Por DELLANO RIOS - Diário do Nordeste
As histórias em quadrinhos logo adotaram a figura do herói em suas produções. Na nona arte, exageraram-se os poderes e feitos dos personagens
No início, antes mesmo de serem batizadas, as histórias em quadrinhos traziam, predominante, enredos de humor. Ainda estavam muito próximas das charges políticas e das caricaturas. Quando seus editores perceberam que o público massivo daquela linguagem era o infantil, passaram a investir em outros gêneros já consagrados entre os pequenos leitores. Foi aí que a figura do herói chegou às páginas dos gibis.
No início, não era mais que uma tradução visual dos protagonistas de histórias de aventuras e de personagens da literatura pulp (publicações vendidas por preços irrisórios em bancas de jornal, com contos de terror, policial, aventura e fantasia). O herói da ciência Buck Rogers nasceu nos pulp e depois migrou para as HQs. O quadrinista Alex Raymond criou Flash Gordon para concorrer com ele, e levava além as aventuras espaciais. Tarzan, que havia estreado na literatura em 1912, debutou nas tirinhas 17 anos depois.
Um personagem, no entanto, forçaria uma recriação da ideia de herói nas HQs: o Superman. Os amadores Jerry Siegel e Joe Shuster haviam concebido um vilão, com poderes acima do normal. Acabaram por fazê-lo mudar de lado e vestir cores que remetiam a bandeira norte-americana. É com o último filho do planeta Krypton que os superpoderes chegam à Terra, em 1938. O herói das HQs é uma hipérbole. Elevam-se a níveis estratosféricos a força e as dificuldades enfrentadas.
O Superman sobrevoa arranha-céus, enxerga através das paredes, provoca ventanias com a força de seus pulmões e salva o mundo (inúmeras vezes). Depois dele, seguiram inúmeros outros, de gêmeos oportunistas (como o igualmente superpoderoso Capitão Marvel/Shazam) a sujeitos com um grande poder (o veloz Flash, o elástico Homem-Borracha, entre outros).
O padrão tornou-se hegemônico. E para além do meio das HQs. O cinema flertou por muito tempo com o modelo, até levar os próprios personagens dos gibis para a tela grande, numa ininterrupta série de superproduções. O sucesso foi tanto que, quando se fala em herói, é mais fácil pensar em seres vestindo uniformes de cores berrantes do que num conceito que remonta à Antiguidade.
De carne e osso
Stan Lee é o responsável por uma atualização do modelo imposto pelo sucesso do Homem de Aço. No começo dos anos 1960, ele ajudou a construir o que seria um dos grandes impérios da nona arte, a Marvel Comics, a partir da criação de uma série de personagens superpoderosos que, além de vilões de igual calibre, enfrentavam problemas do cotidiano.
O Batman, de Bob Kane, surgido em 1939, já era uma tentativa de levar um homem comum à condição de super-herói. Contudo, inicialmente, o homem-morcego partilhava da condição gloriosa dos superpoderosos. Bem diferente era, por exemplo, o Homem-Aranha de Lee. Desde sua estreia, em agosto de 1962, o teioso tinha habilidades sobre-humanas, mas estas pouco lhe ajudavam contra os obstáculos da vida de adolescente: a rejeição das garotas, a falta de dinheiro e o trabalho da escola com prazo apertado.
Os X-Men, tão diversos em suas habilidades quanto os deuses do Olimpo, enfrentaram, anos mais tarde, o preconceito. O Quarteto-Fantástico, mais antigo que o Aranha, era como uma unidade familiar - com suas alegrias e tensões.
Atualmente, a tendência nas HQs é dar aos herois feições mais modernas e ambíguas. O conceito se esvai, enquanto ficam o superpoderes. Superman e seus amigos resistem, mas surgem novatos tão egoístas quanto a nata do Olimpo.
No início, antes mesmo de serem batizadas, as histórias em quadrinhos traziam, predominante, enredos de humor. Ainda estavam muito próximas das charges políticas e das caricaturas. Quando seus editores perceberam que o público massivo daquela linguagem era o infantil, passaram a investir em outros gêneros já consagrados entre os pequenos leitores. Foi aí que a figura do herói chegou às páginas dos gibis.
No início, não era mais que uma tradução visual dos protagonistas de histórias de aventuras e de personagens da literatura pulp (publicações vendidas por preços irrisórios em bancas de jornal, com contos de terror, policial, aventura e fantasia). O herói da ciência Buck Rogers nasceu nos pulp e depois migrou para as HQs. O quadrinista Alex Raymond criou Flash Gordon para concorrer com ele, e levava além as aventuras espaciais. Tarzan, que havia estreado na literatura em 1912, debutou nas tirinhas 17 anos depois.
Um personagem, no entanto, forçaria uma recriação da ideia de herói nas HQs: o Superman. Os amadores Jerry Siegel e Joe Shuster haviam concebido um vilão, com poderes acima do normal. Acabaram por fazê-lo mudar de lado e vestir cores que remetiam a bandeira norte-americana. É com o último filho do planeta Krypton que os superpoderes chegam à Terra, em 1938. O herói das HQs é uma hipérbole. Elevam-se a níveis estratosféricos a força e as dificuldades enfrentadas.
O Superman sobrevoa arranha-céus, enxerga através das paredes, provoca ventanias com a força de seus pulmões e salva o mundo (inúmeras vezes). Depois dele, seguiram inúmeros outros, de gêmeos oportunistas (como o igualmente superpoderoso Capitão Marvel/Shazam) a sujeitos com um grande poder (o veloz Flash, o elástico Homem-Borracha, entre outros).
O padrão tornou-se hegemônico. E para além do meio das HQs. O cinema flertou por muito tempo com o modelo, até levar os próprios personagens dos gibis para a tela grande, numa ininterrupta série de superproduções. O sucesso foi tanto que, quando se fala em herói, é mais fácil pensar em seres vestindo uniformes de cores berrantes do que num conceito que remonta à Antiguidade.
De carne e osso
Stan Lee é o responsável por uma atualização do modelo imposto pelo sucesso do Homem de Aço. No começo dos anos 1960, ele ajudou a construir o que seria um dos grandes impérios da nona arte, a Marvel Comics, a partir da criação de uma série de personagens superpoderosos que, além de vilões de igual calibre, enfrentavam problemas do cotidiano.
O Batman, de Bob Kane, surgido em 1939, já era uma tentativa de levar um homem comum à condição de super-herói. Contudo, inicialmente, o homem-morcego partilhava da condição gloriosa dos superpoderosos. Bem diferente era, por exemplo, o Homem-Aranha de Lee. Desde sua estreia, em agosto de 1962, o teioso tinha habilidades sobre-humanas, mas estas pouco lhe ajudavam contra os obstáculos da vida de adolescente: a rejeição das garotas, a falta de dinheiro e o trabalho da escola com prazo apertado.
Os X-Men, tão diversos em suas habilidades quanto os deuses do Olimpo, enfrentaram, anos mais tarde, o preconceito. O Quarteto-Fantástico, mais antigo que o Aranha, era como uma unidade familiar - com suas alegrias e tensões.
Atualmente, a tendência nas HQs é dar aos herois feições mais modernas e ambíguas. O conceito se esvai, enquanto ficam o superpoderes. Superman e seus amigos resistem, mas surgem novatos tão egoístas quanto a nata do Olimpo.
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