Por Milena Azevedo - GHQ
Battlestar Galactica (ou BSG) foi um remake da série de TV homônima (no Brasil, batizada de Galactica – Astronave de Combate), exibida em 1978.
Embora ainda hoje o seriado clássico seja cultuado, nem ele e tampouco seu spin off, Galactica 1980, renderam dividendos para os produtores, na época. Tanto que Glen A. Larson, o criador da série original, esperou mais de 20 anos para tentar novamente emplacar a saga da luta entre os seres humanos e as máquinas inteligentes (cylons), embarcando como produtor executivo e deixando a criação nas mãos de Ronald D. Moore (ou RDM).
BSG teve quatro temporadas (2004 a 2009), mas, um ano antes de o seriado ir ao ar, foi exibida uma minissérie com três horas de duração, que, na verdade, serviu de teste para o canal Syfy sentir o potencial do remake.
Como a trama do seriado era bastante extensa, trazendo diversos e ricos personagens, mostrou-se necessária a criação de um prólogo oficial, em quadrinhos, narrando os acontecimentos anteriores ao Holocausto Cylon (evento que marca o rompimento do armistício de 40 anos entre humanos e cylons, com os últimos invadindo e destruindo as 12 Colônias, instaurando, assim, a 2ª Guerra Civil).
A história de Season Zero (pág.168, colorida, U$ 19,90) começa dois anos antes do Holocausto Cylon, quando William Adama é designado como Comandante da Battlestar Galactica 75, tendo como X.O. o Coronel Saul Tigh.
Logo, o leitor acompanha a primeira missão de Adama a bordo da Galactica: busca e resgate de uma nave expedicionária, comandada por seu antigo mentor e amigo, Almirante Julian DiMarco, que se está há sete dias desaparecida – em flashbacks se vê Adama como X.O. do ainda Comandante DiMarco, na nave Columbia, mostrando a relação de forte parceria entre eles.
O Comandante Adama encara a missão como algo pessoal, partindo para fora dos limites da Fronteira Colonial, uma zona chamada de “Espaço Neutro”. Ao receber um sinal de um planeta desconhecido, lidera pessoalmente uma pequena equipe para resgatar o Almirante.
No entanto, esse resgate revelará surpresas desagradáveis a Adama, que precisará escolher entre cumprir seu dever ou ajudar o seu amigo.
Dois dias depois de encerrada a primeira missão, a Galactica segue as ordens da Agente Nolan, responsável por uma operação para descobrir quem está por trás dos assaltos a naves cargueiras e estações de combustível, usando como isca um prisioneiro chamado Darja Purat, que havia assumido ser o cabeça da quadrilha.
Quando a tripulação descobrir que a Agente Nolan é uma traidora, os pilotos Kara “Starbuck” Thrace e Karl “Helo” Agathon serão os únicos que não medirão esforços para sabotar os planos dela.
Ao ser informado sobre a indisciplina de seus pilotos, Adama pretende ir atrás deles, mas é barrado pelo Agente Levin, que chega à Galactica para botar ordem na casa. Por baterem de frente com Levin, Adama e Tigh são enviados para a detenção.
À medida que Helo e Starbuck se infiltram na base de operações rebeldes, se descobre que essa segunda missão tem estreitas ligações com a primeira, e podem ser parte do plano que resultará no Holocausto Cylon.
As histórias contadas neste primeiro arco tem a mesma pegada da série, na qual nunca se sabe ao certo quem está falando a verdade. Há traição de ambos os lados, e esse suspense bem construído prende a atenção do leitor.
O senão fica para os flashbacks, inseridos de maneira abrupta, sem nenhum recurso de diagramação ou recordatório que permita distingui-los dos acontecimentos presentes, causando uma pequena confusão temporal no leitor, principalmente àqueles que não assistiram ao seriado.
A arte do brasileiro Jackson Herbert, em um de seus primeiros trabalhos para o mercado norte-americano, impressiona pela fidelidade na caracterização dos atores e dos modelos das naves da série.
O encadernado traz todas as capas das edições # 0 a # 6, incluindo as alternativas, além de alguns esboços dos personagens feitos por Herbert.
(Resenha publicada no Universo HQ)
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