segunda-feira, 18 de julho de 2011

Sonho e realidade se misturam em livro dos irmãos Matuck

Por CLEY SCHOLZ (AE) - Correio do Estado 


Sonhos e realidade não se distinguem neste enredo que vem sendo escrito há quase 50 anos. Tudo começou no tempo em que os três irmãos Matuck brincavam de inventar histórias em quadrinhos inspirados em anúncios, selos e gravuras, além dos desenhos do pai, médico, e da mãe, pintora.

O livro “As aventuras de Sir Charles Mogadom e do Conde Euphrates de Açafrão” é fruto do devaneio coletivo de Rubens, Artur e Carlos Matuck. Rubens, 59 anos, ilustrador, pintor, escultor, marceneiro, um dos melhores aquarelistas brasileiros, começou a fazer as ilustrações das 160 páginas do livro em 1970, época em que trabalhou no “Jornal da Tarde” como ilustrador. A edição tem formato inspirado em jornais impressos e qualidade gráfica impecável.

São desenhos minuciosos feitos com lápis de cor, material associado a trabalhos infantis, inspirados nas narrativas que começaram embaixo da mesa da casa da avó, quando o artista tinha 11 anos e desenhava enquanto ouvia as conversas dos adultos.

Os três irmãos nunca pararam de inventar histórias e desenvolver o roteiro. A relação entre irmãos, por sinal, é a linha mestra da obra. Alguns dos capítulos ganharam vida própria em exposições como “Tudo É Semente” e “Museu de Arte Interplanetária”, de Rubens Matuck.

O universo de aventuras, mistura de ficção científica, literatura e viagens reais, que Rubens costuma documentar em cadernos de viagem, forma um mundo tão complexo que enfrentou restrições de editoras e críticos. “A sisudez da crítica não entende pelo humor e leva tudo a sério”, diz Rubens. As editoras, diz ele, ou queriam histórias em quadrinhos ou desenhos, mas não as duas juntas.

O crítico Oscar D’Ambrosio, que participa da obra com textos e entrevistas fictícias com os personagens criados pelos irmãos, considera que o maior valor do livro é unir todas as vertentes dos trabalhos dos três artistas em um oceano de informações e ilustrações com humor e alta qualidade gráfica. “Todo o panorama da obra e da vida dos três se encontra nesse trabalho que valoriza o universo dos sonhos”, comenta.

Impressionado desde criança pelo poder da imagem, Rubens Matuck explica que o livro é um inventário da sua obra. As páginas iniciais citam referências da sua formação. A lista vai de Edgar Alan Poe, Julio Verne e Aldemir Martins a séries de TV como “Jonny Quest” e “Perdidos no Espaço”. Em comum, todos apresentam devoção por viagens, sonhos, voos e imaginação. E pelo humor, caso do cartunista Ziraldo, também citado como inspirador da carreira de Matuck.
Saiba mais:

O mundo de sonhos dos irmãos Matuck

Anúncios antigos, amigos e viagens inspiram obra escrita desde a infância
Por Cley Scholz -O Estado de S.Paulo (28 de novembro de 2010 | 0h 00)
Sonhos e realidade não se distinguem neste enredo que vem sendo escrito há quase 50 anos. Tudo começou no tempo em que os três irmãos Matuck brincavam de inventar histórias em quadrinhos inspirados em anúncios, selos e gravuras, além dos desenhos do pai, médico, e da mãe, pintora.
O livro As Aventuras de Sir Charles Mogadom e do Conde Euphrates de Açafrão é fruto do devaneio coletivo de Rubens, Artur e Carlos Matuck. Rubens, 59 anos, ilustrador, pintor, escultor, marceneiro, um dos melhores aquarelistas brasileiros, começou a fazer as ilustrações das 160 páginas do livro em 1970, época em que trabalhou no Jornal da Tarde como ilustrador. A edição tem formato inspirado em jornais impressos e qualidade gráfica impecável.
São desenhos minuciosos feitos com lápis de cor, material associado a trabalhos infantis, inspirados nas narrativas que começaram embaixo da mesa da casa da avó, quando o artista tinha 11 anos e desenhava enquanto ouvia as conversas dos adultos.
Os três irmãos nunca pararam de inventar histórias e desenvolver o roteiro. A relação entre irmãos, por sinal, é a linha mestra da obra. Alguns dos capítulos ganharam vida própria em exposições como Tudo É Semente e Museu de Arte Interplanetária, de Rubens Matuck.
O universo de aventuras, mistura de ficção científica, literatura e viagens reais, que Rubens costuma documentar em cadernos de viagem, forma um mundo tão complexo que enfrentou restrições de editoras e críticos. "A sisudez da crítica não entende pelo humor e leva tudo a sério", diz Rubens. As editoras, diz ele, ou queriam histórias em quadrinhos ou desenhos, mas não as duas juntas.
O crítico Oscar D"Ambrosio, que participa da obra com textos e entrevistas fictícias com os personagens criados pelos irmãos, considera que o maior valor do livro é unir todas as vertentes dos trabalhos dos três artistas em um oceano de informações e ilustrações com humor e alta qualidade gráfica. "Todo o panorama da obra e da vida dos três se encontra nesse trabalho que valoriza o universo dos sonhos", comenta.
Impressionado desde criança pelo poder da imagem, Rubens Matuck explica que o livro é um inventário da sua obra. As páginas iniciais citam referências da sua formação. A lista vai de Edgar Alan Poe, Julio Verne e Aldemir Martins a séries de TV como Jonny Quest e Perdidos no Espaço. Em comum, todos apresentam devoção por viagens, sonhos, voos e imaginação. E pelo humor, caso do cartunista Ziraldo, também citado como inspirador da carreira de Matuck.
Reclames. Ilustrações de embalagens, selos e propagandas antigas, incluindo a coleção completa das estampas do sabonete Eucalol e de caixas de fogos Caramuru impressos em litogravura (técnica de gravura em pedra utilizada na publicidade antigamente) são citadas como fonte de inspiração. O tranquilizante Mogadom virou nome de um dos personagens, um cético genealogista da fictícia cidade de Damar. Nas bulas do remédio Rubens fez alguns dos seus primeiros desenhos da história. Na narrativa, o real (Mogadon) e o imaginário (Euphrates, outro personagem) se confundem o tempo todo.
O capítulo em que o planeta é colonizado com plantas foi inspirado no centro de plantação de árvores, grupo de amigos que se encontra nas manhãs de domingo numa padaria da Vila Madalena para plantar árvores nas praças das imediações. Os cenários foram baseados em imagens reais captadas em cadernos de viagem de Rubens. A casa onde mora Mogadom, por exemplo, é um imóvel real do aterro do Flamengo, no Rio.
O pai da aviação, Alberto Santos Dumont, tem participação especial em dois capítulos, viajando a bordo do navio voador Nicolaus Copernicus - velho rebocador que teve genes de borboleta inoculados pelo Conde Euphrates para incursões oníricas.
Em Paris, questionado sobre a experiência, Santos Dumont responde com uma estrofe de Lorde Byron: "Eu tive um sonho que não era em tudo um sonho." A resposta resume o teor do fantástico livro de aventuras, sonhos e delírios dos irmãos Matuck
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