Começando, claro, pela declaração que confirmou tudo. Foi em uma entrevista concedida pelo CEO da Warner Bros. Entertainment, Kevin Tsujihara, ao New York Times. Não foi na editoria de Cultura, Variedades ou algo assim. Foi para a de Negócios, Business, mostrando que super-heróis fantasiados com roupas coloridas deixaram há muito de ser algo de ~criança. São tema de adulto. Adultos engravatados, que precisam prestar constas para acionistas. Coisas séria, enfim.
Na conversa com o NYT, Mr. Tsujihara afirmou que uma série de filmes vem por aí. Não foi dito com todas as letras que a Liga da Justiça entrará na dança, mas ficou subentendido, de acordo com a matéria.
O posicionamento pode ser tudo, menos inesperado. Kevin Tsujihara se tornou o CEO da Warner Bros. há pouco mais de um ano e, na época, nós aqui do JUDÃO avaliamos a promoção do executivo como algo positivo para os fãs dos heróis da DC. É que Kevin, até então presidente da divisão Warner Home Entertainment, já acumulava passagens anteriores pela própria DC Comics (onde ele trabalho ao lado do ex-Publisher Paul Levitz) e, na própria Warner HE, havia estimulado bastante o crescimento dos ótimos longas-metragens animados com os personagens da editora. Ou seja, é um executivo que sabe a força da biblioteca que a empresa tem nas mãos.
Agora que sabemos que Tsujihara está se movimentando – e, é bom ser sincero, o futuro Batman vs. Superman já é uma demonstração disso – o que será que a Warner está preparando? Quais projetos podem ser anunciados nos próximos meses, quem sabe na San Diego Comic-Con? Bom, melhor colocando, quais projetos ALÉM da Liga da Justiça, né?
Até porque a Warner precisa correr. A Marvel (e, por consequência, a Disney) já ganhou uma larga dianteira nessa briga dos heróis no cinema.
(Vale lembrar que, na nossa lista, não entram os filmes baseados nos gibis do selo Vertigo. Constantine, por exemplo, vai ganhar uma série solo, vem aí um filme do Sandman e tudo mais, mas essa seria a construção de um outro universo, a parte, do qual já falamos aqui no JUDÃO).
BATMAN
Ok, vamos combinar: a WB pode cansar de tudo, menos do Homem-Morcego. É o porto seguro, o dinheiro garantido — que é o que importa para um conglomerado como é a Time-Warner. É só perceber que, nos últimos 25 anos, o Batman já ganhou sete filmes, fora a futura participação emBatman vs. Superman e o ainda não anunciadoLiga da Justiça. Assim, você pode dar como certo que teremos daqui alguns anos um longa-metragem do Cavaleiro das Trevas, provavelmente estrelado pelo Ben Affleck. Goste ou não.
AQUAMAN
“Aquaman sucks”, você deve estar pensando nesse momento, repetindo a piada de The Big Bang Theory. Não é bem assim. Ou é, enfim. O que importa é que estamos falando de um herói antigo da DC, algo que é uma dos pilares da Liga da Justiça nos quadrinhos e que, nesse mundo de poluição, importância dos mares e tudo mais, pode encaixar uma história interessante na tela grande.
MULHER-MARAVILHA
Gal Gadot vai estar em Batman vs. Superman no papel de Diana Prince. Parece que vai ser algo pequeno, mas seria muita burrada guardá-la apenas para o longa da Liga. A personagem tem tudo para ser a primeira heroína a estrelar um grande filme solo (me desculpe a Supergirl da Helen Slater, foi mal aí), além de ser bastante conhecida do público.
LOBO
É difícil entender o que a Warner pensa do Lobo. O personagem é amado por uma parcela dos leitores, principalmente aqui no Brasil. A versão mais clássica do herói é o anti-herói típico: sujo, fala o que dá na cabeça, assassinou toda a família (e o planeta!) e mata quem ficar na frente dele (ou quem tiver um belo preço pela cabeça).
Porém, o Lobo nunca foi um campeão de vendas. É um tipo de leitura mais de gueto, com fãs fanáticos, mas que não são muitos assim. Tanto é que o personagem já ganhou três versões diferentes no recente pós-reboot dos gibis, sendo a última aquela versão ~limpinha que deixou muita gente irrita. Muitos que nunca compraram um gibi do Lobo pra ler, então…
Fala-se que o The Rock quer muito interpretar o Lobo na tela grande e que já haveria um acordo dele com a Warner para isso – o cara já até assumiu parte desse acordo, mas não o personagem. Ainda assim, fica difícil imaginar a Warner investindo logo de cara em um filme com classificação R…
SHAZAM
Criado em 1939, o Capitão Marvel foi rapidamente visto pela DC como um plágio do Superman. A editora acionou na Justiça a Fawcett, que publicava as HQs do herói, e o processo se desenrolou por muito anos. Nem precisava, na real. Depois da crise dos gibis no pós-Segunda Guerra, a Fawcett desistiu do Capitão Marvel. Em 1972, quando o personagem estava meio esquecido, a DC finalmente comprou os direitos de publicação. Nesse período, a ex-pequena Magazine Management Co. já havia escolhido usar o nomeMarvel Comics para a sua divisão de gibis e, não contente, havia criado o seu próprio Capitão Marvel.
Isso não impediu da DC fazer com que o agora seu Capitão Marvel voltasse a fazer sucesso nos quadrinhos, principalmente a partir dos anos 90. Após o recente reboot, cansada dessa picuinha do nome (que a impedia de botar “Captain Marvel” em um título de revista), a DC renomeou o herói para Shazam! e o colocou na atual versão da Liga da Justiça.
Conhecido do público (ele teve também uma série de TV nos anos 70), com poderes parecidos com o do Superman e parte da Liga, Shazam! parece ser uma escolha óbvia para um filme que arrisque um pouco mais.
Ah, já ia esquecendo de mencionar: o The Rock poderia ainda estar negociando para ser o Adão Negro, o principal vilão do Shazam!, além do já citado Lobo. Será?
LANTERNAS VERDES
Hal Jordan queimou o filme com aquele longa-metragem estrelado pelo Ryan Reynolds. E nem falo sobre a concepção de OA e os uniformes estranhos. Aquilo tudo seria superado com facilidade se Reynolds tivesse convencido como o herói-título e se o roteiro fosse melhor. BEM melhor.
Mas não precisamos queimar o Lanterna Verde com isso. Ou, pelo menos, os Lanternas Verdes, no plural. John Stewart poderia ser um ótimo herói negro para a Liga e ainda sustentar um filme live action sozinho. Ex-combatente do Exército, ele tem todo um background que poderia ser explorado em uma produção mais politizada. E ele também é arquiteto. Sério.
No sentido completamente oposto, o Guy Gardner poderia render um filme mais divertido, fanfarra. Sem falar no Kyle Rayner, o Lanterna dos anos 90. Se bem explorada, a Tropa dos Lanternas Verdes pode resultar numa série de filmes cósmicos para a Warner.
ARQUEIRO VERDE E FLASH
Arrow vem fazendo bastante sucesso na TV. The Flash, spin-off da primeira, também deve ir pelo mesmo caminho. Até por isso, a DC poderia desencanar dessa ideia de que cada mídia tem que caminhar de forma solitária e misturar tudo. Os dois personagens da TV podem participar do filme da Liga da Justiça, da mesma forma como a sérieAgents of SHIELD interage com o Universo Marvel nos cinemas.
NOVOS TITÃS
Ter um Batman mais velho, interpretado pelo Ben Affleck, abre o caminho para diversas possibilidades. Coisas que, claro, a WB nunca faria em uma primeira fase, mas algo bem plausível numa segunda fase, com as coisas andando bem. Assim, seria fácil encaixar o fato que de o Homem-Morcego já tenha tido alguns parceiros do passado, aka Robins. O primeiro deles, e mais conhecido, é justamente Dick Grayson.
Nos gibis, Grayson deixou a asa do Morcego e foi viver em Nova York na virada dos anos 70 para os 80. Foi o gancho para o lançamento dos Novos Titãs, um grupo no qual Grayson liderava alguns dos jovens heróis da DC e que era a recriação de um equipe de sidekicks dos anos 60. Nessa versão, além do Robin, os membros iniciais incluíam Kid Flash, Moça-Maravilha, Mutano, Cyborg, Ravena e Estelar. Com histórias produzidas pela dupla Marv Wolfman e George Pérez, em pouco tempo os Novos Titãs se tornaram mais importantes que a Liga da Justiça da época. Entre os motivos, dá pra listar os vilões (que incluía o ótimo Exterminador) e o relacionamento entre os heróis, algo que poderia ser bem aproveitado em um filme.
O que talvez atrapalhe essa possibilidade é que, nos quadrinhos, o Cyborg cresceu em importância nesta década e faz parte da atual formação da Liga da Justiça – o que pode ser copiado pela versão na tela grande. Há também a Moça-Maravilha, que não poderia mais ser encarada como uma sidekick da jovem Mulher-Maravilha, mas não seria difícil para os roteiristas de Hollywood mudarem isso – algo que chegou a ser feito nas HQs. De qualquer forma, se os executivos quiserem riscar os dois da história, ainda dá pra colocar membros como Jericó, Ricardito, Terra, entre outros.
Pra fechar, seria sensacional poder ver a transformação do Robin em Asa Noturna no cinema.
NOVOS DEUSES
A grande tentação da DC é colocar logo o seu maior vilão, o Darkseid, para ser de cara o antagonista da Liga da Justiça. Mas precisa? Hm, não. A Sociedade Secreta dos Supervilões poderia funcionar muito bem para isso e seria possível guardar Darkseid para um projeto mais ambicioso – um pouco como a Marvel está fazendo com Thanos, Guardiões da Galáxia e por aí vai.
Quando digo “mais ambiciosos”, isso seria explorar (após o sucesso dos primeiros filmes, claro) o Quarto Mundo criado por Jack Kirby no começo dos anos 70. Na época, The King presenteou a DC e os leitores com um universo rico, chamado Quarto Mundo. Nele tínhamos dois lados antagonistas: Nova Gênese, com os “bonzinhos”, e Apokolips, planeta dos malvados. O primeiro é liderado pelo Pai Celestial, que tem um filho adotivo: Órion. Na real, o personagem é filho de Darkseid, líder de Apokolips e que busca a Equação Anti-Vida. Ambos os mundos estão em grande luta, que envolve personagens como Senhor Milagre, Kalibak, Grande Barda e o Povo da Eternidade, entre outros.
“Ah, é muita viagem, não vai dar certo no cinema”. Hm, não? Muito do que Kirby fez com os Novos Deuses já havia aparecido nas HQs do Thor, personagem que já está muito bem no cinema. E, bom, a Casa das Ideias vai fazer um filme com um GUAXINIM FALANTE. E que anda por aí SENTADO NUMA ÁRVORE QUE ANDA E LUTA.
HOMEM-ANIMAL
Buddy Baker é um cara que pode pegar “emprestado” as habilidades de qualquer animal. Parece bizarro? Até é. Porém, isso não impediu do Homem-Animal ser um dos personagens mais interessantes da DC nos anos 80, numa fase assinada por um ainda iniciante Grant Morrison.
As HQs desse período (e depois, claro) passaram a abordar de forma mais consistente a família de Buddy, que, além da esposa, tinha dois filhos: Cliff (inicialmente com 9 anos) e Maxine (com 5). O personagem também passou a lidar com temas como vegetarianismo e direitos dos animais numa época que ninguém ligava pra isso.
Por tudo isso, dá pra dizer que o Homem Animal é um personagem arriscado – mas é um daqueles riscos que pode ser encarado, se houver um bom planejamento e uma ótima execução.
GLADIADOR DOURADO
Esse aqui é pouco conhecido. Mas, vamos combinar: quem do grande público conhecia o Homem de Ferro antes de 2008? Então.
Criado em 1986 por Dan Jurgers, Michael Jon Carter é um ex-jogador de futebol americano que acaba banido pelos rolos do pai com jogo. Sem ter o que fazer, ele vai trabalhar em um museu. AH! Esqueci de mencionar um detalhe: o personagem vive no século XXV. Por isso esse museu é cheio de tecnologias antigas, mas importantes, como o anel de voo da Legião dos Super-Heróis, a máquina de viagem do tempo do Rip Hunter, equipamentos de heróis do passado e um robô que sabe o que rolou na nossa época. Pronto: Michael reuniu tudo isso e viajou ao passado, salvando as vidas que ele sabia que estavam em risco e assumindo o nome de Gladiador Dourado.
Assim temos um heróis mais preocupado com a própria fama e com dinheiro, mas que vai descobrindo aos poucos a real importância de ajudar as pessoas. E, quando ele finalmente vê tudo isso e passa a ser um herói de verdade, é visto apenas como um mercenário pelo público e outros heróis.
Funcionaria no cinema? Sim, claro. Teria humor de um lado e uma lição de moral pelo outro. Provavelmente teriam que omitir algumas coisas pra fazer sentido com o resto do UDC cinematográfico, mas, hey, é a Warner. Eles vão fazer isso de qualquer jeito, você querendo ou não.
Cabem outros heróis nessa lista? Sim. Daria pra citar Starman, Esquadrão Suicida, Caçador de Marte, Sociedade da Justiça e tantos outros heróis – só não são, claro, escolhas óbvias e dificilmente devem aparecer tão cedo.
De qualquer forma, quem mais você acrescentaria nessa lista?
Via Judão
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