segunda-feira, 18 de julho de 2011

Super-heróis se adaptam ao século XXI

Por Claudio Yuge - Bonde (31.01.2011)

Tanto Capitão América quanto Batman tiveram destinos parecidos e hoje voltaram revigorados

Com ''Invasão Secreta'' e ''Era de Ouro'', na Marvel...

...e ''Brightest Day'', na DC, editoras testam novo status quo de seus personagens

Johnny Storm e Matt Murdock foram afastados até serem repaginados de acordo com a nova audiência
Editoras estão ''zerando'' personagens para renovar franquias, conquistar público da nova geração e dar longevidade às suas criações




ATENÇÃO: OS TEXTOS A SEGUIR CONTÉM INFORMAÇÕES DE EVENTOS QUE AINDA NÃO ACONTECERAM NA CRONOLOGIA BRASILEIRA. SE NÃO QUER SABER, SAIA ENQUANTO É TEMPO.







A suposta morte do personagem Johnny Storm, o Tocha Humana do grupo Quarteto Fantástico, da Marvel Comics, acendeu o alerta entre os fãs para uma prática que era comum nos anos 90 mas até então se mantinha velada nessa virada de século: a de executar nomes da primeira linha para alavancar vendas. No entanto, apesar das reclamações sobre tal prática caça-níquel, há um corrente de pensamento incrustada em acontecimentos recentes que revelam um panorama animador no mercado: as empresas parecem ter encontrado uma forma de manter suas criações vivas no século XXI, também diante de uma nova geração.




Para começar, é necessário lembrar o que afastou os leitores e a maneira como as equipes criativas lidavam com o público, em fuga diante das histórias de super-heróis nos anos 90. Numa tentativa desesperada de chamar a atenção de uma decrescente fatia infanto-juvenil e da audiência madura que cresceu lendo quadrinhos, as editoras mais populares do mundo, as norte-americanas Marvel Comics e DC Comics, decidiram virar o universo de seus principais ícones de cabeça pra baixo.




Foi nessa época então que Superman morreu; o Lanterna Verde Hal Jordan, também caiu, voltou como vilão e depois se tornou um fantasma; Wolverine ficou deformado depois de arrancado seu esqueleto de adamantium; Homem-Aranha ganhou clones; Arqueiro Verde bateu as botas, Aquaman perdeu uma mão, enfim... Muita coisa aconteceu somente em prol das vendas, nada em respeito ao leitor, à cronologia ou simplesmente por uma boa história.




Porém, uma revolução foi disparada com o sucesso das adaptações de quadrinhos. O olhar simplista de escritores e diretores de cinema, preocupados com um público mais abrangente, deu espaço para jovens inventivos e cheios de ideias, como os roteiristas Geoff Johns, da DC Comics, e Brian Michael Bendis, da Marvel Comics. Não há indícios de que alguma coisa tenha sido combinada, no entanto, há muitas similaridades no conceito que levou ambos a tornar o universo das revistas mais atraentes, até mesmo para novos leitores, e personagens bem definidos, adequados para os tempos atuais.


Comos exemplos, basta ligar dois personagens e duas sagas das duas editoras e perceber como as histórias estão seguindo rumos mais orgânicos, seja com sepultamentos ou desaparecimentos. A primeira é a morte de dois personagens icônicos para ambas as editoras, Capitão América e Batman, para Marvel e DC Comics, respectivamente.


Ambos tiveram soluções um tanto quanto mirabolantes para seus retornos, com viagem temporal, transferência de corpo, entre outras bobagens que, bem escritas, são até aceitáveis, como aconteceu. O importante foi que, com a ausência de ambos, Johns e Bendis conseguiram mostrar ao leitor a importância dos dois e o que os fazem diferentes de tantos outros. Não à toa, hoje existem dois Batmen e dois Capitães América. O público aprendeu a diferenciar cada um, porque os roteiristas conseguiram criar pontos de referência nos núcleos de personagens que, depois de 50 anos, estavam desgastados.


Apesar de estratégias semelhantes, Marvel e DC hoje caminham por estradas diferentes atualmente. Com a ''Era de Ouro'', orquestrada a partir de um belo momento na saga ''Invasão Secreta'', a primeira segue reformulando seu universo deixando-o mais coeso a partir do ''reboot'' ou ''timeout'' de alguns núcleos e personagens. A segunda, com ''Brightest Day'' (ou ''No Dia Mais Claro'') revê o conceito de cada criação trazendo todos de volta para deixar os mais fortes e populares em ação neste novo contexto.


O importante, no final das contas, é que pelo menos há realmente uma preocupação maior quando acontece a suposta morte de um personagem, como a de Johnny Storm. Não parece ser mais apenas sobre vendas. E isso já é, criativamente falando, um avanço no grande mercado, que, antes disso, demorou a entrar no século XXI.


TOCHA HUMANA E DEMOLIDOR VIVEM "TIMEOUT"


Assim como aconteceu com Batman e Capitão América, dois personagens da chamada primeira linha vivem um momento de ''folga'' para serem ''zerados'' no universo Marvel. O Tocha Humana foi dado como morto na edição 587 de ''Fantastic Four'' e Demolidor saiu em jornada espiritual após a saga ''Shadowland''.
O Quarteto Fantástico nunca fez muito sucesso e atualmente é um grande pepino nas mãos de Bendis, que ainda não conseguiu promover uma interação maior da equipe familiar de heróis com o restante do universo Marvel. Até os X-Men estão se integrando com mais facilidade. Assim, o fim do quarteto e a ausência de Johnny Storm, pouco expressivo, podem ser uma maneira de realinhá-los com a atual realidade da editora.
O mesmo acontece com o Demolidor. Era necessária uma reestruturação dos ''street level heroes'', ou ''heróis de rua'' da Marvel. Com ''Shadowland'', a editora sacrificou Matt Murdock para criar novos personagens, estabelecer um novo status para esse microcosmo e ampliar diferentes linhas de narrativa com Justiceiro, Motoqueiro Fantasma, Luke Cage, Punho de Ferro, entre outros, coadjuvantes, hoje mais visíveis.
Claro que tanto Johnny quanto Matt vão voltar, a exemplo de Batman e Capitão América. A diferença é que, desta vez, as histórias serão bem mais acessíveis, interessantes, densas e, acima de tudo, divertidas do que aquelas publicadas nos anos 90. Pelo menos é o todos esperam que continue acontecendo.


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A maior parte dos textos publicados nesta coluna foi publicada na Folha de Londrina, tanto na versão impressa quanto na virtual.

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