quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Plágio Parte II


Miracleman, o plágio que deu certo
Por Jotapê - Omelete
Marvelman surgiu na Grã-Bretanha
em 1954, pouco depois da publicação 
de Capitão Marvel ter sido 
cancelada nos Estados Unidos. 
O fim do velho Capitão foi 
conseqüência do acordo entre 
a Fawcett e a National Periodicals
o que encerrou um litígio de 
vários anos. A segunda acusava a 
primeira de ter plagiado seu 
carro-chefe, o Super-Homem
ao criar o Capitão Marvel
Conversa pra boi dormir. 
A verdade é que o Mortal 
Mais Poderoso do Mundo 
estava concorrendo pesado 
com o Homem de Aço.
Isso foi na terra do Tio Sam. Aqui no Brasil, porém, o Capitão 
Marvel continuou sendo republicado até o final da década de 
60 na maior cara dura. Alguém na RGE deve ter decidido ignorar, 
convenientemente, a celeuma americana. Melhor pros novos fãs do
Maioral Vermelho, entre os quais incluia-se o humilde escriba destas 
mal traçadas.
Os ingleses, por sua vez, bolaram uma solução bem mais interessante. 
 No mês seguinte à publicação da última história do Capitão Marvel 
proveniente dos Estados Unidos na revista britânica 
Captain Marvel 24 da editora L. Miller & Sons,Ltd, foi lançada a 
edição Marvelman 25. Grande sacada, não&qt& Foi a maneira 
que o editor Leonard Miller e o quadrinhista Mick Anglo 
 bolaram pra não perder os leitores.
Em português bem claro, mudou tudo, mas não mudou nada.
Na edição anterior, Captain Marvel 24, os ingleses haviam 
 incluído quadros que mostravam Billy Batson e Freddy Freeman
 respectivamente as identidades secretas de Capitão Marvel e
Capitão Marvel Jr., manifestando seu desejo de abandonar suas 
carreiras de heróis pra levar vidas normais. No entanto, pra felicidade 
geral do Reino Unido, sucessores dignos foram encontrados. 
(E depois vocês reclamam do que a gente aprontou em Guerras Secretas).
Na prática, Capitão Marvel virou Marvelman, Capitão Marvel Jr. virou Young Marvelman e a Mary Marvel foi trocada pelo Kid Marvelman. A palavra mágica Shazam foi substituída por Kimota. O vilão Dr. Silvana encontrou sua contraparte no malévolo Dr. Gargunza. As identidades secretas também mudaram, mas as aliterações foram mantidas: Micky Moran no lugar de Billy Batson e Dicky Dauntless no de Freddy Freeman.
As origens foram levemente alteradas, 
mas o princípio básico das histórias se manteve.
 Marvelman e sua turma não deixaram a peteca 



da Família Marvel cair e foram enorme sucesso na Grã-Bretanha até 1963.
No Brasil, o engraçado é que, nas revistas da RGE, que republicavam as 
aventuras do Capitão Marvel, também entravam histórias do Marvelman
que aqui recebeu o nome de Jack Marvel. Puro samba do crioulo doido.
Se tudo tivesse acabado por aí, Marvelman seria apenas mais uma 
curiosidade no mundo das HQs. Mas esses ingleses são geniais e a história 
 continuou. Em 1981, o herói voltou à cena, desta vez com roteiros 
 de Alan Moore, desenhos de Garry Leach e posteriormente de
 Alan Davis. Depois de quase vinte anos, ele ressurgia em preto e 
branco na revista Warrior Comics da editora britânica Quality 
Comics. Nas suas páginas, o então futuro criador de Watchmen 
realizou a proeza de redefinir a personagem ao mesmo tempo em 
que mantinha sua origem tolinha da Era de Ouro.
Nos anos 80, já adulto e casado, o repórter Mickey 
Moran lembra-se, de repente, de um passado 
apagado da memória: suas aventuras, nos 
anos 50, como Marvelman e principalmente 
da palavra mágica, Kimota. Novamente transformado 
no galante e herói, ele volta correndo pra casa. 
Lá chegando, conta tudo à sua esposa que, após 
ouvir estarrecida, cai na gargalhada. Afinal, eram 
histórias sem pé nem cabeça como as escritas 
nos gibis para entreter crianças.
Na verdade, as recordações de Mickey Moran 
eram as histórias criadas por Mick Anglo
seus colaboradores publicadas por L. Miller 
 & Sons. Com o desenrolar da trama de Moore, os leitores ficam sabendo 
que as antigas aventuras haviam sido implantadas por cientistas 
trabalhando pra um projeto governamental secreto (Viram só de 
onde Larry Hama tirou suas inspirações pra empastelar a vida do
Wolverine&qt&).
Era tudo falso. Nenhum detalhe beirava a realidade. No entanto, 
uma coisa era certa: apesar das lembranças absurdas, Mick Moran 
realmente ganhava superpoderes quando dizia a palavra Kimota
Aí tem início, uma das mais geniais HQs de todos os tempos, 
na qual o perplexo Marvelman vai descobrindo qual é a verdade 
de seu passado. Mas, se vocês pensam que vou abrir o jogo, estão 
muito enganados. A trama é elaboradíssima e não merece ser 
conspurcada com um reles resuminho.
Em 1985, a editora americana, Eclipse Comics, levou, para os 
Estados Unidos, as histórias de Marvelman. Para evitar problemas 
com a Marvel, rebatizaram a personagem de Miracleman. Alan Moore 
pôde, então, completar o trabalho interrompido na Warrior Comics
contando com o talento dos ilustradores Steve BisseteJohn Totleben
 seus parceiros em Swamp Thing.
Quando Moore, terminou o que tinha a "revelar" sobre o 
passado oculto de Miracleman, Neil Gaiman assumiu o título. 
Infelizmente, a Eclipse faliu em 1994. Um pena. Na época, a arte de 
uma nova seqüência de histórias de Miracleman havia sido encomendada 
 ao brasileiro Mike Deodato Jr.Há cerca de três anos, McFarlane adquiriu 
os direitos de publicação de Miracleman, mas até agora não fez 
absolutamente nada com eles. Na época, correu o boato de que fez isso 
para oferecê-los a Neil Gaiman a fim de que este desistisse de 
reclamar direitos autorais por Angela.
Embora longe de ser esquecido, Miracleman voltou ao 
limbo das personagens engavetadas, à espera de mais um retorno.
Obs: recentemente esse problema relatado pelo JP foi solucionado 
com a compra dos direitos do personagem MARVELMAN pela 
MARVEL/DISNEY. (BP)

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