Por: AFP – 23.11.10
Um tribunal belga ouviu nesta segunda-feira os argumentos expostos por um cidadão congolês e uma associação francesa para proibir a história em quadrinhos "Tintin no Congo", a qual consideram racista e ofensiva em relação aos africanos.
"Não queremos que seja um julgamento contra Hergé (o desenhista belga do personagem), e sim contra uma época na qual o racismo estava ancorado nas mentalidades", declarou o advogado de um dos autores da ação, citado pela agência Belga.
O julgamento começou em 28 de abril depois do processo aberto por Bienvenu Mbutu Mondondo, cidadão congolês residente na Bélgica, e o Conselho Representativo de Associações Negras (CRAN) da França.
Os autores da ação querem proibir a venda de "Tintin no Congo", publicado em 1931, ou, pelo menos, exigir que as novas edições tenham uma advertência e um prefácio onde se explique o contexto da época, quando a atual República Democrática do Congo era uma colônia belga.
Uma decisão a respeito é esperada para os próximos meses.
Saiba mais: isso já vem rolando desde 2007!
Bélgica: Estudante con.golês processa «Tintin no Congo»
Por Vasco - Diario Digital (08.08.2007)
Um estudante congolês apresentou uma queixa na justiça belga para denunciar o carácter racista de livro «Tintin no Congo» e pediu que este seja retirado do mercado, anunciou o Ministério Público de Bruxelas.
Estudante de Ciência Política em Bruxelas, Bienvenu Mbutu Mondondo, apresentou uma queixa contra a sociedade Moulinsart, encarregue da exploração comercial da obra de Hergé, explicou à agência AFP o porta-voz do Ministério Público, Jos Colpin.
Neste álbum, publicado em 1930-31, altura em que a Bélgica colonizava o Congo, o desenhador belga Hergé representou a África «de forma simples», reflectindo o espírito paternalista da época, reconhece a Moulinsart no seu site na Internet.
O queixoso apresenta a «sua confusão face à persistência da Moulinsart de não retirar do mercado de uma vez por todas este livro de banda desenhada», que considera «racista e xenófobo».
«Não é admissível que o Tintin possa gritar com os aldeões que são forçados a trabalhar na construção de um caminho-de-ferro», afirmou à AFP.
Um porta-voz da Moulinsart, Marcel Wilmet, afirmou por seu lado que é «preciso deixar a justiça belga fazer o seu trabalho».
«Na realidade estamos admirados que esta polémica tenha renascido, tendo já o próprio Hergé explicado em tempos que esta era uma obra inocente, que tinha de ser lida no contexto dos anos 30, altura em que todos os belgas pensavam estar a fazer um bom trabalho em África», acrescentou.
Nos anos 70, Hergé reconheceu que, para escrever e desenhar este álbum, se «alimentou dos preconceitos do meio burguês em que vivia», acrescentado apenas conhecer daquele país «o que as pessoas relatavam na altura».
Em Julho último, a Comissão Britânica para a Igualdade Racial (CRE) considerou que o livro continha «imagens e diálogos repletos de preconceitos racistas, onde os indígenas selvagens parecem macacos e falam como imbecis», declarou um porta-voz da CRE.
Depois deste aviso, o grupo americano Border pediu a todos as livrarias dos Estados Unidos e de Inglaterra que colocassem o álbum na secção das bandas desenhadas para adultos.
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