda, de Quino, que reúne praticamente todas as publicações com a personagem. O recorte para análise (12 tiras) foi realizado levando-se em consideração a relação interdiscursiva entre imagem e escrita, buscando escolher quais atendiam mais significativamente ao objetivo geral do trabalho de observação das formas das representações femininas.
A pesquisa conclui que a tentativa de auto-afirmação feminina, de busca pelo espaço social registrado na voz de Mafalda contribuiu consideravelmente para uma ampliação/aceitação de seus seguidores ideológicos como também para uma possível negação, um estranhamento. Sugere, a partir dessa leitura, que reconhecer as representações femininas nos quadrinhos de Mafalda implica num olhar atento aos processos de produção, circulação e interpretação dos sentidos, especialmente, para a relação mantida entre o exposto e o velado, em quem diz, como diz e por que diz.
Maiores informações podem ser obtidas diretamente com a autora, nos endereços eletrônicos anacarolinaragao@gmail.com e ikebana_azul@hotmail.com.
Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro
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