
Nos Estados Unidos, Daytripper foi publicado pelo selo Vertigo, da DC Comics, em formato de minissérie. As edições eram independentes, cada uma sobre uma fase na vida de Mario Bras Domingos, escritor de obituários de um jornal de São Paulo, desde a infância até a velhice. No Brasil, a HQ sai em edição única, com 256 páginas e capa dura, pela Panini.
Os prêmios têm um gostinho especial, embora a dupla já tenha onquistado os nacionais Jabuti, HQ Mix e Angelo Agostini e os internacionais Xeric Foudation Grant e Eisner outras três vezes. “É a primeira vez que a gente escreve um roteiro e desenha e faz tudo e é premiado. É a nossa história, não é uma história em quadrinhos que a gente está fazendo com outros autores”, comenta Fábio, que é parceiro do irmão desde 1997, quando lançaram o fanzine Vez em quando, aos 17 anos.
Daytripper marca uma estreia muito bem sucedida no mercado norte-americano. É a primeira publicação dos gêmeos em uma editora internacional, e não deve ser a última. “Eles ficaram muito felizes com o resultado de crítica e vendas. Toda vez que a gente ganha outro prêmio, recebe e-mail dos editores perguntando ‘E aí? Como tão?’”, conta.
Antes, projetos dos dois rejeitados por várias editoras, inclusive a própria DC Comics. Eles conheceram Bob Schreck, o editor responsável pela minissérie, em 2001, através da indicação de outra editora, da Dark Horse. “Ele adorou o nosso trabalho, só que ele trabalha com super-herói. E ele não tinha trabalho para a gente”, recorda Fábio. Anos depois, Bob foi transferido para a Vertigo, selo pelo qual saem os projetos autorais. “Em 2006, já instalado na Vertigo, Bob nos disse durante nosso encontro anual na convenção de San Diego: ‘Chegou a hora, rapazes. Comecem a me mandar ideias’”. Daytripper começou a ser escrita em 2007, embora o projeto tenha surgido em 2002, fruto de uma ideia de Bá.
Mesmo com a conquista de espaço editorial nos Estados Unidos, Gabriel Bá e Fábio Moon não descartam a possibilidade de lançamentos independentes, nicho que vem ganhando força no Brasil. Para eles, tudo depende do estilo e tamanho do gibi. “As editoras de quadrinhos brasileiras estão migrando para as livrarias. Então eles querem livros. E livro tem que ter muita página”, avalia. “Fazer independente tem uma praticidade. Na editora, tem que entrar no cronograma de lançamento. Nem sempre tem a agilidade que você quer”. Ainda não há previsão para o próximo trabalho. Por enquanto, os gêmeos estão curtindo os eventos de lançamento e participações em festivais de Daytripper. Preço sugerido: R$ 62.
Por Luiza Maia, do Diario de Pernambuco - 16-09-2011
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