quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

História da Arte ganha cores e traços de quadrinhos

Graphic novels e HQs reúnem informação e entretenimento na tarefa de difundir a vida e obra de grandes artistas

A história de Van Gogh rendeu outros trabalhos em quadrinhos
A história de Van Gogh rendeu outros trabalhos em quadrinhos (Reprodução/Internet)
 
“A Provença deve ser um lugar lindo. Tenho certeza de que você vai se recuperar lá”, diz um esperançoso Theo van Gogh, que ouve como reposta do irmão Vincent, prestes a embarcar em um trem para a bucólica Arles, na França: “Acima de tudo preciso produzir muito”. O diálogo revelador é um dos primeiros da graphic novel “Vincent” (R$ 29,90), de Barbara Stok, que acaba de ganhar edição brasileira pela Editora L&PM.

A obra retrata os últimos anos da vida do pintor holandês Van Gogh, que se mudou para a pequena cidade francesa com o objetivo de fundar uma colônia de artistas. Porém a falta de dinheiro e de perspectivas para o futuro, além da culpa que sentia por ser sustentado pelo irmão, fez os tormentos psicológicos de Vincent se agravarem, culminando com o conhecido episódio em que o artista decepou parte da sua orelha direita.
São esses embates internos e acontecimentos da fase mais rica e revolucionária do gênio pós-impressionista que Stok retrata em quadrinhos de traços pop, singelos e coloridos. Barbara ainda incorpora ao livro trechos de cartas escritas ao irmão Theo e telas do próprio pintor, assim como seu processo criativo e suas ideias sobre pintura. Para chegar a isso, a ilustradora trabalhou por três anos com apoio do Museu Van Gogh, de Amsterdã.
Interesse
“Vincent” é um exemplo de como as histórias em quadrinhos podem levar novos e diferentes públicos a conhecerem um pouco mais de arte por meio da biografia dos seus grandes mestres. Para a professora doutora Luciane Páscoa, especialista em História da Arte, a experiência que une entretenimento e informação é mais do que válida.
“É uma ótima iniciativa para tentar atingir um público mais jovem porque torna o assunto mais acessível, ainda que na abordagem vida e obra. É uma forma até de sensibilizar os leitores de publicações do universo HQ para que eles possam vir a ter uma relação diferente com o museu e a História da Arte propriamente dita”, afirma.
Segundo a especialista, documentários e outros recursos que levem o público a buscar mais informações sobre a arte em geral são sempre importantes. “Muitos museus já adotam materiais como jogos interativos e CD-ROMs. Alguns também investem no que a gente chama de marketing da exposição, que consiste em oferecer suvenires relacionados à mostra”, aponta ela, lembrando de uma exposição sobre Monet em Nova York na qual o museu comercializou até mesmo sabonetes inspirados na obra do pintor francês.

Mais Van Gogh
A história de Van Gogh já rendeu outros trabalhos em quadrinhos. É o caso da obra do ilustrador Marc Verhaegen, que contou com pesquisa de Jan Kragt. Disponível em inglês e holandês, a publicação de 44 páginas é uma parceria entre a Fundação Eureducation e o Museu Van Gogh. O livro retrata cenários de várias cidades holandesas onde o pintor morou, além de Paris e de Borinage, na Bélgica.
De acordo com os autores, a escolha pelo formato HQ foi estratégica. “O público alvo do livro são crianças e adolescentes que se interessam muito mais por um assunto quando ele é contado de maneira divertida”, disse Verhaegen.
Já “Vincent & Van Gogh”, do sérvio Gradimir Smudja, revisita o universo impressionista por meio de imagens e um enredo fictício, com direito a aparição de outros mestres da pintura (e suas obras), como Monet, Toulouse-Lautrec, Degas e Gauguin.A obra parte da premissa que Van Gogh não foi o verdadeiro autor das pinturas atribuídas a ele. Elas seriam criações de um gato misterioso chamado Vincent, que o holandês teria resgatado certa noite em Arles.
“‘Vincent & Van Gogh’ permanecerá sempre único, justamente porque é daí que deverá partir a imaginação de meus leitores para formularem, à vontade, a sequência da história. Esse relato não tem limites e pode certamente emocionar a todos”, declarou o ilustrador.
Coleção dos mestres
Em 15 de abril de 1452 numa aldeia de Vinci, na Toscana, nascia um dos artistas mais célebres da História da Arte. Foram 67 anos dedicados não só às artes, mas também à investigação científica, à engenharia, à arquitetura e às invenções.
Sua história agora foi transportada para os quadrinhos no álbum biográfico “Leonardo da Vinci”, com roteiro de Mirella Spinelli e desenhos de Andréa Vilela. Este título nacional da Editora Nemo inaugura a coleção Mestres da Arte em Quadrinhos, que apresenta a obra e a vida de personagens de destaque na História da Arte.
A obra, narrada em primeira pessoa, percorre toda a trajetória de vida do artista, desde seu nascimento, seus primeiros anos de vida, sua carreira nas artes, até sua morte em 1519. Mergulhada no mundo das artes, esta HQ faz uma viagem no tempo, rememorando os grandes feitos de um artista até hoje exaltado. Ao final, o leitor encontra uma galeria com reproduções das principais obras presentes no álbum.

 

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