Por GHQ -28.07.11
Se você produz ou é apenas entusiasta do cinema de animação precisa ir pelo menos uma vez na vida ao Anima Mundi, um dos mais prestigiados festivais de animação do mundo, que acontece anualmente no Rio de Janeiro, com uma versão pocket em São Paulo.
Passei por uma verdadeira overdose visual na décima nona edição do Anima Mundi, assistindo a animações brasileiras, chilenas, alemães, espanholas, norte-americanas, francesas e japonesas. Fiquei impressionada com a participação do público; são pais, avós e tios que levam as crianças e se divertem com elas, não apenas vendo curtas e longas-metragens, mas também participando de oficinas gratuitas, aprendendo técnicas diversas (pixilation, massinha, desenhos na areia e na película) e produzindo curtas que são projetados em tempo real.
Embora a presença das crianças seja maciça, jovens e adultos tem vez, seja participando do Anima Fórum e das Masterclasses, seja conferindo os papos animados, nos quais os animadores convidados falam sobre seus projetos, respondendo perguntas da plateia e atendendo a longas filas de autógrafo e pose para fotos.
No Anima Mundi cada um faz a sua programação, escolhendo o dia e o horário dos filmes que desejar assistir, pois o evento acontece em diversos locais da cidade; no Rio de Janeiro, por exemplo, foram sete os espaços – Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Centro Cultural Correios, Casa França-Brasil, Cine Odeon, Unibanco Arteplex (Botafogo) e Oi Futuro (Flamengo e Ipanema) –, locais de valor histórico e singular composição arquitetônica, onde, além do festival, podia-se visitar exposições e assistir a peças de teatro e a shows musicais (eu conferi a exposição I am a clichê – ecos da estética punk, mas não consegui ver a peça O Bosque, que trazia um texto de David Mamet inédito no Brasil, pois quando estava na fila, os ingressos se esgotaram). Cada sessão custava R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (estudante), mas havia as sessões gratuitas, as quais necessitavam de senhas.
Eu assisti aos quatro longas-metragens infantis competitivos: Sonhos Roubados (Alemanha), A Luz do Rio (Japão), Coração e Apetitoso (Japão) e O Lince Perdido (Espanha), esse último o melhor de todos, em minha opinião, e acabou sendo o premiado. Acompanhei igualmente curtas e longas-metragens das mostras não-competitivas das sessões Panorama, Galeria e Retrospectiva Francesa (a bela adaptação do poema Vida e Morte Severina, o charmoso Chico & Rita – primeira animação do diretor Fernando Trueba –, a fantasia monocórdica Chronopolis e o Chilemonos – conjunto de sete irregulares animações chilenas), e a performance encantadora da Miwa Matreyek, que interage com sua animação através de precisas sombras na tela.
A filial da Livraria da Travessa do CCBB foi um atrativo à parte. Selecionando excelentes DVDs e blu-rays importados ($$$) de animações clássicas remasterizadas, como Dick Tracy e Popeye, além de uma porção de animes e o melhor da animação moderna europeia e norte-americana, enchendo os olhos de crianças e adultos (se bem que eu babei em uma porção de HQs e encadernados importados, com destaque para um mega box especial sobre os 75 anos da DC Comics, e nas duas estátuas da Mafalda, à venda por R$ 100,00, cada).
Da mesma forma, não dava para ficar indiferente à lojinha do evento. Com vendedoras muito simpáticas, que mostravam camisetas, canetas, bloquinhos, sacolas e outros produtos com a assinatura do animador da Estônia, Priit Pärn, para o visitante levar um pouquinho do Anima Mundi pra casa.
Apesar de assíduos frequentadores do Anima Mundi me confidenciarem que essa edição foi sem graça, eu não tenho palavras para transmitir a magia que foi estar lá. Tudo muito organizado, sem nenhum atraso nas exibições (minha única crítica fica para o fato de que só era permitida a entrada nas salas uns cinco minutos antes de a sessão ser iniciada, dificultando a vida de quem estava com crianças bem pequenas, pois algumas filas eram enormes), banheiros vastos e limpos, um quiosque com apetitosos lanches e os realizadores convidados todos gentis e pacientes.
No próximo texto, falarei sobre como foram os Papos Animados com Shinichiro Watanabe e Carlos Saldanha.
Milena Azevedo
Confira a 1ª galeria de fotos do evento a seguir
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