terça-feira, 16 de agosto de 2011

Grant Morrison: Declaração sobre criadores do Superman cria polêmica


Autor está sendo chamado de boneco da DC Comics


SupergodsUm trecho do livro Supergods, que GrantMorrison 
acaba de lançar nos EUA e no Reino Unido, 
está provocando polêmica entre historiadores 
dos quadrinhos e fãs do escritor escocês. 
É o momento do livro em que Morrison fala 
de Jerry Siegel e Joe Shuster
os criadores do Superman.
Morrison escreveu que Siegel e Shuster 
venderam em 1938 sua criação à National Publications
(futura DC Comicspor apenas 130 dólares, fato bem conhecido. 
Na interpretação do autor, porém, fizeram isto porque"estavam 
criando um produto para vender" "imaginaram que 
poderiam criar mais e melhores personagens".
 Além disso, que só teriam revoltado-se contra o injusto 
valor pelo personagem em 1946, "quando perceberam 
quanta grana sua criação estava arrecadando".
O escritor ainda compara-os a Bob Kane
co-criador do Batman, que teve 
remuneração melhor e participação nos 
lucros com o personagem. Morrison diz 
que Kane tinha"mais cabeça para negócios".
O primeiro a revoltar-se contra as declarações de 
Morrison foi o crítico de quadrinhos Abhay Khosla
que diz que Morrisson não reconhece vários fatos documentados 
em torno da venda de Siegel e Shuster à National 
- fatos que, na visão de Khosla, comprovam que os criadores 
foram passados para trás. 
E complementa que este "esquecimento" de Morrison é interesseiro: 
serviria à DC Comics no processo que a editora atualmente 
enfrenta, movido pelos herdeiros de Siegel e Shuster.
Khosla também lembra que Morrison tem "participação num 
projeto que pode ter sido designado para que sejam reduzidas 
as chances dos pais corporativos do Superman terem que 
dar dinheiro aos herdeiros de Siegel e Shuster". 
Ele se refere à reformulação do herói para o
 relançamento do Universo DC,
que acontece em setembro. 
É Morrison quem está trabalhando na nova
 Action Comics, que muda detalhes da origem do personagem.
"Acho que tive sorte de crescer numa época em que as pessoas 
que faziamquadrinhos buscavam outros rótulos que não 
'marionete corporativo'", ataca Khosla.
Mas a crítica mais contundente e irritada vem do respeitado 
historiador dos quadrinho Paul Gravett. Em uma resenha do 
livro em seu site pessoal, Gravett mostra erros de Morrison 
- como, por exemplo, que Siegel e Shuster já haviam manifestado-se 
em 1938 contra o contrato de Superman, e não só na década 
seguinte - e também levanta a suspeita de que Supergods seja 
parte de uma estratégia da DC Comics de minar os herdeiros de 
Siegel e Shuster.
"Morrison prefere elevar o super-herói a um conceito indestrutível, 
quase uma entidade independente, auto-efetivada, reconhecendo 
apenas por cima o lado mais comercial e sujo, maquiando a exploração 
reinante, hoje e sempre, no mercado", escreve Gravett.
 "É por isso que ele decide escantear ou ignorar o motivo pelo 
qual eles devem sobreviver - a necessidade que têm de sempre
 gerar mais e mais dinheiro para seus proprietários corporativos 
e acionistas, sendo uma percentagem arrecadada pelos operários 
leais, como ele, que de alguma forma conseguem fazer eles vender."
A relação com a reformulação DC também parece clara para Gravett:
 "É mais do que coincidência, e do que um anúncio sincronizado, 
que a história de Morrison e a do Superman encontrem-se ao final 
do livro, quando Morrison é contratrado pelos tesoureiros da 
Desesperada Corporação para relançar sua Supermarca em 
setembro, numa nova Action Comics 1." As elocubrações de 
Gravett vão ainda mais longe, considerando Supergods parte 
de um rebranding geral do Superman que o prepara para
seu novo filme.
Até o momento, Morrison não se pronunciou quanto às críticas ao livro.

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