Por O DIA
Minha relação com as histórias em quadrinhos cresceu progressivamente quando eu tinha meus 10 anos de idade porque eu era um pereba nas partidas de futebol. O fato de meus amigos me excluírem nas divisões dos times que iriam jogar a pelada no play do prédio me deixava incontáveis horas sem fazer nada. A esperança que chegasse a minha vez sempre existia, mas eu devia ser muito ruim...
Para que minha limitação futebolística não virasse frustração, minha mãe aceitava meus pedidos e fui introduzido aos HQs para me deslocar daquela rejeição. Recruta Zero, Bolinha & Luluzinha, Cebolinha e a Turma da Mônica, não importava o tema, eu era um devorador de leituras ilustradas e, quando alguém desfalcava o time, eu fazia questão de recusar para não terminar de ler aquele gibi que tinha em mãos. Confesso que se um dia eu pudesse projetar que seria chamado por um personagem eu escolheria o Surfista Prateado...
Stan Lee da Marvel me fez iniciar uma nova paixão além da leitura das revistinhas: desenhar. Ali, comecei a ver cinema nas minhas leituras, naquele storyboard, sugerindo movimentos além dos limites de cada página e isso só acentuou quando conheci com mais profundidade o Batman. Especificamente as histórias de Frank Miller. Os enquadramentos e iluminações das cenas, os diálogos com onomatopeias e, principalmente, as histórias desmitificando os personagens do bem e do mal foram impactantes na minha formação. As imagens eram mais importantes que as histórias. Virei colecionador, um Batmaníaco... mas, numa crise, me desfiz de tudo por irrisórias quantias... Vou carregar esta culpa (risos).
Mas o Batman continuou a existir em mim. Nas prateleiras de casa, na paixão dos filhos com suas festinhas de aniversário e outros cantos de minha vida, o fato é que ele nunca mais me largou... literalmente, pois só de apelido já são quase 20 anos. Ai do taxista ou zelador que me chamar de Marcelo na frente de meu filho de 4 anos... vai levar uma bronca do Luca: “Meu pai é o Batman”. Não posso desmenti-lo. Está no meu cartão de visitas . Eu fiz design gráfico na faculdade porque lia HQ, trabalhei na MTV porque lia HQ, no cinema porque lia HQ. No fundo tudo ali era, na minha imaginação, uma metáfora do que acontecia no campo do audiovisual: uma forma diferente de contar histórias, unindo imagem e sons (POW!!!). Exatamente o que faço hoje nos espetáculos do Festival Multiplicidade, onde música e imagem se fundem teatralmente em performances.
Para que minha limitação futebolística não virasse frustração, minha mãe aceitava meus pedidos e fui introduzido aos HQs para me deslocar daquela rejeição. Recruta Zero, Bolinha & Luluzinha, Cebolinha e a Turma da Mônica, não importava o tema, eu era um devorador de leituras ilustradas e, quando alguém desfalcava o time, eu fazia questão de recusar para não terminar de ler aquele gibi que tinha em mãos. Confesso que se um dia eu pudesse projetar que seria chamado por um personagem eu escolheria o Surfista Prateado...
Batman Zavareze é curador do Festival Multiplicidade
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