“Ainda hoje temos reflexos no momento político”, lembra o jornalista Oscar Pilagallo, autor de obras como História da Imprensa Paulista e A História do Brasil no Século 20. “Este mês [no dia 10] vai ser divulgado o relatório da Comissão Nacional da Verdade sobre crimes cometidos na ditadura. Ou seja, [o golpe] é algo presente ainda hoje.”
Por aquele período tortuoso da nossa história ainda estar em voga, Pilagallo fez parceria com o artista Rafael Campos Rocha (autor de Deus, Essa Gostosa), e ambos acabam de lançar O Golpe de 64, uma história em quadrinho que narra os momentos decisivos que culminaram na chegada dos militares ao poder. A obra começa com o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e percorre o caminho vivido pelo País até a derrubada do presidente João Goulart uma década depois.
“Aquele foi um período de vigilância e tutela do capitalismo internacional, principalmente norte-americano, sobre os países latino-americanos”, afirma Rocha. “Tinha a ver com a revolução cubana, com o bloco soviético também e com o crescimento econômico global. O cenário hoje é diferente, apesar de derivado daquele.”
Pilagallo também observa diferenças nos cenários das duas épocas. “Em 1964 existia uma polarização mundial: Guerra Fria, capitalismo e socialismo… O Brasil era uma democracia naquele tempo, mas sem a mesma abrangência da democracia que vemos hoje. Era algo incipiente”, lembra. Esta lacuna entre os conceitos de democracia — pré-golpe e pós-Diretas-Já — torna improvável que a voz dos descontentes que pedem o retorno dos militares seja ouvida. “A polarização que hoje existe no Brasil não considera o fato de que os dois grandes partidos são parecidos. Ambos têm muito em comum.”
Rocha vê algo positivo nos atuais protestos de extrema direita: sinal de que houve avanços sociais. “O Brasil é um país racista e conservador que sustenta uma das maiores desigualdades sociais do mundo. Sua burguesia é praticamente iletrada e não quer ceder nenhum direito às outras classes. Por ela, voltaríamos com a escravidão. Por tudo isso, acho que as reações violentas dessa direita são um bom sinal. Sinal de que houve avanços nos direitos LGBT, na aceitação do negro e da mulher como iguais na sociedade, na qualidade de vida de quem vive nas regiões norte e nordeste do País…”
Se o golpe se repetir como desejam os conservadores, ao menos teremos uma certeza trazida por Hegel e Marx: “A História repete-se sempre, pelo menos duas vezes: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. Segundo informações do Brasil Post. .” Fonte:http://zinebrasil.wordpress.com/. Via EMT
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