O ano começou para a Marca de Fantasia com uma profunda reflexão sobre seu projeto editorial. Já no final de 2009 saíra a versão digital de “Discurso, poder e subjetivação: uma discussão foucaultiana”, de J. J. Domingos, pela Série Veredas. Foi o primeiro passo para o lançamento de vários títulos como e-book, arquivos digitais no formato pdf, que mudariam os rumos da editora.
Em parte, essa mudança foi uma decorrência da saturação do processo artesanal de confecção dos livros, que demanda muito tempo e trabalho para ser realizado por uma só pessoa, ou seja, o editor. Isto demonstra, é certo, a falta de articulação para a construção de um grupo de trabalho que pudesse tocar as tarefas da editora e responder a demanda de leitores e autores, cada vez maior.
Por outro lado, as mídias digitais são já uma realidade que ocupa cada vez mais espaço nos meios de comunicação. A Marca de Fantasia não poderia dar as costas a esse processo, que com certeza terá uma marcante presença na vida de todos nós. Procurando estar sempre atualizada, a decisão por produzir parte das edições da Marca de Fantasia como livros digitais representa não só a viabilidade do crescimento da editora como a possibilidade de contemplar novos projetos editoriais. Os limites físicos das edições impressas, como o número de páginas, o formato e a impressão em preto e branco, dessa forma foram vencidos pelas múltiplas possibilidades da edição digital.
Esta decisão de mudança, que se reserva aos livros teóricos, sendo inovadora, não poderia ser completamente tranquila. O fetiche do livro impresso, bem como sua comodidade, continua forte no gosto dos leitores e de boa parte dos autores. Contudo, outros perceberam que este é um novo e incontornável caminho, que inclui novas ferramentas para o enriquecimento dos projetos gráficos e editoriais.
Se esse processo cai bem para os livros teóricos, o mesmo não se aplica aos álbuns e revistas em quadrinhos, que continuarão a ser editados como impresso. Os quadrinhos têm seu suporte ideal na edição impressa, cuja materialidade da publicação é um valor em si para o leitor e o colecionador. Afeito a ser um trabalho com características artísticas visuais, os quadrinhos não prescindem da impressão, apesar das experimentações da arte no campo virtual.
Uma exceção nesse processo de mudança é o fanzine “Top! Top!”, que terá uma versão impressa e outra digital. O fanzine tem um conteúdo misto, tanto textual quanto visual, trazendo entrevistas, resenhas, críticas e cartas, assim como quadrinhos, cartuns e ilustrações. Serão duas edições com o mesmo conteúdo, mas com projetos gráficos diferentes, de acordo com o suporte da edição. Foi o que ocorreu com o número 26 do fanzine, de fevereiro de 2010, cuja ênfase se deu na obra de Edgard Guimarães.
De acordo com a necessidade e dos condicionamentos, poderemos ainda ter uma ou outra edição impressa de livros teóricos, como se deu com “O roteiro nas Histórias em Quadrinhos”, de Gian Danton, que já tinha sido planejado desde 2009, mas que só veio à luz em 2010. Algumas antigas edições da Série Quiosque também poderão ser retomadas em nova edição no formato impresso, mas só de modo excepcional. O que se pretende é que, com o tempo, toda a Série Quiosque e a Série Veredas se transformem em edições digitais.
Embora pareça um pouco discriminatória a escolha dos livros teóricos para a produção no novo processo e não os quadrinhos, esta decisão também teve um caráter prático. Constatamos que o público dos livros é justamente o universitário, que busca nas obras da editora a fundamentação para seus trabalhos acadêmicos. Os próprios livros são oriundos desse meio, como resultado de trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses. Desse modo, a transição do meio impresso para o digital não causará grande estranhamento aos leitores, que já têm os arquivos digitais como um hábito comum de leitura.
Como previsto, a produção de parte dos livros em formato digital intensificou a quantidade de lançamentos, dando vazão a vários projetos que, de outro modo, teriam que esperar ainda um bom tempo para se concretizar. A média de produção anual da editora, que era de 16 publicações, com o novo processo atingimos o recorde de 23 edições, entre fanzines, revistas, álbuns e livros, como descrevemos a seguir.
Revistas e fanzines:
“Artlectos e Pós-Humanos” nº 4, revista em quadrinhos de Edgar Franco.
“Top! Top!” nº 26, com Edgard Guimarães.
“Top! Top!” nº 26 (e-zine).
“Katita: o preconceito é um dragão”, de Anita Costa Prado & Ronaldo Mendes.
“Artlectos e Pós-Humanos” nº 4, revista em quadrinhos de Edgar Franco.
“Top! Top!” nº 26, com Edgard Guimarães.
“Top! Top!” nº 26 (e-zine).
“Katita: o preconceito é um dragão”, de Anita Costa Prado & Ronaldo Mendes.
Álbuns:
“ GAG: as melhores tiras humorísticas”, de Henrique Magalhães (org.) (e-book).
“Katita: tiras sem preconceito”, de Anita Costa Prado & Ronaldo Mendes (e- book);
“Ber the bear”, de Rafael Lopes.
“Silas Verdugo, o Homem do Patuá: origem”, de Elmano Silva.
“Quando tem que ser”, de Killoffer, tradução de Henrique Magalhães.
“ GAG: as melhores tiras humorísticas”, de Henrique Magalhães (org.) (e-book).
“Katita: tiras sem preconceito”, de Anita Costa Prado & Ronaldo Mendes (e- book);
“Ber the bear”, de Rafael Lopes.
“Silas Verdugo, o Homem do Patuá: origem”, de Elmano Silva.
“Quando tem que ser”, de Killoffer, tradução de Henrique Magalhães.
Livros:
“Estudos do Discurso: diálogos entre Nietzsche e Foucault”, de Nilton Milanez (org) (e- book).
“Blogs: cultura convergente e participativa”, de Ricardo Oliveira.
“O discurso dos ursos: outros modos de ser da homoafetividade”, de J. J. Domingos.
“O discurso dos ursos: outros modos de ser da homoafetividade”, de J. J. Domingos. (e- book).
“O roteiro nas Histórias em Quadrinhos”, de Gian Danton.
“Polarizações do Jornalismo Cultural”, de Marina Magalhães. (e- book).
“Codinome V: o herói em V de Vingança”, de Victor S. Pinheiro.
“Se Toque: uma revista alternativa”, de Henrique Magalhães & Sandra Albuquerque (e-book).
“Um homem, um cavalo, uma pistola: o spaghetti western, seus primórdios e sua herança”, de Márcio Salerno (e-book).
“As (in)definições críticas da Ficção Científica brasileira contemporânea”, de Arnaldo Mont'Alvão (e-book).
“Caligari: do cinema aos quadrinhos”, de Gian Danton (e-book).
“Afrodite no ciberespaço: a era das convergências”, de Cláudio Cardoso de Paiva, Marina Magalhães de Morais e Allysson Viana Martins (orgs.) (e-book).
“Sócrates recorta jornais, Crátilo desenha palavras: o nome das coisas no jornal impresso”, de Wellington Pereira (org.) (e-book).
“Estudos sobre História em Quadrinhos”, de Edgard Guimarães. (e-book).
“Estudos do Discurso: diálogos entre Nietzsche e Foucault”, de Nilton Milanez (org) (e- book).
“Blogs: cultura convergente e participativa”, de Ricardo Oliveira.
“O discurso dos ursos: outros modos de ser da homoafetividade”, de J. J. Domingos.
“O discurso dos ursos: outros modos de ser da homoafetividade”, de J. J. Domingos. (e- book).
“O roteiro nas Histórias em Quadrinhos”, de Gian Danton.
“Polarizações do Jornalismo Cultural”, de Marina Magalhães. (e- book).
“Codinome V: o herói em V de Vingança”, de Victor S. Pinheiro.
“Se Toque: uma revista alternativa”, de Henrique Magalhães & Sandra Albuquerque (e-book).
“Um homem, um cavalo, uma pistola: o spaghetti western, seus primórdios e sua herança”, de Márcio Salerno (e-book).
“As (in)definições críticas da Ficção Científica brasileira contemporânea”, de Arnaldo Mont'Alvão (e-book).
“Caligari: do cinema aos quadrinhos”, de Gian Danton (e-book).
“Afrodite no ciberespaço: a era das convergências”, de Cláudio Cardoso de Paiva, Marina Magalhães de Morais e Allysson Viana Martins (orgs.) (e-book).
“Sócrates recorta jornais, Crátilo desenha palavras: o nome das coisas no jornal impresso”, de Wellington Pereira (org.) (e-book).
“Estudos sobre História em Quadrinhos”, de Edgard Guimarães. (e-book).
Desse total, 10 foram edições impressas, enquanto 13 saíram como edições digitais. Isso demonstra o crescimento da editora não só em número de publicações como a confirmação de uma tendência, a de produção de e-books, ampliando ainda mais seu campo de atuação e acesso ao público.
Além das publicações, a editora Marca de Fantasia continuou com suas ações para a promoção dos quadrinhos. Em 2010 aconteceu a segunda edição do seminário “Quadrinhos: reflexão e paixão”, organizada pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPB, ao qual a editora tem vínculo. O seminário, que contou com a imprescindível participação da Aliança Francesa em sua organização, trouxe o quadrinista francês Killoffer, que apresentou sua obra e fez uma concorrida noite de autógrafos de “Quando tem que ser”, álbum de estréia do autor no país, lançado pela Marca de Fantasia.
Outro evento promovido pela editora foi o concurso de tiras humorísticas GAG, em segunda edição. Com mais de 50 inscrições, bem maior que a versão do ano anterior, o concurso teve como vencedor Alisson Affonso, de Rio Grande, RS, com a série “ Mundo Cruel” . A exposição das tiras e a edição do catálogo, contudo, ficaram para 2011.
Quanto à participação de outros eventos que tocam a produção da editora, o início do ano nos deu a honra da comenda ao editor como “Mestre dos Quadrinhos Nacionais”, atribuído pela AQC-ESP (Associação dos Quadrinistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo), dentro da programação do 26º Prêmio Angelo Agostini. A editora também foi agraciada com o “Troféu Bigorna”, como melhor editora independente do ano, atribuído pelo sítio Bigorna (bigorna.net).
Nosso trabalho editorial esteve presente no “ Dia do Quadrinho Nacional”, organizado por Amaro Braga na Faculdade Maurício de Nassau, em Recife; no “I Encontro de História da Mídia do Nordeste”, promovido em Natal pela UFRN, sendo representada por Vítor Nicolau, com o artigo “História das tirinhas: do meio impresso às mídias digitais”. No evento “Agosto das Letras”, promovido pela Fundação de Cultura de João Pessoa, cuja participação se deu na Mesa Redonda “Caminho das pedras: autores x editores”. Também estivemos presentes no “4º For Rainbow: Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual”, em Fortaleza, como membro do júri e lançamento de publicações da editora.
Mais uma vez participamos do Festival International de Bande Dessinée d'Angoulême, na França, considerado um dos maiores festivais de quadrinhos do mundo. O Fanzine “Top! Top!” nº 25 esteve na seleção oficial do festival, que por sua importância já nos honra com seu acolhimento.
Em suma, a Marca de Fantasia continua com seu propósito de viabilizar a publicação de novos autores de quadrinhos brasileiros, o resgate da obra dos mestres e o estudo sobre a História em Quadrinhos e a Cultura Pop. Juntamente com o Mestrado em Comunicação, pretende continuar estimulando as pesquisas sobre a arte, sempre com olhar crítico e investigativo.
PUBLICADO EM 13.01.11
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