quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Oh Nolan… O que foi que você fez com o Batman?

 
Por André Luíz de Melo Pereira - Judão
Quando eu tinha 3 anos, tive minha primeira grande decepção com o Batman. Vestido com uma fantasia dele, e tendo acabado de ver o filme do Tim Burton, pulei da mesa da cozinha, segurando a capinha pra voar. Logicamente, eu enfiei o peito no chão, chorei e não queria mais ser o Batman.
Vinte e três anos depois, aqui estamos e Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge chega aos cinemas e, talvez embalado com as expectativas absurdas, tive uma nova decepção com o Homem-Morcego. Veja bem, o filme não é ruim (se aquilo é ruim, o nível tá ótimo), mas sabe quando você sai do cinema com a impressão de que viu algo que nem quando estava pensando na possibilidade do filme ser uma bosta seria do jeito que saiu?
E eu tenho uma teoria sobre isso.

Christopher Nolan disse que não faria mais filmes do Batman. Cansou, quer fazer outras coisas e tudo mais. ÓTIMO, gosto dos seus filmes “fora da DC”, então por mim tá tudo certo. O problema aí foi o lance “dono da bola” que, quando vai embora, leva a gorduchinha e acaba com a brincadeira de todo mundo. Ao tentar dar um fim à história que começou contar, o Nolan chamou pra si uma responsabilidade que ninguém teve culhões pra fazer DE VERDADE com o personagem, que era dar um final a ele. E, nisso, ele puxou corda pra se enforcar.
O diretor chegou num ponto absurdamente impossível de ser superado com Batman: O Cavaleiro das Trevas. O filme é muito bom e se beneficiou pra caramba com a morte do Heath Ledger — não queira negar, isso é um fato, assim como o ator deu a alma pra fazer um bom trabalho e, com ou sem a tragédia que o atingiu, receberia prêmios e o escambau.
A sequência desse filme tinha de ser algo realmente grandioso. Algo que fosse, pelo menos, tão bom quanto o filme anterior. Aí o filme estreou…
2h45 de filme: corrido AS FUCK
Se tinha um filme que se beneficiaria LOUCAMENTE dessa mania que inventaram de dividir filmes pra ganhar mais dinheiro, como as últimas partes de Harry Potter e da Saga Crepúsculo, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge seria esse filme.
O longa tem 2 horas e 45 minutos de duração. TEMPO PRA CARALHO.
E desde os primeiros 15 minutos você já percebe que o Nolan engatou a quinta marcha muito rápido, indo assim até o final. Só que aí você vê partes que poderiam ter um pouco mais de trabalho — como o relacionamento do Bruce com a Selina, desenvolver ainda mais o John Blake, fazer do plano do Bane algo mais decente e a revelação da Talia mais impactante — tudo meio que jogado na tua cara.
A ideia era boa, a execução que não foi tão primorosa como antes.
E vale ressaltar que ter a coluna quebrada é foda, mas se tornar o GODDAMN BATMAN novamente com umas porradas nas costas, flexão, barrinha e abdominal por 5 meses foi de foder.
Cadê a emoção?
Antes que você diga que ela está em cenas como a do Alfred contando da carta da Rachel, eu já digo que concordo. Mas aquilo foi mais pelo trabalho de Michael Caine e do Christian Bale do que do filme. Repare que não existe um peso REAL da revelação para a história. E não vale falar “Ah, mas ele comeu a Miranda”. Serviu só pro Alfred sair da jogada, o que não mudou nada.
A impressão que a grande maioria das cenas do filme passou era que eu tava vendo um espetáculo gelado. Os filmes anteriores parecem que, por mais isolados que fossem, tinham alma. Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge não.
A maior impressão que ficou quando o filme terminou foi que o Nolan já não tinha mais nada pra contar de verdade depois de Batman: O Cavaleiro das Trevas, mas precisava fazer mais um pra fechar tudo. Sabe aquela coisa “Toma aí o filme pra não me encherem o saco depois”? Bem filmado, MUITO BEM ATUADO, mas vazio. “Vamos amarrar algumas coisas aqui e dar tchau”.
O final… AH AQUELE FINAL…
O ponto que todo mundo queria saber, até mesmo o filho da puta de Aurora: como vai acabar a história do Batman? Na minha opinião, o Batman não poderia ter um FINAL. O que faz dele O Batman é aquela vontade acima do bem próprio de combater a injustiça e defender os fracos, evitando que aconteça com outros o que aconteceu com ele.
Ponto. Batman não tem final feliz.
Christopher Nolan foi lá e deu um final feliz pro Batman. Eu tô muito errado ao falar isso, mas parece que o Nolan fez isso pra ninguém poder continuar de onde ele parou. Do tipo “Querem mais? REFAÇAM TUDO!”
“Ah, mas o Bruce fala que o Batman era um símbolo, que qualquer um poderia ser ele”. Ok, mas qual é o treinamento que o Blake tem pra ser o Batman? Quão diferente ele é daquela galera que o Bruce esculachou em TDK e que saiam vestidos de Batman nas ruas?
Porque nas cenas em que o Blake tava em perigo, principalmente naquela final com o Batman, eu tava esperando ele sair chutando bundas espetaculosamente, provando que ele era realmente um fodão que poderia usar uma máscara e sentar a porrada na bandidagem.
Nãããão, ele dá uns tiros meio perdidos e fica por isso mesmo.

Also, Nolan mandou um blue ball forte com essa história do Robin. Assume de uma vez o nome do maluco como Dick Grayson e pronto. Diz que ele é um policial e toca o barco. Quando ele conta que era órfão e sabia que o Bruce era o Batman, tava na cara que tinha alguma coisa ali.
Mas o que me deixou mais puto com o final foi o fato que, pela primeira vez, eu me senti realmente satisfeito com o elenco. Bane tava maneiro, Talia Al Ghul também. Gordon, Alfred e Fox tavam fodas como sempre. Mas, pela primeira vez, eu REALMENTE gostei do Batman do Christian Bale. A voz idiota ainda tá lá, mas foi a primeira vez que eu pensei “Não chama outro maluco pra ser o Batman”.
Valeu, Christopher Nolan, por acabar com essa possibilidade remota de oferecerem uma quantia pornográfica de dinheiro pra ele voltar! VALEU PELO FINAL FELIZ DO MALDITO BATMAN!
E a razão do meu emputecimento está nos ombros do Joseph Gordon Levitt e da Anne Hathaway. Eles, com certeza, são a melhor coisa do filme. Ele, que tem o único personagem com um arco completo de verdade no longa, mostra um John Blake interessante, com suas nuances e que funcionaria BEM PRA CARALHO como Robin/Asa Noturna, ao lado do Batman. Isso que me deixa mais puto, porque nós NÃO vamos ver isso!!!
A Anne Hathaway, por sua vez, conseguiu mandar um CHUPA (com todo o prazer, SUA LINDA!) pra todo mundo que falou que ela seria uma Mulher Gato de merda. Além de ser absurdamente bonita AND gostosa, ela tá BEM como Selina Kyle. E eu gostei mais dela do que da Michele Pfeiffer no papel.
Então, o filme é uma bosta? De maneira alguma!
Sabe quando você tá atrás de uma menina durante um bom tempo, finalmente fica com ela e é uma bosta, só que pelo esforço e tempo, você releva? Se fosse alguém que você acabou de conhecer, acharia ZUADO? Então. Eu tive essa sensação ao sair da sessão de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (que inclusive, teve bate boca de gente dentro da sala e eu, por um momento, pensei que ia dar merda).
O filme é, com certeza, o mais sem rumo da trilogia, já que quer dar um passo maior que as pernas. Ele quer mostrar tudo e fechar tudo. Ele fecha, até que relativamente bem, mas você sabe que, com o talento envolvido, ele poderia ser BEM MELHOR.
Durante o filme, você vai se empolgar com algumas coisas, talvez saia do cinema mais animado que eu, mas depois, se você for ver de cabeça fria, vai enxergar um monte de besteiras que fizeram ao longo das quase 3 horas de filme e vai entender que ele não é a maravilha que todos nós já esperávamos e acreditávamos que ele seria quando ouvimos aquelas palavras do Comissário Gordon lá em 2008.
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge fecha a trilogia do Christopher Nolan, assim como qualquer possibilidade decente de vermos o Asa Noturna/Robin Joseph Gordon Levitt lutando contra Charada, Pinguim e toda aquela patota explosiva de Gotham, ao lado do Christian Bale e sua voz ridícula, mas que todo mundo já se acostumou.
Agora, é esperar uns anos pelo reboot, que se tudo der certo, será algo próximo ao Batman visto em Arkham Asylum/Arkham City. Isso se uma quantia pornográfica de dinheiro não for oferecida pro Christopher Nolan e ele resolva fazer mais filmes do Homem Morcego.
E eu não digo “Obrigado, Nolan!” porque ele, na minha cabeça, não terminou a trilogia do Batman. Quando eu saí do cinema, eu percebi que não assisti ao capítulo final da trilogia do Homem Morcego. Eu vi Robin Begins. Inclusive, quero assistir novamente com essa ótica. Vai que era essa a intenção, né?


Eu assistiria um filme do Asa Noturna. E você?

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