Por Milena Azevedo - GHQ
Sabe aquele cara de quem você sente uma inveja boa porque ele tem tudo e mais um pouco do que você sempre quis ter em sua coleção? O nome dele é Ivan Costa. A cada edição do FIQ, Ivan surpreende o público com itens raríssimos e originais de artistas como Hugo Pratt, Alex Ross, George Perez, John Byrne, Howard Chaykin, Phil Gimenez e Simone Bianchi. Como não bastasse ter esses originais, alguns estão autografados e outros tem até dedicatória.
A edição de 2011 do FIQ, contou com a exposição Criando Quadrinhos – da ideia à página impressa, onde Ivan selecionou model sheets, estudos diversos e originais a lápis e/ou arte-finalizados (em P&B ou a cores), expondo-os junto às revistas impressas, para o público poder acompanhar o processo de produção de uma página de HQ. Também estavam lá capas temáticas, como por exemplo as que tiveram como referência La Pietà, de Michelangelo, selos, páginas de jornais tamanho A3 de Little Nemo e Príncipe Valente, encadernado de Spirit de um jornal canadense de 1941, publicação original de Seduction of the Innocent, Big Numbers, várias edições encadernadas de Reino do Amanhã (em inglês), uma história original do Lanterna Verde (escrita e autografada por Kevin Smith), action figures de heroínas da série Cover Girls, criadas por Adam Hughes, além de artes originas de artistas brazucas, como Ivan Reis, Joe Prado, Mike Deodato, Will Conrad, Ed Benes, Gustavo Duarte, Gabriel Bá e Fábio Moon, Rafael Grampá e João Montanaro. Só coisa fina.
A exposição da Turma da Mônica era um show à parte, contando a história de Mauricio de Sousa e seus personagens através das décadas. Disparada a mais fotografada de todo o FIQ.
Outra exposição bacana foi a das artes dos convidados internacionais, com destaque para as belíssimas páginas coloridas de Jill Thompson (o Hellboy ficou lindão!) e Bill Sienkiewicz, o preto-e-branco perfeito do mestre Altuna, e as tirinhas de Kioskerman e Calpurnio.
Em se tratando de autógrafos, a Praça Sergio Bonelli ficou lotada de fãs querendo levar pra casa um autógrafo em sua HQ ou então um belo sketch (ou os dois juntos, por que não?). Muito bacana a organização ter feito duas sessões de autógrafos com os convidados internacionais, assim quem havia perdido a ficha na primeira, ficava esperto para não perder a segunda. Enfrentar as filas para Mauricio de Sousa, Cyril Pedrosa, Jill Thompson, Bill Sienkiewicz, Park Sang-Sun e Hyung Min Woo, Lelis,Danilo Beyruth, Adriana Melo e Mike Deodato não foi brincadeira. Tanto que fiquei sem os autógrafos de muitos, entre eles os coreanos. Ainda bem que havia a opção dos autógrafos nos estandes, e também o velho jeitinho brasileiro de abordar os artistas que passeavam pela Serraria Souza Pinto, na esperança de também ganhar um sketch. Destaco aqui Cyril Pedrosa, que por duas vezes me acompanhou até o estande da República dos Quadrinhos.
Após descobrirmos que praticamente todos os álbuns e revistas com histórias do Altuna, em português (tanto edições brasileiras quanto portuguesas), eram “piratas”, fomos salvos pelo Instituto Cervantes, que estava vendendo Cuadernos Secretos e também dois exemplares de coletâneas do Cuttlas, de Calpurnio (impossível não comprar e pegar autógrafo e sketches neles).
E há situações que só ocorrem no FIQ. A mais inusitada delas foi um rapaz que pediu para o Rafael Coutinho autografar uma meia. Fiquei sem entender se era uma das meias que o próprio Rafa havia comprado (naqueles kits de leve três pague dois) ou se as meias eram do rapaz mesmo. Mas não era meia usada, pessoal, era novinha. Outro fato que presenciei (e merece registro) foi o fechamento da venda de um NeoGeo, entre o editor da Cia. das Letras, André Conti, e o jornalista e escritor Delfin. Pense na felicidade do André. Nunca achei que um NeoGeo fosse motivo de tanta comemoração. Falar para o Mauricio de Sousa que meu sobrinho, que acabava de completar 4 anos, sabia o nome de todos os Gogo´s da Turma da Mônica e ouvir dele, maravilhado, “nem mesmo eu sei”. Enfrentar uma senhora fila para entrar no estande da Livraria Leitura Savassi. E o que dizer da Jill Thompson? Totalmente à vontade, tomando água de côco, fazendo uma porção de sketches, colocando as crianças no colo e até almoçou com meus amigos Gabriel Andrade, Geraldo Borges, Miguel Rude e Marcos Garcia (que nem me chamaram). Jantar com a turma potiguar e a Ana Luiza Koehler e falar sobre a lei de cotas dos quadrinhos nacionais, regionalismos, e a experiência de trabalhar com editoras europeias. Teve também a foto que o editor da revista Mundo dos Super-heróis, Manoel de Souza, pediu para Miguel Rude bater, registrando seu encontro com Horácio Altuna. E o misterioso som de gaita que pulsava pelos corredores da Serraria… era o Bira Dantas mandando ver não apenas no blues, mas também em Asa Branca e O Trenzinho do Caipira. E para finalizar, recebi um baita presente do Sidney Gusman, os posters com as quatro capas das Graphic MSP. Totalmente sem reação fiquei, pois foi algo inesperado (quando a ficha caiu, fui logo pegar os devidos autógrafos, e só está faltando o do Shiko Leite). Ia falar também sobre o repertório de caretas e poses do Gustavo Duarte, mas esse jeito moleque dele não se restringe ao FIQ.
Acompanhar tudo isso com o meu joelho doente e inchado, foi duro, mas amenizado pelo atendimento nota 1000 da enfermeira Clariane, do ambulatório.
Por mais que eu e todos os jornalistas e blogueiros que estiveram no FIQ escrevamos sobre essa edição de 2011, não conseguiremos passar a emoção real do que foi estar lá. Mesmo com calor, mesmo sem poder trafegar direito em alguns momentos devido à multidão, o FIQ é assim, democrático, povão… uma celebração à arte sequencial pra ninguém botar defeito.
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