"Este e mais textos no site de HIRO"
Por Hiro - Portal do Ilustrador
Como o blog vem sendo acessado por muitos ilustradores em começo de carreira e estudantes, vou comentar sobre um fato que aporrinha 10 entre 10 desenhistas brotinhos (e também aqueles com taxímetro rodado há muito tempo):Como cobrar por um desenho?Antes de dizer como cobrar, é melhor dizer como não cobrar:E aprendi na porrada que você não vende desenho. O ilustrador não vende ilustração.Ele vende o direito de uso do desenho.Por exemplo, um cliente pede pra você desenhar um patinho amarelinho.Você não vai cobrar pela folha de papel com o patinho ou o CD com a imagem.O que você vai cobrar pelo cliente é o direito dele usar esse patinho e o tempo que ele quiser ficar com ele.
O cliente não fica com a imagem do patinho, ele é seu. A Lei dos Direitos Autorais assegura isso.Então, se ele usar o patinho pra pendurar no quarto da filha é um preço. Se usar em uma embalagem é outra. Se for página dupla na Veja, esfregue as mãos. E se ele quiser ficar com o patinho pra ele, tem que pagar duas ou três vezes, ou até mais, o valor original.Para isso existem contratos e advogados.A primeira coisa que o desenhista que quiser entrar por ramo da ilustração é a verdade nua e fedorenta:Ele tem que aceitar que ilustração serão negócios. Uma relação comercial entre ele e o cliente. Quem quiser virar artista que procure um atelier. E mesmo artistas sérios tratam seu trabalho como negócios. Onde vamos parar desse jeito, ó meu Deus?Mas aí você pensa, pra que fazer isso? O cara é gente fina, é fácil de fazer, porque não dou o desenho pra ele?Porque ilustrador é um bicho solitário. Ele só pode contar com ele mesmo até chegar na velhice, que espera ser tranqüila o suficiente para não ter que ficar catando latas no meio da rua.Depois do tempo estipulado por contrato, os direitos das ilustrações voltam pra você.Com o tempo, você vai acumulando esses desenhos. Você tem um banco de imagens particular. Pra vender pra quem quiser no futuro. Ou seja, você tem uma fonte de renda extra, explorar desenhos que já foram feitos para outros clientes. Potencializar seus ganhos.E outra, se você tiver filhos, eles irão herdar esse banco de imagens. E eles poderão ter renda vendendo os direitos dessas ilustrações. Você vai deixar algo de valor, se não pra você, pra quem precisa depois que você bater as botas.Mas como estipular um preço pra isso?Não é uma tarefa muito fácil. Cada ilustrador tem uma fórmula particular de se chegar num valor. Não existe um consenso geral. Mesmo as tabelas de preços que vejo por aí tem uma defasagem grande. Não dá pra generalizar “preço de página dupla em revista de grande circulação por XX reais”. Quando alguém pergunta “quanto você cobra pra fazer um anúncio?” eu sempre digo “depende”. Porque depende de tudo.Mas de um modo geral, dá pra fazer dessa maneira. Pelo menos funciona pra mim.1 – Estipule quanto custa uma hora do seu trabalho. Vai depender de ilustrador para ilustrador. Por causa da experiência, não por causa da lerdeza. Tem gente que cobra 50 reais, outros 250. Digamos que você cobre 50 reais a hora, valor que você estipulou pra ser sua unidade de cobrança. Essa é sua base de cálculo. Daí você sabe a base de custo de um desenho fácil ou de grande complexidade. Um desenho que leva duas horas tem como base 100 reais, um que leva 48 horas tem 2500 reais como base, por exemplo.E como dá pra saber quanto se cobra por hora? De modo geral, você tem que calcular todos seus gastos fixos mensais – aluguel, água, luz, impostos, gasolina, contador, escola, plano de saúde, férias, aposentadoria, horas não trabalhadas, adicionais… Só não vale colocar iPod e Playstation 3 nesse cálculo. Com o gasto mensal você divide pelos número de dias que você trabalha por mês. Tem gente que trabalha 30, outros 20. Eu divido por 25. Esse número é quanto você tem que ganhar por dia. Divida o valor diário pelo número de horas que você trabalha por dia e tcharam! Você vai ter seu custo-hora. Vai saber quanto custa uma hora da sua vida em termos profissionais! O foda é que tem muita gente que descobre que o pedreiro que está reformando a sua casa cobra mais por hora do que você.O site americano Freelance Switch ajuda muuito a fazer esses cálculos.Mas esse valor é a base, é com ele que você não passa fome nem vira caloteiro.Mas pensemos grande, ninguém aqui quer trabalhar só pra pagar contas, certo?2- Some a esse valor base um percentual caso ele tenha sido feito em um final de semana, varando a noite, no Natal. O que a gente costuma chamar de taxa de urgência ou bandeira 2.3 – Sempre pergunte qual a finalidade do desenho. Aí é que a porca torce o rabo, porque os critérios têm variáveis demais.Usando o valor base, você vai acrescentar percentuais.Uma porcentagem a mais dependendo de onde o desenho vai sair. E essa porcentagem vai depender de tamanho da ilustração na mídia, importância, quantidade de veiculação, tempo de veiculação. O mesmo patinho tem valores diferentes se ele vai numa embalagem de doce, num folheto para divulgação no bairro ou numa página dupla da Veja.Esses percentuais podem variar de 30% a 500% a mais, dependendo do caso.4-Acrescente o que for necessário (BVs, despesas materiais, percentuais de extendimento de pagamento, etc., etc.) ou reduza também o que for necessário (descontos por pacote, por pagamento adiantado, abatimento pela natureza do serviço, etc).5 – Some de 12 a 20% desse valor para impostos e outros encargos, dependendo do tipo de firma que você tiver (depende do valor da nota que você vai emitir, os temíveis DARFs e DAMSPs é que regulam isso). Converse com o contador antes pra saber se também não vai ter que pagar impostos trimestrais referente a esse valores. Se a Madame Sorte sorrir pra você e conseguir um trabalho que lhe pague regiamente, pode ser que uma das conseqüências seja a mudança do tipo da sua empresa, de Simples para Lucro Presumido, o que aumenta bastante os impostos. Mas não se preocupe, você paga o contador justamente pra saber dessas coisas.Se você é autônomo que emite RPA (recibo de autônomo), não tem a dor de cabeça de ter um firma aberta, mas em compensação os impostos são maiores.Tcharam! Você tem um valor correto do seu trabalho e você não tem a sensação de estar na cabine do Silvio Santos trocando um carro por um palito de pirulito.
Mas prestem atenção: Essa é a minha fórmula, a minha maneira de cobrar. Existem outras maneiras e fórmulas, mas essa é a que acredito ser mais correta, sem ser antiético e nem sair no prejuízo.Não se iludam, nem tudo é reto e simples como uma régua.Existem trabalhos fáceis de serem cobrados. Existem trabalhos em que o cálculo de orçamento vira um quebra-cabeça, mesmo tendo uma planilha dessas ao lado.O que é pecado entre os ilustradores:Achatar o preço com medo de perder o cliente ou pra tentar pegar um trabalho na marra, por insegurança ou avareza.Isso é como o aquecimento global. Você faz a burrada e os efeitos só vão surgir daqui a alguns anos. Nesse caso, a diminuição da renda do ilustrador.Aí quem sabe você nunca mais irá fazer desenhos de graça pra ninguém.
"Este e mais textos no site de HIRO"
Por Hiro - Portal do Ilustrador
Como o blog vem sendo acessado por muitos ilustradores em começo de carreira e estudantes, vou comentar sobre um fato que aporrinha 10 entre 10 desenhistas brotinhos (e também aqueles com taxímetro rodado há muito tempo):
Como cobrar por um desenho?
Antes de dizer como cobrar, é melhor dizer como não cobrar:
E aprendi na porrada que você não vende desenho. O ilustrador não vende ilustração.
Ele vende o direito de uso do desenho.
Por exemplo, um cliente pede pra você desenhar um patinho amarelinho.
Você não vai cobrar pela folha de papel com o patinho ou o CD com a imagem.
O que você vai cobrar pelo cliente é o direito dele usar esse patinho e o tempo que ele quiser ficar com ele.
O cliente não fica com a imagem do patinho, ele é seu. A Lei dos Direitos Autorais assegura isso.
Então, se ele usar o patinho pra pendurar no quarto da filha é um preço. Se usar em uma embalagem é outra. Se for página dupla na Veja, esfregue as mãos. E se ele quiser ficar com o patinho pra ele, tem que pagar duas ou três vezes, ou até mais, o valor original.
Para isso existem contratos e advogados.
A primeira coisa que o desenhista que quiser entrar por ramo da ilustração é a verdade nua e fedorenta:
Ele tem que aceitar que ilustração serão negócios. Uma relação comercial entre ele e o cliente. Quem quiser virar artista que procure um atelier. E mesmo artistas sérios tratam seu trabalho como negócios. Onde vamos parar desse jeito, ó meu Deus?
Mas aí você pensa, pra que fazer isso? O cara é gente fina, é fácil de fazer, porque não dou o desenho pra ele?
Porque ilustrador é um bicho solitário. Ele só pode contar com ele mesmo até chegar na velhice, que espera ser tranqüila o suficiente para não ter que ficar catando latas no meio da rua.
Depois do tempo estipulado por contrato, os direitos das ilustrações voltam pra você.
Com o tempo, você vai acumulando esses desenhos. Você tem um banco de imagens particular. Pra vender pra quem quiser no futuro. Ou seja, você tem uma fonte de renda extra, explorar desenhos que já foram feitos para outros clientes. Potencializar seus ganhos.
E outra, se você tiver filhos, eles irão herdar esse banco de imagens. E eles poderão ter renda vendendo os direitos dessas ilustrações. Você vai deixar algo de valor, se não pra você, pra quem precisa depois que você bater as botas.
Mas como estipular um preço pra isso?
Não é uma tarefa muito fácil. Cada ilustrador tem uma fórmula particular de se chegar num valor. Não existe um consenso geral. Mesmo as tabelas de preços que vejo por aí tem uma defasagem grande. Não dá pra generalizar “preço de página dupla em revista de grande circulação por XX reais”. Quando alguém pergunta “quanto você cobra pra fazer um anúncio?” eu sempre digo “depende”. Porque depende de tudo.
Mas de um modo geral, dá pra fazer dessa maneira. Pelo menos funciona pra mim.
1 – Estipule quanto custa uma hora do seu trabalho. Vai depender de ilustrador para ilustrador. Por causa da experiência, não por causa da lerdeza. Tem gente que cobra 50 reais, outros 250. Digamos que você cobre 50 reais a hora, valor que você estipulou pra ser sua unidade de cobrança. Essa é sua base de cálculo. Daí você sabe a base de custo de um desenho fácil ou de grande complexidade. Um desenho que leva duas horas tem como base 100 reais, um que leva 48 horas tem 2500 reais como base, por exemplo.
E como dá pra saber quanto se cobra por hora? De modo geral, você tem que calcular todos seus gastos fixos mensais – aluguel, água, luz, impostos, gasolina, contador, escola, plano de saúde, férias, aposentadoria, horas não trabalhadas, adicionais… Só não vale colocar iPod e Playstation 3 nesse cálculo. Com o gasto mensal você divide pelos número de dias que você trabalha por mês. Tem gente que trabalha 30, outros 20. Eu divido por 25. Esse número é quanto você tem que ganhar por dia. Divida o valor diário pelo número de horas que você trabalha por dia e tcharam! Você vai ter seu custo-hora. Vai saber quanto custa uma hora da sua vida em termos profissionais! O foda é que tem muita gente que descobre que o pedreiro que está reformando a sua casa cobra mais por hora do que você.
O site americano Freelance Switch ajuda muuito a fazer esses cálculos.
Mas esse valor é a base, é com ele que você não passa fome nem vira caloteiro.
Mas pensemos grande, ninguém aqui quer trabalhar só pra pagar contas, certo?
2- Some a esse valor base um percentual caso ele tenha sido feito em um final de semana, varando a noite, no Natal. O que a gente costuma chamar de taxa de urgência ou bandeira 2.
3 – Sempre pergunte qual a finalidade do desenho. Aí é que a porca torce o rabo, porque os critérios têm variáveis demais.
Usando o valor base, você vai acrescentar percentuais.
Uma porcentagem a mais dependendo de onde o desenho vai sair. E essa porcentagem vai depender de tamanho da ilustração na mídia, importância, quantidade de veiculação, tempo de veiculação. O mesmo patinho tem valores diferentes se ele vai numa embalagem de doce, num folheto para divulgação no bairro ou numa página dupla da Veja.
Esses percentuais podem variar de 30% a 500% a mais, dependendo do caso.
4-Acrescente o que for necessário (BVs, despesas materiais, percentuais de extendimento de pagamento, etc., etc.) ou reduza também o que for necessário (descontos por pacote, por pagamento adiantado, abatimento pela natureza do serviço, etc).
5 – Some de 12 a 20% desse valor para impostos e outros encargos, dependendo do tipo de firma que você tiver (depende do valor da nota que você vai emitir, os temíveis DARFs e DAMSPs é que regulam isso). Converse com o contador antes pra saber se também não vai ter que pagar impostos trimestrais referente a esse valores. Se a Madame Sorte sorrir pra você e conseguir um trabalho que lhe pague regiamente, pode ser que uma das conseqüências seja a mudança do tipo da sua empresa, de Simples para Lucro Presumido, o que aumenta bastante os impostos. Mas não se preocupe, você paga o contador justamente pra saber dessas coisas.
Se você é autônomo que emite RPA (recibo de autônomo), não tem a dor de cabeça de ter um firma aberta, mas em compensação os impostos são maiores.
Tcharam! Você tem um valor correto do seu trabalho e você não tem a sensação de estar na cabine do Silvio Santos trocando um carro por um palito de pirulito.
Mas prestem atenção: Essa é a minha fórmula, a minha maneira de cobrar. Existem outras maneiras e fórmulas, mas essa é a que acredito ser mais correta, sem ser antiético e nem sair no prejuízo.
Não se iludam, nem tudo é reto e simples como uma régua.
Existem trabalhos fáceis de serem cobrados. Existem trabalhos em que o cálculo de orçamento vira um quebra-cabeça, mesmo tendo uma planilha dessas ao lado.
O que é pecado entre os ilustradores:
Achatar o preço com medo de perder o cliente ou pra tentar pegar um trabalho na marra, por insegurança ou avareza.
Isso é como o aquecimento global. Você faz a burrada e os efeitos só vão surgir daqui a alguns anos. Nesse caso, a diminuição da renda do ilustrador.
Aí quem sabe você nunca mais irá fazer desenhos de graça pra ninguém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário