Por: Pedro de Luna
Kendi Sakamoto, 55 anos, nasceu no interior de SP. Mudou-se para a capital paulista em 1973, onde descobriu os gibis das décadas de 30, 40 e 50, o que aumentou sua paixão pelos quadrinhos. Hoje, o empresário de call Center guarda sua coleção de 70 mil exemplares numa chácara de 6 mil metros quadrados, numa area de 120 metros quadrados, construída para preservar esse verdadeiro patrimônio cultural. O JBlog Quadrinhos conversou com Kendi, um dos maiores colecionadores de HQs do Brasil.
JBlog >> Kendi, o que você acha do termo “Comic Hunter”? Você se considera um caçador de quadrinho?
O termo é relativamente novo no Brasil,e que atualmente há poucos, infelizmente. Quem viveu a era de ouro dos quadrinhos hoje esta com mais de 70 anos de idade, aposentado, dependendo do INSS, etc.... Nao tem infelizmente renda para comprar gibis antigos. Fiz o site cultural Gibi Raro para preservar a memoria dos quadrinhos publicados no Brasil e valorizar seus desenhistas, principalmente os desenhistas e editores nacionais do passado.
JBlog >> Em se tratando de coleção de HQs, nem sempre o mais antigo é o mais valioso, e sim o que tem mais procura. No seu caso, é o Mickey número 01, que vale R$ 2.000, correto? No entanto, analisando pelo lado afetivo, quais os gibis mais preciosos pra você?
Há outros gibis mais antigos, mais raros, como a Edição de São João do Gibi, da década de 40, que nem valor comercial tem, pois há apenas 4 exemplares no Brasil. Pelo lado afetivo, meus heróis são Tarzan, Reis do Faroeste, Bronco Piller, Fantasma, Mandrake, Cavaleiro Negro, etc..., que nem sempre tem valor comercial alto, pois há muitos exemplares ainda com os colecionadores e curiosos.
JBlog >> O desenhista, a história, a editora, tudo isso influencia no valor histórico de um quadrinho de colecionador? Cite alguns casos.
Sem duvida, o desenhista e a história têm que trabalhar numa ótima sintonia. Se for um herói que veio da TV ou do cinema, o desenhista pode caricaturar o personagem com o rosto a que estariamos acostumados, facilitando o entrosamento, o relacionamento e a emoção da proximidade. Já a editora, tanto faz, desde que ela prime pela qualidade.
No caso da EBAL, os quadrinhos em balão sempre foram feitos em maquinas de escrever, garantindo uma qualidade melhor que a dos concorrentes, que eram escritos a mão e nem sempre revisados, apresentando algumas vezes, erros de grafia.
JBlog >> Soube que existem dois homens em SP, Idalino Rodrigues dos Santos, de 58 anos, e Geraldo Cachola, de 73, que possuem respectivamente 100 e 200 mil gibis. Você os conhece?
Sim, eu os conheço, são ótimas pessoas, que conhecem muito o mundo maravilhoso dos quadrinhos, mas que se encaixam mais na condição de vendedores que de colecionadores. Um colecionador tem o seu lado afetivo com os seus heróis e dificilmente trabalha com vendas, no Maximo com trocas.
JBlog >> Existe uma competição entre colecionadores ou, pelo contrário, há uma irmandade onde um ajuda o outro?
Houve uma época de competição sadia e acirrada, pois quando alguém conseguia determinado exemplar que conseguia completar a coleção, era uma festa compartilhada com todos, pois a busca tinha terminado. Isso às vezes demorava muitos anos. Da minha parte, por exemplo, na coleção do Fantasma só faltava o numero 4. Demorei 6 anos para completar, pois alguns mercenários, sabendo da minha procura, vinham oferecer o exemplar, com valores 10 vezes maior do que valia. E nisso a paciência oriental me ajudou. Foram muitos anos de espera, paguei mais do que devia, mas completei a coleção.
Hoje, infelizmente os raros colecionadores ja completaram as suas coleções e não ha mais irmandade.
JBlog >> Kendi, o que você acha do termo “Comic Hunter”? Você se considera um caçador de quadrinho?
O termo é relativamente novo no Brasil,e que atualmente há poucos, infelizmente. Quem viveu a era de ouro dos quadrinhos hoje esta com mais de 70 anos de idade, aposentado, dependendo do INSS, etc.... Nao tem infelizmente renda para comprar gibis antigos. Fiz o site cultural Gibi Raro para preservar a memoria dos quadrinhos publicados no Brasil e valorizar seus desenhistas, principalmente os desenhistas e editores nacionais do passado.
JBlog >> Em se tratando de coleção de HQs, nem sempre o mais antigo é o mais valioso, e sim o que tem mais procura. No seu caso, é o Mickey número 01, que vale R$ 2.000, correto? No entanto, analisando pelo lado afetivo, quais os gibis mais preciosos pra você?
Há outros gibis mais antigos, mais raros, como a Edição de São João do Gibi, da década de 40, que nem valor comercial tem, pois há apenas 4 exemplares no Brasil. Pelo lado afetivo, meus heróis são Tarzan, Reis do Faroeste, Bronco Piller, Fantasma, Mandrake, Cavaleiro Negro, etc..., que nem sempre tem valor comercial alto, pois há muitos exemplares ainda com os colecionadores e curiosos.
JBlog >> O desenhista, a história, a editora, tudo isso influencia no valor histórico de um quadrinho de colecionador? Cite alguns casos.
Sem duvida, o desenhista e a história têm que trabalhar numa ótima sintonia. Se for um herói que veio da TV ou do cinema, o desenhista pode caricaturar o personagem com o rosto a que estariamos acostumados, facilitando o entrosamento, o relacionamento e a emoção da proximidade. Já a editora, tanto faz, desde que ela prime pela qualidade.
No caso da EBAL, os quadrinhos em balão sempre foram feitos em maquinas de escrever, garantindo uma qualidade melhor que a dos concorrentes, que eram escritos a mão e nem sempre revisados, apresentando algumas vezes, erros de grafia.
JBlog >> Soube que existem dois homens em SP, Idalino Rodrigues dos Santos, de 58 anos, e Geraldo Cachola, de 73, que possuem respectivamente 100 e 200 mil gibis. Você os conhece?
Sim, eu os conheço, são ótimas pessoas, que conhecem muito o mundo maravilhoso dos quadrinhos, mas que se encaixam mais na condição de vendedores que de colecionadores. Um colecionador tem o seu lado afetivo com os seus heróis e dificilmente trabalha com vendas, no Maximo com trocas.
JBlog >> Existe uma competição entre colecionadores ou, pelo contrário, há uma irmandade onde um ajuda o outro?
Houve uma época de competição sadia e acirrada, pois quando alguém conseguia determinado exemplar que conseguia completar a coleção, era uma festa compartilhada com todos, pois a busca tinha terminado. Isso às vezes demorava muitos anos. Da minha parte, por exemplo, na coleção do Fantasma só faltava o numero 4. Demorei 6 anos para completar, pois alguns mercenários, sabendo da minha procura, vinham oferecer o exemplar, com valores 10 vezes maior do que valia. E nisso a paciência oriental me ajudou. Foram muitos anos de espera, paguei mais do que devia, mas completei a coleção.
Hoje, infelizmente os raros colecionadores ja completaram as suas coleções e não ha mais irmandade.
JBlog >> Qual é a maneira correta de armazenar revistas em quadrinhos para proteger de traças, etc
É dificil, pois ha uma combinação de temperatura e umidade adequadas. Nem mais nem menos. As revistas devem ficar um exemplar com a lombada virada para o lado direito e o outro exemplar do lado esquerdo, para que a lombada não fique alta, permanecendo o gibi uniforme e melhor conservado.
Também não pode ficar no plástico totalmente fechado, pois ha necessidade de ventilação para o papel, a fim de se evitar fungos. Não pode ter luz excessiva, senão o papel fica quebradiço e amarelado.
Um dos componentes para se proteger de insetos e o acido bórico, mas atualmente estou colocando pimenta do reino em grão, debaixo das prateleiras. Há pessoas que dizem que o inseto sempre sai do chão para depois subir.
JBlog >> Além de HQs, o senhor coleciona também pôsteres, vídeos, bonecos ou materiais relacionados a quadrinhos?
Eu coleciono também pôsteres de filmes antigos de cinema. Tenho quase todos os de Tarzan publicados no Brasil, alem de épicos e filmes de faroeste. Tenho também uma boa coleção de lobby cards de vários gêneros, principalmente os ligados a quadrinhos. No que se refere a vídeo, tenho mais de 1000 DVDs, englobando os que saíram em quadrinhos.
JBlog >> Aos poucos os quadrinhos estão ganhando mais espaço no computador e no celular. Você lê HQ através destas mídias?
Eu aprecio os quadrinhos mais antigos. O herói do passado era mais integro, tinha a honra como virtude, não matava e levava o criminoso para ser julgado. Os heróis de hoje tem crise existencial e muitas vezes ficam contra a lei. Mas leio quando possível, pois tenho que estar sempre atualizado. Os quadrinhos atuais são magníficos, os desenhistas têm o auxilio do computador e o papel e de melhor qualidade que os de antigamente.
JBlog >> Há quem diga que os colecionadores é que sustentam o mercado de quadrinhos no Brasil. Você concorda?
Isso vale para todos os países. Se o herói não entrar no gosto popular, a tiragem diminui até ele desaparecer.
JBlog >> O que você achou da Turma da Mônica Jovem e da Luluzinha Teen?
Sinal dos tempos. Há mais de 40 anos, meu pai vinha algumas vezes a São Paulo e me comprava alguns mangás importados do Japão e me falava que um dia os gibis do Brasil seriam parecidos com os mangás.
Eu achava impossível, pois os heróis e modelos de formato americanos predominavam na sua totalidade e tinham o gosto popular. Mas temos que nos adaptar. Parabenizo o Mauricio de Sousa, pela atualização da tendência.
JBlog >> Kendi, o que o levou a fundar uma editora?
Sou um profissional da área de Call Center muito conhecido. Faço projetos no Brasil e em vários países, sobre capacitação, consultoria e estratégia em Call Center. Quando fui publicar o primeiro livro, Alice no País do Contact Center, fui a uma editora que colocou alguns obstáculos, principalmente de remuneracao baixa. Assim, montei a Editora Laços.
O livro vendeu 2.000 exemplares, é um sucesso na área de Call Center. Depois escrevi O Call Center do Dr. Hanz, no mesmo segmento, a seguir um livro sobre cinema chamado No Tempo das Matinês e O Mocinho do Brasil, escrito pelo excelente jornalista Gonçalo Junior. Foi o primeiro na área de quadrinhos, que continua um grande sucesso.
JBlog >> O livro do Tex foi o primeiro lançamento da Editora Laços?
Sim, é o primeiro na parte de Quadrinhos. Poucas pessoas sabem que o personagem Tex começou na década de 50 a ser publicado no Brasil, na revista Junior. Dessa forma, como o personagem é um sucesso de publico que dura 60 anos quase ininterruptos, optamos por colocar este titulo, seguido de A Historia de um Fenomeno Editorial chamado TEX.
JBlog >> O senhor publicou um site chamado Gibi Raro. No entanto já existe o Guia dos Quadrinhos que visa catalogar as produções. Qual a diferença de um site para o outro?
O site Gibi Raro não é comercial e tem o objetivo de preservar a memoria dos quadrinhos no Brasil, catalogando os gibis da década de 30 aos dias de hoje. Quem clicar em Zap e depois na letra O, e localizar O Lobinho, vai se maravilhar com as capas deste gibi da década de 40, que trouxe as primeiras capas do Batman, Superman e outros heróis dos quadrinhos. Da mema forma, vai poder ver na letra T, todos os gibis de Tarzan publicados no Brasil,etc...
Respeito o Guia dos Quadrinhos, que também tem uma função muito nobre.
JBlog >> Por fim, o senhor tem filhos e netos? Eles gostam de quadrinhos também? Acredita que os gibis em papel ainda tem uma vida longa?
Tenho os filhos Tavane e Richard. Anda não tenho netos, mas infelizmente eles gostam mais dos quadrinhos mais atuais. Tomara que o gibi em papel tenha vida longa. Mas como acompanhamos no mundo, mesmo a tiragem dos jornais esta diminuindo. A tendência no futuro será ler gibis virtuais.
PUBLICADO EM 17.11.10
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