Por Paulo Ramos - Blog dos Quadrinhos
- Festival Internacional de Quadrinhos concentrou volume alto de títulos independentes
- Entre 40 e 50 publicações autorais foram lançadas especificamente no evento
Os autores independentes foram o principal diferencial da sétima edição do FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos), que terminou neste domingo em Belo Horizonte (MG).
É difícil dizer com precisão o número exato de títulos feitos especificamente para serem lançados no encontro bienal. Mas sabe-se que é alto. Fica entre 40 e 50 títulos.
Foi sem dúvida a maior concentração de publicações autorais novas num único evento, desde que o circuito independente brasileiro ganhou fôlego a partir de 2007.
O volume aumento se forem somadas outras obras, lançadas em eventos anteriores (caso do Rio Comicon, em outubro) ou ao longo dos demais meses do ano.
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Dou um exemplo pessoal para dar uma dimensão numérica do cenário que tento apresentar. Voltei para casa com cerca de 70 obras. Nem cinco delas são de editoras tradicionais.
E olha que os autores independentes tinham uma boa concorrência pela atenção dos visitantes que lotaram os quatro dias do encontro, iniciado na quarta-feira, dia 9.
Eles dividiram espaço com Mauricio de Sousa, homenageado desta edição, e com desenhistas estrangeiros, casos de Horacio Altuna, Bill Sienkiewcz e Cyril Pedrosa.
(Sobre os estrangeiros, de tão acolhedores que eram com todos, gerou este comentário ouvido por lá: "Parece que a organização do FIQ seleciona esses autores pela simpatia".).
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Os números independentes se sobrepuseram também nos estandes, situados no centro, no fundo e no canto esquerdo da Serraria Souza Pinto, no centro de BH, local do evento.
Se a conta não engana, apenas quatro desses espaços eram ligados ao circuito comercial: a livraria Leitura, da capital mineira; a loja Comix, de São Paulo; a Itiban, de Curitiba.
O quarto espaço comercial era da editora Nemo, que lançou seis álbuns no FIQ, a maior parte adaptações literárias. A Leya/Barba Negra trouxe outros dois, ambos nacionais.
O restante era todo tomado pelos autores, vindos de diferentes estados. Com material novo aliado ao catálogo já existente, protagonizaram um momento histórico da HQ nacional.
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Não é exagero rotular esse caso como histórico. Vale reforçar: nunca antes houve tantas publicações independentes novas concentradas num mesmo espaço físico.
Pode-se contra-argumentar que houve o mesmo em eventos anteriores como o Rio Comicon, em outubro, ou no Gibicon, em Curitiba, em julho. Sim, mas não tanto assim.
Mais: o que foi lançado nos outros encontros de quadrinhos realizados ao longo do ano retornou agora neste FIQ e se somou ao que havia de novo.
Outro aspecto que singularizou esse momento foi que, ao lado da quantidade, percebia-se também nas obras produções graficamente bem editadas e com conteúdo à altura.
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É humanamente impossível ler em um par de dias todos os álbuns e revistas independentes trazidos do FIQ. Mas, do pouco que já li, fiquei bem impressionado com o conteúdo.
Como não se pode falar de tudo, pinço apenas um caso como exemplo, o do Pandemônio, nome dado a um conjunto de autores mineiros interessados em publicar quadrinhos.
Eles usaram este FIQ para tornar públicas suas edições impressas e, de certa forma, o próprio selo de publicação. Os poucos títulos que eles lançaram são impressionantes.
Do álbum "Achados e Perdidos", desde já um dos melhores do ano, às histórias humanas de Vitor Cafaggi. Do humor de Ryot ao experimentalismo de Daniel Werneck e Lu Cafaggi.
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Essa presença em massa de autores independentes no FIQ parece trazer um recado, que vem sendo escrito nos últimos três, quatro anos.
A mensagem é que o quadrinista brasileiro não está mais à mercê de ser descoberto pelas editoras, nem as usa como desculpa pela não publicação nacional.
Ideia na cabeça, vertida no papel. Os avanços tecnológicos trazidos pela internet e pelo computador já possibilitam fazer também a edição, antes tão restrita ao circuito comercial.
O objetivo é ser lido e, claro, usar o trabalho impresso como cartão de visitas para outros projetos. E que melhor portifólio que uma história já feita? E, pelo que li, muito bem feita.
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Nota: participei do FIQ a convite da organização do festival.
Obs: dentre as cerca de 70 obras que o "Colosso de Rodes" Paulo Ramos levou como excedente de bagagem, cinco foram do nosso estande:
Amigos, Amores e Amantes, O Contador de Lorotas, Botamem, Luz nas Trevas e Mosaico.(BP)
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