Por Fernanda Cirenza - Revista Brasileiros
Gonçalo Junior, autor da biografia Alceu Penna e as Garotas do Brasil, levou o prêmio por apenas dois dias. Desclassificado, agora ele entra para a história do Jabuti
Foi a maior confusão. Primeiro, a comissão do Prêmio Jabuti anunciou oficialmente Gonçalo Junior, autor de Alceu Penna e as Garotas do Brasil, como o vencedor deste ano na categoria Biografia. A imprensa baiana, estado natal do autor, comemorou. Basta dar um Google para ler as reportagens sobre o assunto.
Mas a alegria durou pouco. Dois dias depois, a comissão voltou atrás e premiou Sergio Britto, com O Teatro & Eu - Memórias de Sergio Britto. O assunto encerrou-se também oficialmente. A Câmara Brasileira do Livro, organizadora da premiação, informou: "A comissão do Prêmio Jabuti decidiu pela desclassificação de Alceu Penna e as Garotas do Brasil. A decisão deveu-se ao descumprimento dos critérios relativos ao ineditismo, a referida obra contraria o disposto 1 do item 2 no regulamento do Prêmio Jabuti 2011".
Sergio Britto, ator que abandonou a medicina para construir uma das mais sólidas carreiras do teatro brasileiro, dispensa apresentação. Gonçalo Junior, ao contrário, apesar de já ter publicado 19 livros, não é tão conhecido. Mas agora deve entrar para a história, pelo menos para a do Jabuti. Em 53 anos de premiação, nunca alguém havia perdido o troféu, segundo informações da assessoria do prêmio. "Eles me tiraram o Jabuti. Mas não tem nada, ainda vou ganhar esse prêmio", diz Gonçalo, em tom de brincadeira.
A obra não levou o prêmio porque, dizem, não é inédita. Em 2004, Gonçalo, de fato, publicou uma versão biográfica de Alceu Penna (1915-1980), ilustrador e estilista brasileiro. "Era quase um fanzine, tirei só 300 cópias. Além disso, era uma publicação só com depoimentos de Teresa Penna, irmã de Alceu, que me forneceu alguns documentos", justifica o autor.
A nova edição, produzida pelo selo Amarilys, é maior: tem 352 páginas contra 138 da anterior. Também, diz Gonçalo, há novas imagens e informações. "Pesquisei em mais de 1.200 exemplares de revistas para produzir essa versão, que só aconteceu por causa da primeira. Quando saiu o primeiro livro, muita gente que conviveu com Alceu me procurou e eu passei a me abastecer de mais informações sobre ele."
Enrico Giglio, um dos editores do selo Amarilys, diz considerar a nova versão inédita, mas entende a decisão da comissão do Jabuti. "Se compararmos as duas versões, percebe-se que são diferentes. Mas a premiação não pode deixar qualquer dúvida."
A propósito: a biografia mais votada foi De Menino a Homem - De Mais de Trinta e de Quarenta, de Sessenta e Mais Anos, de Gilberto Freyre. Mas como o regulamento não permite premiação póstuma - o autor morreu em 1987 -, sobrou para Gonçalo e, depois, sobrou para Sergio Britto. Freyre ficou com o prêmio especial na mesma categoria. Seja como for, Alceu Penna e as Garotas do Brasil é um livro delicioso.
Gonçalo Junior, autor da biografia Alceu Penna e as Garotas do Brasil, levou o prêmio por apenas dois dias. Desclassificado, agora ele entra para a história do Jabuti
Foi a maior confusão. Primeiro, a comissão do Prêmio Jabuti anunciou oficialmente Gonçalo Junior, autor de Alceu Penna e as Garotas do Brasil, como o vencedor deste ano na categoria Biografia. A imprensa baiana, estado natal do autor, comemorou. Basta dar um Google para ler as reportagens sobre o assunto.
Mas a alegria durou pouco. Dois dias depois, a comissão voltou atrás e premiou Sergio Britto, com O Teatro & Eu - Memórias de Sergio Britto. O assunto encerrou-se também oficialmente. A Câmara Brasileira do Livro, organizadora da premiação, informou: "A comissão do Prêmio Jabuti decidiu pela desclassificação de Alceu Penna e as Garotas do Brasil. A decisão deveu-se ao descumprimento dos critérios relativos ao ineditismo, a referida obra contraria o disposto 1 do item 2 no regulamento do Prêmio Jabuti 2011".
Sergio Britto, ator que abandonou a medicina para construir uma das mais sólidas carreiras do teatro brasileiro, dispensa apresentação. Gonçalo Junior, ao contrário, apesar de já ter publicado 19 livros, não é tão conhecido. Mas agora deve entrar para a história, pelo menos para a do Jabuti. Em 53 anos de premiação, nunca alguém havia perdido o troféu, segundo informações da assessoria do prêmio. "Eles me tiraram o Jabuti. Mas não tem nada, ainda vou ganhar esse prêmio", diz Gonçalo, em tom de brincadeira.
A obra não levou o prêmio porque, dizem, não é inédita. Em 2004, Gonçalo, de fato, publicou uma versão biográfica de Alceu Penna (1915-1980), ilustrador e estilista brasileiro. "Era quase um fanzine, tirei só 300 cópias. Além disso, era uma publicação só com depoimentos de Teresa Penna, irmã de Alceu, que me forneceu alguns documentos", justifica o autor.
POLÊMICA INÉDITA o escritor baiano Gonçalo Junior e imagens que ilustram o livro que causou confusão |
A nova edição, produzida pelo selo Amarilys, é maior: tem 352 páginas contra 138 da anterior. Também, diz Gonçalo, há novas imagens e informações. "Pesquisei em mais de 1.200 exemplares de revistas para produzir essa versão, que só aconteceu por causa da primeira. Quando saiu o primeiro livro, muita gente que conviveu com Alceu me procurou e eu passei a me abastecer de mais informações sobre ele."
Enrico Giglio, um dos editores do selo Amarilys, diz considerar a nova versão inédita, mas entende a decisão da comissão do Jabuti. "Se compararmos as duas versões, percebe-se que são diferentes. Mas a premiação não pode deixar qualquer dúvida."
A propósito: a biografia mais votada foi De Menino a Homem - De Mais de Trinta e de Quarenta, de Sessenta e Mais Anos, de Gilberto Freyre. Mas como o regulamento não permite premiação póstuma - o autor morreu em 1987 -, sobrou para Gonçalo e, depois, sobrou para Sergio Britto. Freyre ficou com o prêmio especial na mesma categoria. Seja como for, Alceu Penna e as Garotas do Brasil é um livro delicioso.
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