terça-feira, 11 de outubro de 2011

LÉO VALENÇA: AQUECIMENTO GLOBAL EM CARTUNS

Por Meu Herói

LeoValenca
Falar de ecologia em pleno século XX, principalmente a partir dos anos 50, era coisa de eco-chato, de cientistas ou de minúsculos setores governamentais. Porém, desde os protestos contra a caças às baleias nos anos 70, e a defesa mundial a favor de Chico Mendes na Amazônia nos anos 80, a ecologia fortaleceu seus passos a partir da ECO-92 e, perante os recentes relatos climáticos, várias questões climáticas alcançam destaque na mídia. Inspirado nesse assunto Léo Valença organizou a obra Aquecimento Global em Cartuns com a participação de diversos desenhistas que expõem o tema com humor e consciência. Leia a seguir uma exclusiva entrevista com o artista organizador da obra.
1 – Léo, Yuri Gagarin havia dito que a terra era azul, nós a vemos em  diversas cores. Qual a sua visão sobre o nosso planeta?
A Biodiversidade é o Arco-Íris da Vida que deixa a Terra mais colorida. Esta diversidade mantém a vida na Terra. As plantas verdes no solo e as plantas microscópicas nos oceanos produzem o oxigênio que respiramos. A mudança climática do globo terrestre seria muito pior, se não fosse pelo papel das florestas e dos oceanos na absorção de grande parte do dióxido de carbono que colocamos na atmosfera. As florestas de mangues mantêm o litoral tropical. Cada espécie individual depende de outras para a sua existência, e os vínculos entre as diferentes espécies mantém a vida. Se uma espécie for eliminada, as outras que dependem dela também morrerão ou serão seriamente afetadas.
Dependemos da biodiversidade para o nosso alimento, os nossos medicamentos, o nosso abrigo, para muitos produtos industrializados, tais como a madeira e a borracha, os cosméticos e muitos outros. À medida que perdemos espécies, estamos, também, perdendo novos possíveis medicamentos e alimentos, que podem ser necessários para dar continuidade à vida humana na Terra. Por exemplo, mais de metade dos nossos medicamentos provém originalmente de plantas, e outros ainda estão sendo descobertos. Um exemplo  é o remédio anti-câncer, taxol, proveniente do teixo, uma árvore do Pacífico.
A Terra é a nossa casa. Satisfazer as próprias necessidades sem reduzir as oportunidades das próximas gerações é prover o melhor para as pessoas e para o ambiente, tanto agora como no futuro. Devemos retribuir o carinho com que o Planeta nos recebe e ajudar neste processo de preservação do meio-ambiente.
2- Quando surgiu a ideia de reunir diferentes artistas com diferentes visões para compor um livro coletivo sobre o aquecimento global?
Eu percebia que o assunto atraía cada vez mais a atenção dos profissionais da área de humor gráfico, que o citavam em salões de humor e exposições. Considero relevante quando vários artistas se unem em prol de uma questão tão importante como essa. No campo da música, pude assistir ao Live Earth, evento que reuniu artistas de vários países em torno do aquecimento global, nas areias de Copacabana, em 2007. O tem da ecologia sempre foi abraçado por artistas e agora mais do que nunca com este problema mundial que atualmente pipoca em forma de reportagens, notas e editoriais.
aquecimentoglobalemcartun3 – O livro é vendido sob demanda, ou seja, é impresso um exemplar a cada pedido, a escolha desse sistema de impressão ocorreu por virtude ecológica ou por virtude financeira ( menor capital inicial para um projeto sem tiragem impressa)?
Achei ótima a proposta ecológica de publicar o livro sob demanda. Assim optei pela editora PoD ("Print on Demand") que significa "impressão sob demanda" (www.podeditora.com.br).Em uma época em que falamos tanto sobre a preservação da natureza, do uso inteligente dos recursos naturais, dos problemas de emissão de gases e, porque não, da crise de crédito que estamos passando, é paradoxal a pouca discussão a respeito da impressão sob demanda. A utilização do PoD é um recurso no qual os livros são impressos para atender à demanda, em vez da produção em grandes quantidades, para estoque. Dessa forma, menos folhas são gastas, o que diminui o desmatamento e contribui diretamente para a preservação do planeta. Além disso o papel utilizado é ecológico e de origem certificada.
4 – Como foi a busca de artistas para participarem do livro?
Ao organizar o projeto, realizei um processo de seleção com mais de 50 inscritos, dos quais 24 cartunistas forma selecionados e utilizados, além do meu próprio cartum. Recebi muitos desenhos e não foi difícil reunir esses cartunistas para a obra. Tive uma boa receptividade por parte deles que abraçaram a causa com muita paixão. Considero mais difícil realmente o trabalho de conscientização da preservação ambiental junto ao público. Ainda há estereótipos sobre aqueles que lutam em prol de um mundo melhor que precisam ser derrubados. O humor gráfico torna-se um meio eficaz neste processo que consegue atingir o público principalmente mais jovem por usar uma linguagem na qual eles se identificam.

5 – Como foi acertado a relação do direito autoral coletivo na obra?
Cada cartunista selecionado e participante recebeu um exemplar gratuito do livro e assinaram um termo de autorização de publicação do cartum na obra cedendo os seus direitos autorais ao organizador da publicação. O cartunista participante tem a sua biografia publicada de forma resumida ( web site pessoal, e-mail para contato) ao lado do seu cartum para divulgação.
6 – O livro é vendido somente na editora virtual POD, você gostaria de buscar patrocínio para oferecer tiragem em algumas livrarias?
A proposta do livro inicialmente visa a publicação sob demanda através da encomenda pelo site. Mais tarde, posso estabelecer alguma parceria com livrarias e estou aberto a novas parcerias e patrocínios.
7- O livro possui duas versões: uma colorida e outra em P&B. Qual o objetivo?
Disponibilizei no site da editora em duas versões: uma com os cartuns em preto e branco e outro coloridos. Como se trata de uma editora que trabalha com impressão sob demanda ( PoD - Print on Demand) o custo de um livro colorido fica mais elevado. Dessa forma disponibilizei uma versão também em preto e branco com o custo mais reduzido e econômico. O POD é um recurso de alta tecnologia de preservação do planeta, disponível há alguns anos e de eficiência comprovada. Mais do que um recurso tecnológico em si, é uma ferramenta de administração de recursos: em vez de produzir estoques de livros impressos, estes são impressos à necessidade em que são requeridos. Dessa forma, evita-se o desperdício financeiro e ambiental.
8 – Você pretende manter uma série de álbuns sobre o assunto ecológico ou possui projetos para outros temas? Fale de seus novos projetos.
Pretendo ainda este ano organizar uma exposição com os cartuns do livro e com outros cartunistas convidados em parceria com um portal ecológico no Rio. Para o ano que vem pretendo lançar um livro com os meus melhores cartuns sobre o Rio.
9 – Na sua opinião, existe muita mensagem ecológica em nossos tempos e poucas pessoas e instituições para ouvir e praticar?
Hoje se fala muito em ecologia e sustentabilidade. Mesmo com essa consciência a perambular pela sociedade, a triste realidade é que ainda são muito poucos os que fazem o mínimo necessário pelo meio ambiente.
O papel do setor empresarial e industrial deverá ser o de buscar novos modelos de desenvolvimento e criatividade, mudando atitudes e valores, através de processos que têm como princípio a sustentabilidade ambiental. Este novo cenário deve estar voltado para a busca do reaproveitamento de toda matéria prima ou resíduo utilizado,  através de novos processos tecnológicos. Em um futuro próximo, uma empresa ética poderá ser aquela que obtiver os melhores processos de sustentabilidade em seus produtos, pois serão concebidos pensando na preservação do meio ambiente. O produto descartado que puder ser reciclado e reutilizado em um processo produtivo será o grande diferencial. As empresas e indústrias que se comprometerem nesta nova era da ecoeficiência sustentável certamente serão compensadas por suas atitudes éticas para com o meio ambiente e as gerações futuras. E isso nós, como consumidores, devemos exigir. Aprender a consumir de maneira responsável será imprescindível nas próximas décadas. Cabe ao governo também fazer sua parte, através de programas de responsabilidade socioambiental, investindo para um comprometimento com o conceito de sustentabilidade, que é muito falado, porém muito pouco praticado.
10 - Mande a sua mensagem final aos seus leitores.
O cartunista é um profissional que está sempre antenado do que acontece ao seu redor, e os problemas que temos hoje de cunho social, político, econômico e agora a questão ambiental com o aquecimento global que nos afetam diariamente e tem sido fontes de constante inspiração para as minhas criações.  Eu utilizo representações bem-humoradas através do humor gráfico para tratar um tema nada amistoso como este. Pinguins assados, um urso polar solitário em cima de um pequeno pedaço de gelo ou uma plantação de ventiladores. A idéia foi provocar. E é exatamente isso que acontece. Por mais que a coletânea traga desenhos irreverentes, faz pensar. Há cartuns que chegam a incomodar, como o do cartunista Leite, que mostra uma criança com um lápis verde desenhando árvores em uma cidade cinza, só de prédios.
Informações sobre o livro:
Os autores participantes da obra são: Léo Valença, Leite, Jottas, Da Costa, Jorge Barreto, Alex Larcher, J. Bosco, Waldez Duarte, Alan Souto Maior, José Alves Neto, Casso, Ferreth, Kampos, Lederly Mendonça,  Jota A, Lex Franco, Gustavo Oliveira, Bira Dantas, Marcelo Rampazzo, Melo, Marcos Noel, Adriano Louzada, Moises Macedo, Max e Edra.
O livro poderá ser comprado pelo site da editora PoD no link abaixo:
Site de Léo Valença:

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