Uma elefoa difícil de esquecer
Por O Globo
Qualquer semelhança física com a filha do Seu Madruga parece ter ficado para trás na vida de Fabiane Bento Langona. Mas o apelido de Chiquinha, que a cartunista gaúcha “ganhou” na adolescência, ficou. Sim, pois é, pois é, pois é! A Fabiane assumiu o nome da personagem do programa “Chaves” e publicou seus quadrinhos de humor corrosivo no “Le Monde Diplomatique”, “O Estado de S. Paulo”, “Caros Amigos”, “Folha de S. Paulo”, “Vip”, “F” e “Mad”.
— Comecei a assinar Chiquinha meio sem querer, achava meu nome real, Fabiane, muito sisudo para uma cartunista — conta, por e-mail ao ELA, a bem-humorada gaúcha de 27 anos. — Também tinha a ideia de que seria divertido ter uma dupla identidade. Coisas que a gente decide, assim sem querer, quando jovem, e que depois não tem mais volta.
Formada em jornalismo e com experiência como repórter de cultura do “Jornal do Comércio”, em Porto Alegre, Chiquinha resolveu dar um passo maior na carreira de cartunista e lançar, hoje, no Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte, seu primeiro livro solo: “Uma patada com carinho” (Leya/Barba Negra). A estrela desta leva inédita de histórias ácidas sobre o universo feminino é a Elefoa Cor-de-Rosa, uma gordinha neurótica que a autora criou há cinco anos, ainda na faculdade. E, segundo ela, não passa de “uma sensível e formosa paquiderme que vive às voltas com o mal sem perder a esperança no que é bom”.
— A Elefoa tava daquele jeito, abandonada, jogada para lá. Os suplementos dos jornais nos quais passei a publicar (“Folha de S. Paulo” e “Diário de Pernambuco”, durante quatro e dois anos, respectivamente), a meu ver, não tinham o perfil do personagem, então acabei engavetando a coitada. Quando surgiu o convite para o livro, achei ótimo, porque pude resgatar a Elefoa do completo abandono — explica Chiquinha, que levou consigo, na mala para a capital mineira, mais um gibi, a revista independente e bilíngue “Bananas”, produzida a quatro mãos com a amiga carioca Cynthia Bonacossa (“Golden Shower”).
Chiquinha é natural da mesma Porto Alegre que nos apresentou a Edgar Vasques e despachou para o Rio de Janeiro o desenhista resmungão Allan Sieber. “Talvez seja algo na água do Guaíba. Gásp!”, diz ela, confessando que o mais difícil é sobreviver como cartunista nesse mundo de Marlboro. E Chiquinha não tem vergonha em admitir que faz uso de sua Elefoa para expor suas angústias femininas.
— É verdade que sempre tenho que responder a perguntas referentes a gênero. É bom ou ruim ser mulher? Ou o que você acha de ficar menstruada? — responde, com bom humor, a jovem cartunista, revelada pelo colega de profissão Ota, em 2005, na coluna “Abre Alas”, do “Jornal do Brasil”. — Compreendo esse tipo de estranhamento. Imagino que uma mulher estivadora ou mesmo motorista de caminhão deva passar por algo parecido.
E entrega a misteriosa fórmula que tem consagrado seu tipo de quadrinho cáustico no “selvagem mundo do humor gráfico”, como alardeia o fã Allan Sieber no prefácio de “Uma patada com carinho”:
— Resolvi mais ou menos assim: já que essa é uma realidade que se apresenta de forma tão explícita, tomei como ponto de partida desovar todo esse tipo de questão na Elefoa Cor-de-Rosa. Ela fala de tudo isso por mim. Ri e chora desse universo tão peculiar que causa, ainda nos dias de hoje, estranhamento aos homens. Gostei de tentar desvendá-lo através dessa personagem. Foi divertido, apesar de ser um recorte dentro do tipo de quadrinho que gosto de fazer.
— Comecei a assinar Chiquinha meio sem querer, achava meu nome real, Fabiane, muito sisudo para uma cartunista — conta, por e-mail ao ELA, a bem-humorada gaúcha de 27 anos. — Também tinha a ideia de que seria divertido ter uma dupla identidade. Coisas que a gente decide, assim sem querer, quando jovem, e que depois não tem mais volta.
Formada em jornalismo e com experiência como repórter de cultura do “Jornal do Comércio”, em Porto Alegre, Chiquinha resolveu dar um passo maior na carreira de cartunista e lançar, hoje, no Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte, seu primeiro livro solo: “Uma patada com carinho” (Leya/Barba Negra). A estrela desta leva inédita de histórias ácidas sobre o universo feminino é a Elefoa Cor-de-Rosa, uma gordinha neurótica que a autora criou há cinco anos, ainda na faculdade. E, segundo ela, não passa de “uma sensível e formosa paquiderme que vive às voltas com o mal sem perder a esperança no que é bom”.
— A Elefoa tava daquele jeito, abandonada, jogada para lá. Os suplementos dos jornais nos quais passei a publicar (“Folha de S. Paulo” e “Diário de Pernambuco”, durante quatro e dois anos, respectivamente), a meu ver, não tinham o perfil do personagem, então acabei engavetando a coitada. Quando surgiu o convite para o livro, achei ótimo, porque pude resgatar a Elefoa do completo abandono — explica Chiquinha, que levou consigo, na mala para a capital mineira, mais um gibi, a revista independente e bilíngue “Bananas”, produzida a quatro mãos com a amiga carioca Cynthia Bonacossa (“Golden Shower”).
Chiquinha é natural da mesma Porto Alegre que nos apresentou a Edgar Vasques e despachou para o Rio de Janeiro o desenhista resmungão Allan Sieber. “Talvez seja algo na água do Guaíba. Gásp!”, diz ela, confessando que o mais difícil é sobreviver como cartunista nesse mundo de Marlboro. E Chiquinha não tem vergonha em admitir que faz uso de sua Elefoa para expor suas angústias femininas.
— É verdade que sempre tenho que responder a perguntas referentes a gênero. É bom ou ruim ser mulher? Ou o que você acha de ficar menstruada? — responde, com bom humor, a jovem cartunista, revelada pelo colega de profissão Ota, em 2005, na coluna “Abre Alas”, do “Jornal do Brasil”. — Compreendo esse tipo de estranhamento. Imagino que uma mulher estivadora ou mesmo motorista de caminhão deva passar por algo parecido.
E entrega a misteriosa fórmula que tem consagrado seu tipo de quadrinho cáustico no “selvagem mundo do humor gráfico”, como alardeia o fã Allan Sieber no prefácio de “Uma patada com carinho”:
— Resolvi mais ou menos assim: já que essa é uma realidade que se apresenta de forma tão explícita, tomei como ponto de partida desovar todo esse tipo de questão na Elefoa Cor-de-Rosa. Ela fala de tudo isso por mim. Ri e chora desse universo tão peculiar que causa, ainda nos dias de hoje, estranhamento aos homens. Gostei de tentar desvendá-lo através dessa personagem. Foi divertido, apesar de ser um recorte dentro do tipo de quadrinho que gosto de fazer.
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