quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Batman e outros quadrinhos que deram origem a games

Por  Izzy Nobre - Tecnoblog

Existe uma tríplice sagrada dos interesses nerds: cinema, games e histórias em quadrinhos. E embora ocorra uma considerável interseção entre os fãs dos três meios, o mundo das HQs me parece o mais underground dos três.  Geralmente quem é fanático por um costuma ao menos ter um domínio leve no outro, porque ocorre uma certa polinização cruzada entre os três (filme virando game, quadrinho virando filme, e por aí vai).
Isso é curioso porque os quadrinhos são a arte mais antiga entre as três preferidas pelos geeks. Sim, meu caro, quadrinho é arte. “Arte sequencial“, a propósito, é o termo culto, cunhado por Will Eisner (que é considerado até hoje o maior expoente do mundo dos quadrinhos; seu nome é inclusive homônimo do maior prêmio da indústria, o Eisner Award).
O método de contar histórias usando telas em sequência nasceu no século 18. Os primeiros quadrinhos como os conhecemos surgiram no finalzinho do século 19 nos Estados Unidos, e não eram nada além de tirinhas humorísticas em jornais. Daí veio o nome “comics“, que perdura até hoje a despeito da temática dos quadrinhos.
Yellow Kid, o personagem principal de uma espécie de "Turma da Mônica" americana do século XIX
Lembra que eu falei que ocorre uma polinização entre os três gêneros? Os universos de games, cinema e quadrinhos frequentemente colidem. Enquanto filmes baseados em quadrinhos e jogos baseados em filmes geralmente são uma porcaria, os games baseados em quadrinhos são até bem bacanas.
E aqui estão alguns dos meus favoritos.

Comix Zone

É costume meu incluir nestas listas um game que escapa um pouco da definição da mesma. Em senso estrito, Comix Zone não é baseado em um quadrinho específico como os demais jogos dessa lista. Entretanto, ele é uma ode às HQs como método de narração.
No jogo, Sketch Turner é um artista falido que se vê magicamente transportado pra dentro de sua própria composição, o quadrinho que intitula o game: Comix Zone.
O estilo do jogo é o clássico beat em up, conhecido coloquialmente em terras brasileiras como “briga de rua”. Há elementos de quebra-cabeça, mas são tão leves que mal valem a citação.
O que realmente tornou o jogo célebre é a forma como ele quebra a quarta parede do mundo imaginário das HQs. Turner pula de um quadrinho saltando por cima das divisórias — às vezes, melhor ainda, arrebentando-as na porrada mesmo. Também tem uma mão (que presumivelmente existe fora da realidade do jogador) aparece aqui e ali para desenhar inimigos, que tomam vida diante de seus olhos. Chamava muito a atenção até mesmo da turminha que não era lá tão chegada aos quadrinhos.
Eis um game que merecia um remake.

The Adventures of Batman & Robin

Falando de forma técnica, The Adventures of Batman & Robin é baseado no excelente desenho animado de mesmo nome (na segunda temporada ele tinha esse nome). Preciso ressaltar aqui: este seriado era inúmeros patamares acima de qualquer animação da época.
Entretanto, sendo Batman um famoso personagem de quadrinhos, creio que o game entra no critério da lista.
The Adventures of Batman & Robin era um híbrido de briga de rua com plataforma e alguns elementos de exploração. A arte, a música e ambientação do jogo eram extremamente fieis ao desenho animado, o que conferia um incrível ar de autenticidade ao game.
A despeito do que o nome parece sugerir, na versão do SNES você só joga com o Batman. O Robin aparece no game, mas apenas como personagem coadjuvante.
A versão do Mega Drive, que saiu um pouco mais tarde, dá ao Robin um papel maior e é possível a dois jogadores jogarem simultaneamente, cada um com um dos heróis. O game lançado para o Mega Drive é dramaticamente diferente da versão do SNES, e o consenso é que a versão do console da Nintendo era infinitamente superior.
Não é difícil descobrir o porquê. A versão do SNES foi feita pela Konami. Já a versão do Mega Drive foi desenvolvida pela Clockwork Tortoise. Se você perguntou a si mesmo “desenvolvido por quem?”, você entende o que eu quero dizer — a tal empresa nem artigo na Wikipédia tem. Ela só fez dois jogos: esse Batman para o Mega Drive, e o port para Sega CD.
Um dos aspectos mais divertidos do game era explorar o arsenal de bugingangas que o Batman tinha a seu dispor. Uma característica do herói que uma vez levou o Coringa a se perguntar, infamemente, onde ele conseguia esses brinquedinhos maravilhosos.

Marvel: Ultimate Alliance 2

O primeiro Marvel: Ultimate Alliance, apesar de bastante subvalorizado, era um jogo excelente. O game recebeu uma respeitável nota 82 do Metacritic, mas nunca chegou perto de ser um megahit como, digamos, os jogos recentes do Cavaleiro das Trevas. Joguei muito a versão para o PSP, que era extremamente competente — e isso é mais do que se pode dizer da maioria dos ports para o portátil da Sony.
Entretanto, elejo Marvel: Ultimate Alliance 2 para a lista em vez de seu antecessor por um motivo: ao contrário do primeiro M:UA, que tinha uma história extremamente genérica, a continuação seguia de perto os eventos das sagas Guerra Secreta (não confunda com Guerras Secretas, no plural) e Guerra Civil, que abalaram o universo Marvel entre 2005 e 2007. São raros os games que seguem um arco narrativo específico dos quadrinhos.
Na trama, Capitão América e Homem de Ferro comandam facções rivais de super-heróis e trocam tapas por causa da recente decisão do governo americano de exigir regularização da comunidade de super-heróis.
Em outras palavras o Homem de Ferro ia precisar tirar um brevê, e o governo de Nova Iorque iria incluir o Homem Aranha em seu sistema de rodízio de trânsito, podendo se balançar pela cidade apenas nas terças e quintas. Ok, não exatamente, mas você entende o que eu quero dizer.
O jogo é (como boa parte dos games baseados em personagens de quadrinhos) um beat em up tático. O jogador escolhe quatro heróis do rico universo Marvel e com eles sai dando tabefes nos inúmeros vilões (e outros heróis, o que é permitido graças ao enredo do jogo) que se metem no seu caminho.
O grande diferencial de M:UA2 em relação a outros jogos similares é que você pode intercambiar livremente o controle de qualquer um dos quatro personagens escolhidos. Ou seja, joga um pouco com o Wolverine, troca para o Homem-Aranha, pula pro Capitão América conforme as habilidades de um deles for mais útil num determinado momento do jogo. Ou o que é mais comum: quando você enjoa do herói da vez.
Como fã da Marvel em geral e da saga Guerra Civil em particular, é desnecessário dizer que gosto muito de Marvel: Ultimate Alliance 2.
E você, quais os seus jogos favoritos baseados em personagens de quadrinhos?

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