quinta-feira, 27 de outubro de 2011

As Origens do Superman - Parte 2 de 3

Por Rafael - Fanboy
A Terra 2
Superman da
Era de Ouro
Em 1960, acontece o encontro entre o Flash da Era de Prata (Barry Allen) e seu antecessor, o Flash da Era de Ouro (Jay Garrick). Nessa história foi criado o conceito da Terra 2, uma Terra paralela onde os heróis da Era de Ouro da DC viviam desde que surgiram nos anos 40.
A partir daí, os roteiristas do Superman viram a oportunidade de resgatar a versão original do personagem além de mostrar sua evolução através do tempo e, em 1966, em Justice League of America #73, surgia o Superman da Terra 2, ou melhor, ressurgia já que ele nada mais era do que o Superman criado em Action Comics #01.
Sua origem seguia a que foi apresentada em 1938 por Siegel e Shuster e com alguns elementos das origens da época. Seu nome era Kal-L, filho de Jor-L e Lora, que foi encontrado por John e Mary Kent. Após a morte de seus pais adotivos, o jovem Clark Kent decidiu assumir a identidade de Superman e se mudou para Metrópolis onde conseguiu emprego no jornal Estrela Diária conheceu seu editor, George Taylor e a repórter Lois Lane. Mais tarde, passa a fazer parte daSociedade da Justiça da América com quem luta contra os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Poderosa, prima do Superman da Terra 2
Mas o que diferenciava o Superman da Terra 2 com sua versão da Terra 1 era o fato de que na Terra 2 o tempo realmente passava para os heróis, e isso era acompanhado por mudanças significativas nas histórias. Ou seja, enquanto o Superman da Terra 1 mantinha-se praticamente intacto aos efeitos do tempo, na Terra 2 ele envelhecia e evoluía, desde 1938.
Isso possibilitou que os roteiristas trabalhassem mais livremente com o personagem, apresentando mudanças que a editora não permitia em sua versão oficial. Assim, Clark Kent deixava de ser repórter para se tornar editor do Estrela Diária em Superman Family #197, por exemplo. Mas a maior alteração mesmo era o fato de que Kal-L era casado com Lois Lane em sua Terra. O casamento foi apresentado para os leitores em 1978, na edição #484 de Action Comics.
Além dessas mudanças significativas que o distingüiam de sua versão da Terra 1, Kal-L também apresentou elementos inspirados na Era de Prata. Em 1976, surgia nas páginas de All Star Comics #58sua prima Kara, mais conhecida como Power Girl (Poderosa no Brasil), que era a versão da Supergirl da Terra 1 surgida em 1959. O Superman da Terra 2 também possuía um esconderijo no Ártico, inspirado na Fortaleza da Solidão (essa "protótipo" da Fortaleza já havia sido mencionada em histórias do Superman de 1942), e seu uniforme é referência do uniforme do herói nos anos 40.
Anos mais tarde, foram surgindo diversas outras Terras, o que deu início ao Multiverso DC. Leia aquiuma matéria do Fanboy sobre o Multiverso.
A Era de Bronze (1971-1986)
O período conhecido como Era de Bronze inicia-se com uma nova tentativa de reformulação do Superman pela DC Comics. Animados pela bem-sucedida reformulação do Batman pelas mãos deDenny O'Neil e Neal Adams, o então editor das revistas do Superman, Jullius Schwartz, convoca o mesmo O'Neil para dar uma revitalizada no Homem de Aço.
Superman julgado pelos guardiões de OA em "Must There be a Superman?"
O'Neil aceitou o desafio, mas sua reformulação seria diferente da que o herói sofreu nos anos 50, quando sua origem foi totalmente reformulada com a introdução do Superboy no passado do personagem. Assim como em Batman, o passado não seria alterado, mas uma mudança no status do personagem no presente é o que seria feito.
Assim, o Planeta Diário é comprado pelo milionário Morgan Edge, dono da rede WGBS, que tira Clark Kent do jornal e o coloca para apresentar um telejornal da emissora. Uma reação em cadeia devido a uma experiência dos Laboratórios Star transforma toda a kryptonita do planeta em ferro, acabando com o único elemento capaz de destruir o Homem de Aço. Em compensação, o mesmo experimento cria uma duplicata do Superman feita de areia que acaba pegando um terço do poder do herói, enfraquecendo-o.
Porém, a reformulação não cumpriu com as expectativas, e o período ficaria marcado realmente por um roteirista que estrearia em 1972, na edição #247 deSupermanEliot S! Maggin apresentava uma versão interessante e inovadora na época para o herói na história "Must There be a Superman?", onde questionava o papel do Superman no planeta. Até onde o herói deve ir para proteger a humanidade? Sua presença é realmente benéfica, ou ele impede a evolução do ser humano ao se intrometer nos assuntos da Terra? Afinal, deve realmente haver um Superman?
A resposta indicaria o caminho que os roteiristas seguiriam pelos próximos anos, não só por roteiristas da época como Cary Bates mas também, por Mario Puzo eRichard Donner em Superman - O Filme, de 1978: a de que a verdadeira função do Superman é a de guiar a humanidade pelo caminho certo, e não impor sua vontade ou carregá-la nas costas.
Action Comics #500
Com essa mudança simples de abordagem, as histórias ganharam um novo tom. A ingenuidade da Era de Prata continuava presente, a origem da Terra 1 permanecia a mesma (como visto em Action Comics #500 de 1979, talvez a versão mais completa da trajetória do personagem, desde Krypton, passando pela sua fase como Superboy, até as histórias mais recentes na época), mas tudo isso era trabalhado sob uma nova visão, deixando um pouco de lado a fantasia exagerada e focando mais o otimismo e os sentimentos de esperança e inspiração que o personagem representava.Superman #400 de 1984 é o maior retrato disso, com histórias que mostram como a marca do Superman inspirou pessoas durante os séculos, desde seus primórdios até o futuro mais longínquo.
Além do Superman, Luthor também era outro cuja versão de Maggin influenciou diversos roteiristas até os dias de hoje, como Mark WaidGrant Morrison Mark Millar. Não apenas um cientista maligno querendo dominar o mundo, mas um visionário, um homem brilhante e à frente de seu tempo, que se voltou para o crime apenas por não ter tido o reconhecimento que merecia. Alguém com potencial para se tornar o maior benfeitor que o mundo já conheceu, mas que usava todo o seu talento para destruir o Superman e forçar a humanidade a reconhecer o seu gênio. Maggin apresentou um Luthor extremamente humano em histórias como "The Luthor Nobody Knows" e "The Einstein Connection".
Algumas mudanças também ocorreram no universo do personagem. Em 1978, Lana Lang consegue um emprego na WGBS retornando para a vida de Clark, a cidade de Kandor finalmente é ampliada e os habitantes passam a viver num planeta desabitado em outra dimensão. Em 1983, Lex Luthor ganha uma armadura de combate que ficou famosa no clássico desenho dos Superamigos e Brainiac ganha um novo visual muito mais ameaçador do que antes.
Mas apesar de todas essas novas abordagens e visões sobre o conceito do personagem e de seu universo, alguns aspectos continuavam intocáveis como o fato do Superman jamais contar seu segredo para Lois Lane e assumir um relacionamento mais sério com a repórter. Tentativas de tornar o herói relevante de novo eram evidentes, mas o herói vinha perdendo força tanto nos quadrinhos quanto no cinema após o mau desempenho de Superman III. Tudo isso forçou a DC a tentar uma nova reformulação para colocar o herói em evidência novamente.
Mas dessa vez, seria uma reformulação radical, que mudaria tudo o que se conhecia do herói até então.
A Crise
Em 1985, a DC comemorava 50 anos e uma reformulação geral seria feita em seu universo. Inspirada na cronologia única da Marvel, a editora havia decidido unificar suas Terras (e isso significava o fim das Terras 1 e 2). Crise nas Infinitas Terras foi lançada como uma mini-série em 12 edições com o objetivo de limpar a cronologia do universo DC, unificar as Terras e reinterpretar seus heróis para os novos tempos.
Superboy Prime
Paralelamente a isso, surgia o último herói do multiverso e a última adição a mitologia do herói no período pré-crise. Surge em DC Comics Presents #87um novo Superboy vindo da Terra Primordial (Earth Prime). Antes da explosão do planeta Krypton, Jor-El envia seu filho para a Terra através de um raio de teleporte. A Terra Primordial era o equivalente a nossa Terra, onde os heróis eram apenas personagens de ficção. Assim, o bebê cai na Terra e é encontrado por um casal que o batizam de Clark. O jovem Clark Kent cresce sem suspeitar de sua origem, até que um dia se veste de Superboy para uma festa e descobre que pode voar e tinha todos os poderes do Superman dos quadrinhos. Ele se encontra com o Homem de Aço da Terra 1 e acaba ajudando os heróis durante a Crise após a destruição de sua Terra pela nuvem de Antimatéria do Antimonitor.
Terra 3, lar do Sindicato do Crime, também foi destruída, mas não sem antes seu único herói, Lex Luthor, numa clara menção à origem do Superman, enviar seu filho Alexpara o universo de Matéria Positiva da Terra 1, onde foi encontrado peloMonitor e pela Precursoradurante a Crise. A viagem pelas dimensões de matéria negativa e positiva acelerou o crescimento do garoto e lhe deram poderes especiais como os de abrir portais pelas dimensões do Multiverso.
Crise Nas Infinitas Terras
As mudanças no Superman foram significativas durante o evento. A começar, Kara Zor-El, a Supergirl, morreria na edição 5 da saga num dos momentos mais dramáticos da história do Homem de Aço e dos quadrinhos. A Terra 2 era apagada da existência após o confronto dos heróis com o Antimonitor na Aurora dos Tempos e do surgimento do novo universo unificado, deixando Kal-L sozinho, não só como último sobrevivente de Krypton, mas agora, como o último sobrevivente de todo o seu universo.
Ao fim da Crise, uma nova Terra foi criada, o Antimonitor foi destruído pelo Superman da Terra 2, que ao lado de Alex Luthor e Superboy Prime, tornavam-se os últimos sobreviventes do antigo Multiverso.
Os sobreviventes não tinham mais lugar na nova Terra. Alex Luthor revela a Kal-L que havia salvado sua Lois Lane da devastação, e os quatro puderam se refugiar numa outra dimensão onde viveriam eternamente como num paraíso, enquanto a nova Terra seguiria seu caminho. Um final mais do que merecido para o primeiro de todos os Super-Homens e sua esposa, assim como para o último representante do Multiverso DC, o Superboy Prime.
Ainda em 1986, após a Crise, Alan Moore escreveria a última história do Superman. Com a morte da Supergirl, o fim da Terra 2 e a nova reformulação a caminho, Moore escreve uma belíssima homenagem a quase 50 anos de histórias do personagem, encerrando de maneira primorosa a saga do maior herói de todos os tempos na história "Whathever Happened to the Man of Tomorrow?".
Era o fim do Superman como o conhecíamos durante décadas. E o começo de uma nova era para o personagem.

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